O que dizem as pesquisas a uma semana das eleições nos EUA
27 de outubro de 2020
Biden tem clara vantagem nas sondagens nacionais e lidera as intenções de voto na maioria dos estados-chave para definir o pleito. Mas isso não significa que Trump não tem chance de se reeleger.
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Em sete dias, os eleitores dos Estados Unidos definirão quem comandará o país pelos próximos quatro anos. Sondagens nacionais apontam vantagem para o candidato democrata, Joe Biden, em relação ao presidente Donald Trump, mas isso não significa que a corrida está definida.
O ex-vice-presidente de Barack Obama têm estado à frente do candidato republicano à reeleição na maioria das pesquisas nacionais desde o início do ano, chegando a obter uma vantagem de 11 pontos percentuais em algumas ocasiões.
O site de análise política FiveThirtyEight, que avalia sondagens eleitorais e publica médias, mostra Biden com 52,1% da preferência do eleitorado nesta segunda-feira (26/10), o último dado disponível, enquanto Trump tem 43%.
Mas as pesquisas de opinião nacionais não são um bom indicador para prever o resultado da eleição, servindo mais para avaliar o clima entre os eleitores antes da votação.
Em 2016, por exemplo, a candidata democrata Hillary Clinton liderou as sondagens e obteve quase três milhões de votos a mais que Trump, mas mesmo assim perdeu o pleito. Isso porque as eleições presidenciais americanas não são decididas pelo voto popular, e sim pelo Colégio Eleitoral.
Cada estado possui um determinado número de delegados, mais ou menos de acordo com a sua população. A Califórnia tem o maior número de delegados (55), enquanto Delaware, por exemplo, tem apenas três. No total, são 538 delegados. Para ganhar as eleições presidenciais, é necessário obter a maioria no Colégio Eleitoral, ou seja, 270 votos.
A maioria dos estados usa o chamado sistema winner-takes-all (o vencedor leva tudo). Ou seja, quem vencer na Califórnia, por exemplo, fica com todos os 55 votos da Califórnia, mesmo que a vantagem sobre o outro candidato tenha sido de alguns décimos de pontos percentuais. Apenas dois estados não seguem essa lógica: Maine e Nebraska.
Portanto, para se ter uma previsão mais fiel da disputa à Casa Branca, recomenda-se analisar as pesquisas eleitorais nos estados. A maioria deles vota consistentemente em um ou outro partido. Enquanto Biden aparece com folga em estados com tendência histórica democrata, como Nova York e Califórnia, Trump tem vantagem em estados como Mississippi e Texas.
Mas também há aqueles considerados "estados-pêndulo", que não têm uma tendência definida. Na maior parte deles, Biden obtém vantagem nas pesquisas, embora com apenas cerca de um ponto percentual à frente de Trump em alguns casos, como Iowa e Carolina do Norte.
As sondagens nesses estados, considerados chave para a definição das eleições, apontam a liderança do democrata inclusive em regiões onde Trump venceu nas eleições de 2016.
Na média das pesquisas, Biden aparece à frente, por exemplo, nos estados de Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, com cerca de 50% das intenções voto, enquanto Trump não passa de 45%. O republicano precisou vencer nesses três estados para derrotar a democrata Hillary Clinton nas últimas eleições.
Em Iowa, por exemplo, onde Trump venceu a então candidata democrata por quase 10 pontos percentuais há quatro anos, Biden aparece à frente nas intenções atualmente.
Assim, levando em conta as pesquisas estaduais e tendências históricas, o site FiveThirtyEight afirma que Biden é o favorito para vencer a eleição em 3 de novembro. A equipe realizou 40 mil simulações eleitorais para prever o resultado do pleito, e, hoje, aponta que o democrata vence em 88 de cada 100 simulações. Já o republicano leva a disputa em 12 de cada 100.
Mas, levando em conta o complexo sistema eleitoral americano, margens de erro e possíveis falhas nas pesquisas podem não refletir a realidade na próxima terça-feira.
EK/ots
Que poderes tem o presidente americano?
Muitos pensam que quem chefia a Casa Branca tem a supremacia política mundial. Mas não é bem assim: os poderes do presidente dos Estados Unidos são limitados por instrumentos democráticos.
Foto: Klaus Aßmann
O que diz a Constituição
O presidente dos EUA é eleito por quatro anos, com direito a uma reeleição. Ele é, ao mesmo tempo, chefe de Estado e de governo. Cerca de quatro milhões de pessoas trabalham no Executivo americano, incluindo as Forças Armadas. É tarefa do presidente implementar as leis aprovadas pelo Congresso. Como o mais alto diplomata, ele pode receber embaixadores − e assim reconhecer outros Estados.
Foto: Klaus Aßmann
Controle entre os Poderes
Os Três Poderes se influenciam mutuamente, de forma que limitam o poder um do outro. O presidente pode conceder indultos a pessoas condenadas e nomear juízes federais − mas somente com a aprovação do Senado. O presidente também nomeia seus ministros e embaixadores − se aprovados pelo Senado. Esta é uma das formas de o Legislativo controlar o Executivo.
Foto: Klaus Aßmann
A importância do Estado da União
O presidente informa o Congresso sobre a situação do país no pronunciamento chamado Estado da União. Embora não esteja autorizado a apresentar propostas de leis ao Congresso, o presidente americano pode apresentar ali os temas que acha importantes e, assim, pressionar o Congresso a tomar atitudes. Mas não mais do que isso.
Foto: Klaus Aßmann
Ele pode dizer "não"
Quando o presidente devolve um projeto de lei ao Congresso sem sua assinatura, isso significa que ele o vetou. Esse veto só pode ser anulado pelo Congresso com uma maioria de dois terços em ambas as câmaras (Câmara dos Representantes e Senado). Segundo dados do Senado, em toda a história, dos pouco mais de 1.500 vetos, apenas 111 foram anulados, ou seja, 7%.
Foto: Klaus Aßmann
Pontos indefinidos
A Constituição e as decisões da Suprema Corte não explicitam claramente quanto poder o presidente tem. Um truque permite um segundo tipo de veto, o "veto de bolso". Sob certas circunstâncias, o presidente pode "embolsar" um projeto de lei e assim ele não terá validade. O Congresso não pode anular esse veto. O truque já foi usado mais de mil vezes.
Foto: Klaus Aßmann
Instruções com poder de lei
O presidente pode ordenar aos funcionários do governo que cumpram suas responsabilidades. Essas ordens, conhecidas como "executive orders", têm força de lei. Ninguém precisa ratificá-las. Mesmo assim, o presidente não pode fazer o que bem entender. Tribunais podem derrubar essas ordens ou o Congresso pode aprovar uma lei contra elas. Ou então o próximo presidente pode simplesmente revogá-las.
Foto: Klaus Aßmann
Pequena autonomia
O presidente pode negociar acordos com outros governos, mas no final eles têm que ser aprovados por uma maioria de dois terços pelo Senado. Para contornar isso, em vez de acordos, os presidentes usam "acordos executivos", são documentos governamentais que não requerem a aprovação do Congresso. Eles podem ser aplicados desde que o Congresso não se oponha ou aprove leis que invalidem o acordo.
Foto: Klaus Aßmann
Congresso pode intervir
O presidente é o comandante supremo das Forças Armadas, mas é o Congresso que pode declarar guerra. Não está definido até que ponto um presidente pode comandar soldados em um conflito armado sem aprovação prévia. Isso aconteceu na Guerra do Vietnã, quando o Congresso interveio por lei após achar que o presidente extrapolou sua competência.
Foto: Klaus Aßmann
Impeachment e rejeição do Orçamento
Se um presidente abusar de seu cargo ou cometer algum crime, a Câmara dos Representantes pode iniciar um processo de impeachment. Isso já aconteceu três vezes na história americana, mas sem sucesso. No entanto, existe uma ferramenta mais poderosa para tolher o presidente: por ser responsável pela aprovação do Orçamento público, o Congresso pode vetá-lo e, assim, paralisar o trabalho do governo.