O que esperar de Trump em relação à Coreia do Norte?
Esther Felden
17 de novembro de 2016
É difícil de prever como EUA vão se comportar em relação ao regime de Kim Jong-un quando magnata chegar à Casa Branca. Mas ele parece mais aberto a um contato direto com o regime de Pyongyang do que Obama.
Anúncio
Um líder americano será capaz de ter uma conversa direta com o ditador norte-coreano Kim Jong-un? Isso não deve ser um problema para Donald Trump. O presidente eleito dos EUA deixou isso claro durante a campanha em diversas ocasiões.
"Por que não? O que há de errado em falar?", disse Trump em maio de 2016, segundo a agência Reuters.
Trump disse que gostaria de dissuadir Kim a desistir das suas "maldita ogivas", ainda que as chances de sucesso fossem mínimas. O bilionário afirmou até que estaria disposto a receber o ditador norte-coreano em Washington.
"Eu não vou oferecer um jantar de gala pra ele. Vai ser a mesma coisa com os chineses e outros que tiraram vantagem de nós", disse Trump. Em vez disso, ele brincou que ofereceria hambúrgueres para os líderes comunistas durante conferências.
As declarações foram recebidas com críticas duras nos EUA, mas em Pyongyang o líder republicano foi enaltecido. A imprensa oficial da Coreia do Norte saudou Trump como um "político sábio".
Segundo Michael Madden, um acadêmico do Instituto EUA-Coreia da Escola de Estudos Internacionais da Universidade Johns Hopkins, os comentários de Trump sobre o isolado país comunista podem ser uma reviravolta nas relações bilaterais. "Só que num futuro imediato isso não parece um cenário realista", pondera.
Conversas congeladas
Trump parece mais aberto a um contato direto com a Coreia do Norte do que o presidente Barack Obama.
Em abril de 2009, o país comunista deixou unilateralmente as chamadas "conversas de seis lados", que incluíam Coreia do Sul, Rússia, China, Japão e Estados Unidos.
Desde então, conversas oficiais entre Pyongyang e Washington estão congeladas. Os EUA estão praticando uma espécie "paciência estratégica" ou, em outras palavras, uma "não interferência" na Coreia do Norte. Os EUA repetidamente pediram aos governantes norte-coreanos que promovam uma desnuclearização como pré-requisito para reiniciar as conversas diretas.
A insistência de Pyongyang em negociar sem pré-condições foi rejeitada até agora por Obama. O fato de a Coreia do Norte ter conduzido cinco dos seus seis testes nucleares durante o governo Obama foi explorado pelos republicanos nos EUA, que acusam o presidente de falta de uma abordagem mais enérgica na relação com país comunista.
"Ao menos que Trump transforme a relação com a Coreia do Norte em uma prioridade durante seus primeiros cem dias no poder, nós não devemos ver alguma grande alteração na política atual dos EUA em relação a Pyongyang", argumenta Madden.
Posição sul-coreana
É exatamente isso que a Coreia do Sul deseja: nenhuma mudança na política americana em relação à sua vizinha no norte.
Em sua mensagem de congratulações, a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, disse que Seul e Washington vão continuar a exercer pressão sobre o regime norte-coreano. De acordo com a imprensa sul-coreana, em uma conversa telefônica de dez minutos, Trump assegurou à Coreia do Sul de que a aliança entre os dois países vai continuar.
Contudo, parece que a Coreia do Sul está enfrentando dificuldades com os custos dos 28.500 soldados americanos baseados em seu território. Durante a campanha eleitoral, Trump disse repetidamente esperar que os aliados dos EUA na região ajudem a pagar parcialmente ou até mesmo integralmente os custos da proteção aos seus países.
Em uma entrevista à rede CNN em 6 de janeiro, logo depois do quarto teste nuclear norte-coreano, Trump descreveu a Coreia do Sul como um país que só deu alguns "trocados" para os EUA em troca da sua ajuda. Trump também reclamou da China na mesma entrevista.
"Os chineses afirmam que não têm controle sobre a Coreia do Norte. A China tem controle total, e sem apoio chinês, os norte-coreanos não teriam nem o que comer. A China precisa tomar alguma atitude para resolver esse problema", disse Trump
Os encantos secretos da Coreia do Norte
Natural de Cingapura, o fotógrafo Aram Pan percorreu durante vários dias o território da ditadura comunista na Ásia. Mas se recusou a abordar política: para ele o que contam são belezas naturais e arquitetônicas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Tranquila beleza de Pyongyang
O fotógrafo cingapurense Aram Pan viajou em 2013 à Coreia do Norte para realizar o projeto DPRK 360, em que buscou imortalizar o povo e a forma de vida desse hermético Estado asiático, expondo as imagens online. Esta foi tirada do Hotel Yanggakdo, onde Pan se hospedou durante sua estada na capital, Pyongyang.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Ao pé dos ídolos nacionais
O Grande Monumento Mansudae é um dos pontos turísticos mais visitados da capital norte-coreana. Turistas locais e internacionais costumam depositar flores aos pés das gigantescas estátuas dos líderes comunistas Kim Il-sung e Kim Jong-il, que se destacam em meio à esplanada extremamente bem cuidada.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Polícia robótica
Aram Pan conta que a policial da foto se manteve imóvel apenas os segundos necessários para registrá-la. Embora no país não circulem muitos automóveis, as cidades mantêm funcionários encarregados de manter a ordem no tráfego – para o que executam movimentos rítmicos, como robôs.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Metrô sob o signo do perigo
São 15h de um dia de agosto de 2013. Embora não seja horário de pico, o metrô da capital está abarrotado. As estações do meio de transporte urbano, que dispõe de duas linhas, foram construídas a vários metros de profundidade, a fim de resistirem a eventuais bombardeios.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
"Shiny happy people"
Cidadãos dançando felizes e despreocupados, numa ditadura comunista? Além de não interferir no que registra, Pan se recusa a discutir política. Ele pede aos que veem suas fotografias que não pensem nele, mas na gente e nas paisagens do país. "Ninguém viaja a um país para fotografar cárceres", argumenta, ao ser criticado por mostrar uma Coreia do Norte amável. A imagem foi feita perto de Wonsan.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sol, areia e mar
Na costa norte-coreana, não há diferença visível entre os divertimentos dos cidadãos nas praias e os de qualquer democracia do mundo. Eles jogam voleibol, brincam na areia, entram de boia na água. Não faltam chuveiros para tirar a areia antes da volta para casa. Em muitas fotografias de Pan veem-se rostos sorridentes.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Chove sobre a cidade
Dia de chuva em Wonsan, na costa leste. Aram Pan brinca, afirmando que as pessoas sabem mais sobre o cosmos do que sobre a Coreia do Norte. E acrescenta que deseja contribuir com seu pequeno grão de areia para que isso mude.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
De guarda-chuva no palácio
Estas graciosas meninas são alunas do Palácio de Crianças de Mangyongdae, uma escola perto de Pyongyang. Dança, música, interpretação teatral e desenho são algumas das disciplinas ensinadas na conceituada instituição pública.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Talento genuíno
O fotógrafo de Cingapura conta que esteve cinco minutos observando este garoto desenhar e pode atestar que seu talento é genuíno. Alguns visitantes da página do DPRK 360 no Facebook duvidam da autenticidade das fotografias, que poderiam ser encenadas ou seriam meras atuações para os turistas. Aram Pan assegura que não é o caso.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sensacional coordenação
O famoso Festival Arirang, de que participam até cem mil ginastas, é uma das maiores demonstrações de trabalho coordenado do mundo. A celebração iniciada em 2002, em honra do fundador da nação, Kim Il-sung, é outra das grandes atrações turísticas norte-coreanas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Expressão da normalidade
Perto de Kaesong, cidade famosa por dispor de fábricas de investidores sul-coreanos, Aram Pan viu esta senhora que passeava com uma menina. Ele diz que a imagem expressa exatamente o que desejava mostrar da Coreia do Norte: gente comum e normal.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maravilhas de natureza
Os arredores do monte Kumgang são muito frequentados pelos norte-coreanos, que lá vão para fazer piquenique enquanto admiram a paisagem. A região é umas das grandes apostas do regime: o país aspira transformar-se em polo turístico internacional, e maravilhas naturais como Kumgangsam deverão convencer até os mais céticos.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Vida noturna na capital
À noite, os moradores de Pyongyang tomam o bonde para voltar à casa. Aram Pan enfatiza a misteriosa beleza noturna da cidade, quando o silêncio toma conta dela e as luzes lhe conferem uma atmosfera inigualável.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maior que o de Paris
Construído em 1982 em homenagem ao 70º aniversário do líder Kim Il-sung, o Arco do Triunfo de Pyongyang é uma dezena de metros mais alto do que seu equivalente em Paris, em cuja arquitetura é baseado. Também aqui a escuridão do céu e a iluminação urbana criam um clima mágico.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Um mundo sem política?
Enquanto o sol se põe na capital, vê-se, em primeiro plano, a Torre Juche, enorme obelisco de 170 metros de altura também erguido em 1982 em honra de Kim Il-sung. O fotógrafo Aram Pan não quer saber de conflitos, ideologias ou violações dos direitos humanos: para ele o que conta são as belezas naturais e arquitetônicas da Coreia do Norte, as quais quer mostrar ao mundo em seu projeto DPRK 360.