O que esperar do novo ministro para a reconstrução do RS
15 de maio de 2024
Paulo Pimenta deixa temporariamente a Secom para assumir pasta criada para articular ações do governo após catástrofe no estado. Ele coordenará a colaboração com os demais ministérios, governo estadual e prefeituras.
Anúncio
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta, assumirá o cargo de ministro extraordinário para a reconstrução do Rio Grande do Sul.
Ele atuará na articulação dos esforços para recuperar os danos causados pelas enchentes históricas que devastaram o estado e mataram ao menos 149 pessoas, deixando mais de 617 mil desalojados.
O ministro extraordinário atuará como representante da Presidência da República no Rio Grande do Sul enquanto durar o estado de calamidade pública. Ele coordenará a estrutura administrativa das ações do governo federal e a colaboração com os demais ministérios, além de cuidar das relações com o governo estadual e as prefeituras.
A criação do Ministério extraordinário resulta de uma avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e membros de seu gabinete de que há falhas no gerenciamento da crise, com as ações do governo federal não obtendo o reconhecimento devido em razão de problemas na comunicação.
Lula no RS
A oficialização de Pimenta no cargo deve ocorrer nesta quarta-feira (15/05) durante a visita de Lula ao estado, quando serão informados os detalhes sobre o novo Ministério e novas medidas de apoio à população.
Entre as medidas a serem anunciadas estão um auxílio financeiro temporário às pessoas afetadas pelas enchentes e um voucher de R$ 5.000, que deverá ser pago em uma parcela, para ajudar as vítimas da catástrofe a a recuperar parte dos bens perdidos. O plano prevê a inclusão de 20 mil beneficiários do estado no programa Bolsa Família.
Segundo a programação oficial, Lula irá à cidade de São Leopoldo do Sul, acompanhado dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Anúncio
Atuação na Secom criticada
Paulo Pimenta é natural do Rio Grande do Sul e deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT), eleito pelo estado. Ele atua como secretário de Comunicação desde o início do terceiro mandato de Lula, em janeiro de 2023. Sua gestão já foi alvo de críticas por parte de ministros e do próprio presidente, que cobrou em uma reunião ministerial uma melhor divulgação das ações do governo federal.
Sua indicação para o Ministério extraordinário é analisada como uma forma de lhe dar mais visibilidade em seu estado, onde ele é já apontado como um pré-candidato ao governo. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, interlocutores no Palácio do Planalto preferiam a nomeação de um nome mais técnico para evitar possíveis atritos com o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB).
Leite disse que não foi comunicado ou consultado sobre a decisão de Lula de nomear Pimenta para a função. "Estou sabendo pela imprensa", disse Leite à Folha.
Com a saída temporária de Pimenta da Secom, o cargo de secretário será assumido de forma interina pelo jornalista Laércio Portela.
Suspensão da dívida do RS
Na segunda-feira, o governo federal anunciou a suspensão do pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União pelo período de três anos. Além disso, os juros que corrigem a dívida anualmente, em torno de 4%, serão perdoados pelo mesmo período. O texto segue agora para aprovação do Congresso.
Com a suspensão das parcelas, o estado disporá de R$ 11 bilhões a serem utilizados em ações de reconstrução. Se levados em conta os R$ 12 bilhões correspondentes aos juros da dívida nesse período – que não serão cobrados – o montante chega a R$ 23 bilhões
Dos 497 municípios gaúchos, 447 foram afetados pelas enchentes, sobretudo Porto Alegre e região metropolitana, Serra, os vales do Caí e do Taquari e a região Sul do estado.
rc (ots)
A maior enchente da história do Rio Grande do Sul
Fortes chuvas causam inundações em 80% do estado e deixam 90 mortos.
Foto: SILVIO AVILA/AFP/Getty Images
Tragédia sem igual no Rio Grande do Sul
As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul causaram inundações em 397 dos 497 municípios do estado e dezenas de mortes. No dia 7 de maio, o total confirmado era de 90 mortes, e havia 131 pessoas desaparecidas. Na foto, a cidade de Encantado, às margens do rio Taquari.
Foto: Diego Vara/REUTERS
Perdas totais para muitas pessoas
Muitas famílias perderam tudo o que tinham e tiveram que deixar suas residências, como estas pessoas em Encantado. São mais de 150 mil desalojados em casas de parentes e amigos e outras mais de 56 mil em abrigos.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Resgates em todo o estado
Muitos voluntários estão participando de resgates, como em Canoas. Na cidade da região metropolitana de Porto Alegre, também fortemente atingida pelas cheias, o prefeito disse que podem se passar até dois meses para que a água baixe.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Os pets não ficam para trás
Além de esforços para salvar pessoas, voluntários também se unem para resgatar animais de estimação que ficaram em áreas alagadas. Muitos estão agora em abrigos, aguardando serem identificados pelos tutores.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Porto Alegre sem acesso por ônibus e avião
Porto Alegre, que fica às margens do lago Guaíba, foi duramente atingida. Toda a região do centro histórico e as proximidades, a exemplo da estação rodoviária, foram inundadas. Como o aeroporto também ficou debaixo d'água, a capital gaúcha ficou sem acesso por ônibus ou avião.
Foto: DUDA FORTES/AGENCIA RBS/AFP/Getty Images
Centro de Porto Alegre inundado
O nível do Guaíba chegou a 5,33 metros, superando a marca histórica da cheia de 1941, de 4,76 metros. Muitos moradores do centro de Porto Alegre e bairros vizinhos, como Cidade Baixa e Menino Deus, ficaram isolados em seus apartamentos. Faltam luz e água potável. Botes e barcos são os melhores meios para deixar o local. Em alguns prédios, a água está quase no segundo andar.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Caminhar em ruas alagadas é arriscado
Alguns moradores aproveitam uma pausa nas precipitações para sair em busca de um lugar seco, possivelmente na casa de amigos ou parentes, e tentar salvar ao menos alguns pertences. Porém, caminhar nas ruas alagadas é arriscado, pois não há como saber o que há embaixo da água. Quem não tem para onde ir, se refugia em abrigos públicos.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Corrente do bem
Além das pessoas que estão ajudando voluntariamente nos resgates, muitas outras de todo o estado e de outras unidades da federação estão doando água, alimentos, roupas e material de higiene pessoal, entre outros produtos. Em Porto Alegre, 85% das pessoas estão sem água potável.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Rua virou rio
Em Canoas, várias ruas mais parecem rios. Segundo a prefeitura, pelo menos dois terços da cidade foram afetados pelas enchentes.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Casas submersas
Em algumas áreas da região metropolitana, como neste bairro de Canoas, as águas deixaram casas totalmente submersas.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Rio Taquari acima dos 30 metros
O rio Taquari, que passa por cidades como Lajeado, Estrela e Encantado, passou dos 30 metros e atingiu o maior nível já registrado. Autoridades pediram para as pessoas deixarem suas residências e não retornarem mesmo se o nível baixar, pois pode voltar a chover.
Foto: Diego Vara/REUTERS
Cobertos pela lama
Em Encantado, estes veículos foram levados pelas águas e ficaram cobertos de lama. A Confederação Nacional dos Municípios estimou que os prejuízos com as enchentes superam meio bilhão de reais.
Foto: Diego Vara/REUTERS
Lula foi ao Rio Grande do Sul
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao Rio Grande do Sul, junto com uma comitiva de 18 pessoas, para acompanhar os resgates e a prestação de assistência humanitária. No domingo (05/05), ele sobrevoou Porto Alegre ao lado do governador Eduardo Leite e dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados. Dias antes, ele havia estado em Santa Maria, também afetada pela enchente.
Esta é a quarta catástrofe ambiental em menos de 12 meses no Rio Grande do Sul. Em setembro de 2023, a mesma região do estado também foi duramente atingida pelas enchentes, com um total de 54 mortos.