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O que esperar do novo presidente da Argentina

Cristina Papaleo (jps)20 de novembro de 2015

Neste domingo os argentinos elegem seu novo presidente. Ambos os candidatos discordam em política externa e economia, mas têm pontos de vista semelhantes sobre estatizações e saúde. Brasil é aliado importante para ambos.

Daniel Scioli (esq.) e Maurício Macri em debate televisvoFoto: Getty Images/AFP/Juan Marbomata

A Argentina volta às urnas neste domingo (22/11) para eleger seu novo presidente em um segundo turno inédito. Os eleitores vão optar entre o candidato governista, Daniel Scioli, e o oposicionista, Maurício Macri. As últimas pesquisas apontam vantagem de até dez pontos percentuais de Macri, o que pode significar o fim da continuidade do kirchenerismo na presidência argentina.

Macri e Scioli são amigos de longa data, mas as diferenças entre os dois se acentuaram na campanha eleitoral. Scioli, de 58 anos, é identificado com o governo e acusa Macri de ser um "candidato do mercado". Já Macri, de 56 anos, nega ser liberal ou conservador, e afirma que os governistas estão apenas preocupados em manter seus privilégios no governo.

Saiba o que pretendem os candidatos, caso ganhem as eleições:

Economia

Scioli: Embora não tenha se pronunciado sobre um modelo econômico concreto, vem afirmando que pretende "dar continuidade às políticas sociais de redistribuição do governo. O candidato também fala em linhas gerais sobre programas para reduzir o trabalho não registrado, a fim de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. Defende a continuidade das estatizações realizadas em governos anteriores, como a da refinaria YPF e da Aerolíneas Argentinas. Também defende a manutenção dos subsídios à luz. gás e transporte, dizendo que pretende baixar a inflação "gradualmente", para não esfriar a economia, até chegar a um dígito em quatro anos. Afirma ainda que vai conceder liberdade para a compra de moeda estrangeira, mas que isso será feito "gradualmente".

Macri: Afirma que vai combater o emprego irregular, criar um programa de Primeiro Emprego para os jovens, e que é possível criar 1,5 milhão de novos postos de trabalho na Argentina. Macri, antes um opositor, agora também defende a manutenção das estatizações, mas pretende melhorar a eficiência das empresas. Sobre os subsídios, prevê que eles sejam extintos. Quanto à inflação, afirma ser possível baixar o índice para 10% em dois anos – mais rapidamente do que prevê Scioli. Sobre a compra de moeda estrangeira, o oposicionista disse seguidas vezes que ia acabar rapidamente com as restrições, mas recentemente passou a relativizar as declarações anteriores.

Corrupção

Macri: Propôs uma "lei de arrependimento" para combater a corrupção, dizendo que quer "fortalecer a autonomia e independência dos organismos de controle e fiscalização". Promete que vai "tirar a militância" dos postos da administração pública.

Scioli: Prometeu em linhas gerais "transparência em todos os atos do governo" e que "os órgãos de controle e gestão pública atuem conforme o que preveem suas normas".

Saúde

Macri: Ampliar o acesso aos serviços de saúde. Aumentar e melhorar o financiamento.

Scioli: Pretende descentralizar o sistema de saúde e consolidar os índices de saúde pública.

Justiça

Macri: Quer procurar reequilibrar a independência do Conselho da Magistratura, responsável por escolher e substituir os juízes no país.

Scioli:Elogia a reforma do Conselho da Magistratura da Argentina, que em 2013 foi reformado e passou a ser dominado por governistas. Disse que vai fortalecer seu funcionamento para "aproximar a Justiça das pessoas" e defende que o Judiciário atue em interrelação com os outros poderes.

Mídia

Macri: Classifica a Lei da Mídia de um "esforço incrivelmente estúpido" e "um instrumento de guerra usado com intento de controlar a mídia". Afirma que vai acabar com o 6,7,8 (programa governista da TV pública) e que o canal estatal tem que promover uma agenda cultural.

Scioli: Defende a Lei da Mídia kirchnerista, alegando que é constitucional.

Educação

Macri: Quer aprovar um projeto para criação de um instituto encarregado de avaliar periodicamente o desempenho dos professores e dos alunos.

Scioli: Vai universalizar a educação das crianças desde os três anos e estender a jornada de todas as escolas do ensino fundamental no país. Também promete que vai aumentar em 70% o orçamento para pesquisa e tecnologia.

Política exterior

Macri: Considera que a melhora das relações com a Europa e os Estados Unidos é algo prioritário. Defende que a Argentina deve rever acordos com a China e a Rússia e abandonar o "eixo bolivariano".

Scioli: Continua a apostar na integração latino-americana e no fortalecimento de órgãos como a Unasul.

Malvinas

Scioli: Continua a apostar na "soberania argentina" sobre as ilhas britânicas, e vai manter a Secretaria de Assuntos Relativos às Ilhas Malvinas.

Macri: Descongelar as relações com o Reino Unido, afetadas pela disputa em torno das Malvinas. Medidas prevista incluem extinção da Secretaria de Assuntos Relativos às Ilhas Malvinas.

Mercosul

Ambos os candidatos afirmam ser "pró-Mercosul" e defendem que a Argentina mantenha relações estreitas com o bloco. Macri, no entanto, afirma que, se eleito, pedirá para que o bloco apele contra a prisão do opositor venezuelano Leopoldo López, um assunto que não tem sido explorado pelos atuais governos do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

Brasil

Macri e Scioli afirmaram em suas campanhas que o Brasil continuará a ser o "principal aliado" da Argentina, e costumam dizer que seu país "é mais forte" quando está unido com a nação vizinha.

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