No Dia Mundial de Combate à Desertificação, a DW explica o que o termo realmente significa, por que isso é um problema em tantas partes do mundo e o que pode ser feito para revertê-lo.
Anúncio
O que é desertificação?
A Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) define o termo como "degradação do solo em regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, como resultado de diversos fatores, incluindo variações climáticas e atividades humanas". Ou seja, trata-se do processo de transformação de áreas secas em desertos. Considerando que mais de um quarto da população mundial vive em regiões secas, a desertificação tem um impacto significativo não apenas sobre a biodiversidade e sobre o clima, mas também sobre a estabilidade sócioeconômica.
O que causa a desertificação?
Apesar de desertos sempre terem aumentado ou diminuído com o tempo devido a fenômenos naturais como mudanças graduais no clima, a ação humana teve grande influência na dramática desertificação verificada hoje em muitas partes do mundo. Por exemplo, quando pessoas que vivem em áreas secas, às margens de desertos, esgotam a limitada vegetação para alimentar o gado e o fogo, elas interferem no delicado ecossistema local. Como consequência, áreas secas podem se tornar desertos. Mas essa definitivamente não é a única razão para a desertificação de muitos locais mundo afora. As mudanças climáticas alteraram os padrões climáticos e trouxeram consigo mais períodos de seca, que facilitam a propagação da aridez.
Quem é afetado pela desertificação?
A desertificação é um fenômeno que ocorre em todos os continentes, com exceção da Antártica. Os países em desenvolvimento abrigam 72% de todas as áreas secas do mundo, o que significa que 90% dos afetados vivem em regiões pobres. Nos países atingidos, as comunidades mais pobres estão entre os que mais sofrem, o que faz da desertificação um grande obstáculo ao desenvolvimento e à luta contra a pobreza extrema. A desertificação também pode afetar pessoas que vivem distantes de áreas secas ou desertos. Grandes nuvens de poeira, por exemplo, estão se tornando cada vez mais comuns. As que se originam na Mongólia – candidata à rápida desertificação – são conhecidas por chegarem até os EUA. Esse fenômeno pode ser fatal para quem tem problemas respiratórios e causar danos incalculáveis em locais distantes.
A desertificação é um fenômeno novo?
Os seres humanos vêm interferindo no meio ambiente há milhares de anos, e há indícios de que a desertificação causada pelo homem pode não ser um fenômeno totalmente novo. Pesquisas históricas sugerem que a má gestão de recursos naturais pode ter impactado significativamente civilizações antigas, como a romana e a grega, ao secar terras que antes floresciam. Mesmo que isso seja verdade – e há controvérsia –, os efeitos provavelmente não foram tão generalizados como são hoje.
O que pode ser feito para combater a desertificação?
Dizem que prevenir é melhor que remediar. O provérbio se aplica à desertificação. Prevenir também sai mais barato. Um passo importante é limitar a chance de erosão ao assegurar que a vegetação não desapareça. Uma forma de atingir tal objetivo é alternar o uso da terra entre cultivo e pastagem, ao invés de restringir a um ou outro. Se feito da maneira correta, isso alivia o solo e mantém o ciclo natural de nutrientes. Também é importante gerir os recursos de terra e água juntos, para evitar a erosão e a salinização.
Natureza extrema
Do árido deserto do Atacama até a aldeia mais chuvosa do mundo, na Índia, do pico mais alto à profundeza mais obscura: a Terra guarda recantos extremos surpreendentes.
Foto: gemeinfrei
O local mais frio: Plateau da Antártica Oriental
Aqui nunca faz um "friozinho". Numa noite de inverno realmente fria, as temperaturas podem baixar para até 92 graus negativos. Mas essa situação pode mudar em breve: pesquisadores norte-americanos registraram recentemente o maior nível mensal de CO2 na atmosfera desde o início das medições. Mesmo assim, dificilmente o lugar se tornará mais acolhedor.
Foto: EPA/YONHAP NEWS AGENCY
O local mais quente: Vale da Morte, EUA
O calor opressivo do Parque Nacional do Vale da Morte, no estado da Califórnia, pode ser demais até para aqueles que curtem um bom banho de sol. A temperatura máxima registrada aqui foi de 56,67 graus Celsius, em 10 de julho de 1913, em Greenland Ranch. Aqui, passar os dias de verão sob o sol sempre foi algo impensável.
Foto: gemeinfrei
O ponto mais alto: Monte Everest, Nepal
O pico mais alto do mundo, com 8.848 metros, é o Monte Everest, no Himalaia. O alpinista neozelandês Edmund Hillary e o indiano Tenzin Norgay foram os primeiros vitoriosos a chegarem ao cume, em 29 de maio de 1953. As recentes avalanches no Everest, causadas pelo terremoto de 25 de abril no Nepal, mataram ao menos 18 pessoas. Um triste fim para a temporada de escaladas.
Foto: Getty Images/P. Bronstein
O ponto mais profundo: Depressão Challenger
Para atingir o ponto mais profundo da Terra é preciso estar a bordo de um submarino. A Depressão Challenger está situada a 11 quilômetros de profundidade na Fossa das Marianas, a sudoeste da ilha de Guam, no Oceano Pacífico. Até hoje, apenas três pessoas alcançaram essa profundeza. Uma delas foi o cineasta James Cameron, que usou este submarino em 2012.
Foto: REUTERS
O local mais seco: Deserto do Atacama, Chile
Se você vive num lugar úmido ou está cansado de chuva e garoa, vá para o deserto do Atacama, no Chile, simplesmente o lugar mais árido e seco do mundo. Em sua região central há lugares onde nunca caiu uma gota de chuva sequer – pelo menos desde o início das medições.
A população do estado de Meghalaya, no nordeste da Índia, na fronteira com Bangladesh, certamente não se importaria em repassar alguns litros de chuva para o Atacama. Com uma precipitação anual de 11.873 milímetros (ou seja, 11,86 metros!), a aldeia Mawsynram é o lugar mais úmido do planeta. A título de comparação, a precipitação média anual em Londres é de 650 milímetros.
Foto: BIJU BORO/AFP/Getty Images
O lugar mais populoso: Xangai, China
Na cidade chinesa de Xangai moram 24,15 milhões de pessoas – isso é mais do que as populações do Paraná e do Rio Grande do Sul somadas. Devido ao número elevado de habitantes, a cidade sofre com a crescente deterioração da qualidade do ar. O aumento das emissões de automóveis e um número crescente de projetos de construção são responsáveis pela poluição atmosférica em Xangai.
Foto: Imago
O lago mais alto: Titicaca
O Lago Titicaca fica 3.810 metros acima do nível do mar e é o lago navegável mais elevado do mundo. Mas isso não é tudo: o lago situado na fronteira entre o Peru e a Bolívia é o maior da América do Sul em volume de água. Particularmente interessantes são as ilhas flutuantes dos uros, construídas pelos nativos com totora, uma espécie de junco do Titicaca.