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O que fazer se a gripe aviária chegar à UE?

(os / as)18 de janeiro de 2006

O aumento do número de casos na Turquia alarma a população e as autoridades da União Européia. Alemães se perguntam se o país está preparado para detectar e combater a doença.

Cresce o temor de que doença atinja criações de frango na AlemanhaFoto: AP

O perigo de que casos da gripe aviária surjam na Alemanha cresceu, segundo avaliação do ministro alemão da Agricultura e Defesa do Consumidor, Horst Seehofer, feita nesta quarta-feira (18/01) no Bundestag (Parlamento alemão). "O grande número de novos casos na Turquia também elevou o perigo entre nós", afirmou. O governo alemão, assegurou Seehofer, está fazendo o possível para prevenir os perigos relacionados à doença.

Na luta contra o temido vírus H5N1, Seehofer defendeu a ação conjunta dos países-membros da União Européia (UE). "Nenhum país deste planeta pode combater sozinho esta grave epidemia animal", afirmou. Até 2008, o governo alemão disponibilizará pelo menos 26 milhões de euros para o combate à doença.

Seehofer avalia que perigo aumentouFoto: dpa

O Conselho Agrário da UE deverá decidir na próxima semana sobre a obrigatoriedade de viajantes declararem que não estão transportando carne de frango proibida. Somente em dezembro, mais de 600 passageiros foram flagrados transportando carne de aves no Aeroporto Internacional de Frankfurt.

Em Pequim, o Fórum de Doadores reuniu, nesta quarta-feira (18/01), 1,9 bilhão de dólares para combater a doença. A verba superou as expectativas do coordenador da ONU para a gripe aviária, David Nabarro. A União Européia colaborou com 260 milhões de dólares, atrás apenas dos Estados Unidos, que doaram 334 milhões de dólares.

O próximo passo é o financiamento de programas de ajuda nos países atingidos pelo vírus. Entre eles estão a China, onde seis pessoam já morreram, e a Turquia, onde quatro crianças faleceram devido ao temido vírus H5N1. Na Alemanha, houve a suspeita de um caso em Colônia, depois desmentido – a vítima sofria de bronquite.

A seguir, as respostas para as perguntas mais comuns dos alemães sobre o tema.

O vírus chegará à Europa Central?

Ninguém sabe ao certo. No último dia 14, parecia que sim, e logo num dos mais burocráticos países da Europa. Um jornalista retornando da Turquia, com passagem por Bruxelas, foi internado em Colônia com sintomas de gripe – um alarme falso, como se verificou depois. Um dia depois surgiu a suspeita de que se trataria do primeiro caso de gripe aviária num ser humano na Alemanha, o que também não se confirmou. A causa dos sintomas detectados não era o H5N1, mas bronquite. O enfermo estava extremamente resfriado, como informou o Hospital São Francisco, de Colônia.

Toda essa agitação por nada?

Não, bem ao contrário, afirma o virólogo Werner Lange, ex-diretor do Departamento de Gripe do Instituto Robert Koch em Berlim. Ele vê um sinal positivo no que está acontecendo. "O fato de os médicos estarem imediatamente testando se o pacientes estão infectados pelo H5N1 me deixa otimista." Segundo ele, isso mostra que existe vigilância e que há planos para combater uma possível epidemia na Europa Central.

O que aconteceria se surgissem casos de pessoas infectadas pelo vírus?

Não haveria perigo para as demais pessoas. Pelo que se sabe até agora, o vírus não se transmite de uma pessoa para a outra. "Decisivo é que haja uma suspeita inicial", afirma Lange. Ou seja, que o médico em questão pense em verificar se o paciente, que acabou de chegar da Turquia, por exemplo, não está contaminado.

Meninos turcos depenam galinhas: quatro crianças já morreram no paísFoto: dpa

Depois, tudo corre conforme o planejado no plano nacional de combate à epidemia da gripe, desenvolvido pelo Instituto Robert Koch segundo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Logo após o diagnóstico inicial, o paciente é isolado na UTI de um hospital – por segurança, já que não é totalmente descartada a hipótese de que o vírus possa "aprender" a se transmitir de uma pessoa para outra.

Testes de laboratório esclarecem qual o tipo do vírus que infectou o paciente. Ao mesmo tempo, pessoas próximas ao enfermo também são testadas. Até agora, isso funcionou bem. Segundo Lange, no caso de Colônia logo foi obtida uma lista de passageiros que voaram com o jornalista alemão. Se a doença for identificada cedo, as chances de cura são muito boas.

A comprovação da doença deve ser informada às autoridades, segundo a lei alemã. A comissão nacional de combate a epidemias passaria a coordenar as medidas: na Alemanha, ela envolveria a ação da OMS, do governo federal, dos Estados, de entidades de combate a catástrofes, entre outros. Seis níveis de alerta informam sobre o grau de perigo. A Alemanha está em nível de alerta três.

Qual a probabilidade de o vírus se espalhar entre as criações de frango da Europa Central?

O Instituto Friedrich Löffler é o equivalente ao Instituto Robert Koch para a medicina veterinária. Num amplo estudo divulgado em 11 de janeiro, os cientistas avaliaram como sendo alta a possibilidade de que o vírus seja trazido por meio de importações ilegais de carne de frango de regiões atingidas na Romênia e na Turquia.

Para a porta-voz do Instituto Friedrich Löffler, Elke Reinking, a União Européia está preparada para o caso de ocorrer uma epidemia entre as criações de frango da Alemanha. Segundo ela, o conjunto de medidas da UE para combater pestes aviárias foi sendo desenvolvido ao longo dos anos.

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