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O que o frio extremo faz com nosso corpo

Gudrun Heise
10 de janeiro de 2024

Uma queda de 2º C na temperatura do organismo já é o suficiente para provocar um quadro de hipotermia. Onda gelada que varreu países ao norte do globo no início de 2024 pede prudência.

Estrada cercada de árvores em paisagem completamente coberta de gelo na Suécia
-40º C: Há 25 anos que não fazia tanto frio na Suécia como nos primeiros dias de 2024Foto: Emma-Sofia Olsson/TT News Agency/AP/picture alliance

A temperatura ideal para o corpo humano varia entre 36,5º C e 37º C. É quando o organismo funciona melhor: nosso metabolismo e todos os nossos órgãos dependem disso, e é por isso que o corpo faz de tudo para mantê-la nesse patamar.

Mas há um limite: ao redor do mundo, mais de 5 milhões de pessoas morrem todos os anos por calor ou frio excessivo.

O metabolismo regula a temperatura do corpo

Receptores permitem ao nosso corpo saber se estamos com a temperatura certa: se ela diminui demais, nosso organismo tenta ativar o metabolismo como mecanismo de compensação.

O metabolismo nos dá os nutrientes necessários. É ele que processa nossos alimentos, transformando-os no combustível que nos manterá em funcionamento. Também aquece nosso corpo por meio da geração de energia, regulando nossa temperatura – a circulação sanguínea desempenha um papel importante nesse processo.

Quando sentimos frio, nossas veias se contraem, e o resultado é que menos sangue circula pelo corpo. Com isso, as células nos diferentes tecidos que dependem dessa irrigação ressecam, causando dor: primeiro nos dedos dos pés e da mão, no nariz e nas orelhas. Se a temperatura do corpo continuar caindo, o coração, o pulmão e o cérebro são os próximos a serem afetados, deixando de funcionar plenamente.

Se o corpo resfriar 2º C, vem a hipotermia. A partir daí, nosso corpo começa a trabalhar de forma mais intensa para se proteger, ativando os músculos e fazendo-nos tremer dos pés à cabeça.

Não tremer não é um bom sinal

O corpo deixa de tremer aos 32º C de temperatura corporal. Mas isso, longe de ser um bom sinal, é um indicador de que já não há mais energia – nem mesmo para tremer. O cérebro e as extremidades nervosas deixam de transmitir sinais, e surge a sensação de dormência nos braços e pernas.

Nesta fase, a dor diminui, mas já quase não é possível se mexer ou falar. Os pensamentos se anuviam, a confusão é total e a desorientação, cada vez maior. O corpo entra em modo de economia de energia e ativa seu programa de emergência. No entanto, isso também deixa de funcionar em algum momento.

O que pode ajudar em caso de hipotermia?

Em temperaturas extremas, devemos proteger nosso corpo da melhor forma possível, a começar por roupas quentes – o que inclui toucas, luvas, cachecóis e meias grossas. Se sabemos que estaremos expostos por um longo período ao frio intenso, o aconselhável é levar consigo um kit de emergência – composto, basicamente, de uma manta térmica de emergência e aquecedores de bolso, para manter as mãos e os dedos aquecidos.

No início de janeiro, por exemplo, Suécia e Finlândia registram temperaturas de -40º C.

Manta térmica pode salvar vidas em casos de hipotermiaFoto: STR/CNS/AFP

Um sinal de hipotermia é a sensação de dormência e formigamento, principalmente no nariz, nas orelhas e nos dedos das mãos e dos pés. Tentar aquecer essas partes do corpo com uma bolsa de água quente não é uma boa ideia – o choque de temperatura pode danificar os vasos sanguíneos resfriados. Em vez disso, o melhor é usar água morna para descongelar os dedos e os dedos dos pés lentamente.

Quem acha que pode manter-se aquecido com um pouco de bebida alcoólica está enganado. A princípio, pode parecer que o álcool gera um calor agradável de dentro para fora. No entanto, ele dilata os vasos sanguíneos. Por outro lado, o frio os estreita para minimizar a perda de calor. Isso pode levar a uma avaliação incorreta da situação. A pele pode parecer quente, mas o corpo está congelando, algo que talvez demoremos a perceber.

Congelar dói?

Quando a temperatura corporal cai abaixo de 29,5º C, o córtex cerebral para de funcionar, levando à perda de consciência. O coração trabalha menos: em vez de 60 vezes por minuto, ele bate apenas uma ou duas vezes. O sangue não pode mais ser bombeado rapidamente pelo corpo, e a morte pelo frio é praticamente certa. Se esta é uma morte "suave", contudo, isso é algo sobre o qual não há consenso científico.

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