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O que realmente aconteceu com os invasores do Capitólio?

05:25

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12 de janeiro de 2023

Em 6 de janeiro de 2021, uma horda de apoiadores do então presidente Donald Trump invadiu o Congresso americano. Era uma tentativa de impedir que os legisladores certificassem a vitória do presidente eleito, Joe Biden. Um ato de terrorismo interno, segundo o FBI. Uma tentativa de golpe de Estado, segundo muitos especialistas. Mas o que aconteceu com os invasores do Capitólio depois disso?

Em 6 de janeiro de 2021, uma horda de apoiadores do então presidente Donald Trump invadiu o Congresso americano. Era uma tentativa de impedir que os legisladores certificassem a vitória do presidente eleito, Joe Biden. Um ato de terrorismo interno, segundo o FBI. Uma tentativa de golpe de Estado, segundo muitos especialistas. Mas o que aconteceu com os invasores do Capitólio depois disso?

Primeiro, vamos relembrar um pouco o que aconteceu: nos dias 5 e 6 de janeiro, milhares de apoiadores do Trump se reuniram em Washington para defender uma mentira espalhada por ele: a de que a eleição havia sido roubada pelos democratas. E parte deles tentou levar essa suposição às últimas consequências.

Trump estava em Washington em 6 de janeiro. Ele participou de um comício no qual não só repetiu as mentiras sobre a eleição roubada como também incitou os apoiadores dele a "lutarem" para "defender o país".

Depois do discurso, milhares deles foram até o Capitólio, prédio que abriga o Congresso. Eles não só depredaram prédio, como agrediram policiais e jornalistas e foram atrás de congressistas com a intenção de linchá-los. O principal alvo da horda era o vice-presidente Mike Pence, que presidia o Senado.

Horas antes, Trump havia apelado a Pence para que ele impedisse a posse de Biden, o que não estava de fato dentro dos poderes do vice-presidente. Trump escreveu no Twitter que Pence não teve "a coragem de fazer o que tem de ser feito". Seguidores de Trump defenderam que Pence fosse caçado, e a horda de invasores passou a gritar "enforquem Mike Pence". O assalto de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio não tem precedentes na história dos Estados Unidos.

Entre os participantes do ataque estão alguns dos principais grupos de apoiadores de Trump: membros do Partido Republicano, militantes de extrema direita, supremacistas brancos e evangélicos pentecostais. A milícia de extrema direita Proud Boys desempenhou um papel fundamental no planejamento e execução do ataque. Mas outras milícias participaram também. E isso tudo gerou a maior investigação da história do Departamento de Justiça americano.

Mais de 950 pessoas foram acusadas formalmente de participação no ataque e detidas, segundo balanço do Departamento de Justiça. Delas, 484 admitiram culpa e iniciaram acordo judiciais. Mais de 350 foram sentenciadas, e quase 200 receberam penas de prisão. A idade média dos acusados é de 39 anos, e mais de 86% são homens. A maioria é dos estados do Texas, Flórida, Pensilvânia, Nova York e Califórnia, segundo levantamento da Universidade George Washington.

E a investigação está longe do fim. Centenas de pessoas ainda poderão vir a ser acusadas. Isso porque os promotores disseram que cerca de duas mil pessoas participaram do ataque ao Capitólio e ao menos 350 criminosos ainda não foram identificados. Os crimes apontados pelos investigadores são variados.

A maioria dos acusados até aqui cometeu delitos menores, como entrar em local proibido. Nesses casos a sentença máxima é de seis meses de prisão. O que significa que muitos passaram apenas algumas semanas na cadeia ou até mesmo nem foram presos. As sentenças mais leves foram as primeiras a serem conhecidas. Nos casos mais graves, as sentenças ainda não foram determinadas.

O crime mais grave nas acusações é conspiração para sedição, ou conspirar para derrubar o governo. Dezoito pessoas foram acusadas disso, 11 delas da milícia extremista Oath Keepers e outros sete membros dos Proud Boys. Entre os condenados por esse crime estão Stewart Rhodes, o fundador da Oath Keepers. Ele pode receber sentença de até 20 anos, considerando todos os crimes de que é acusado.

John Schaffer, outro fundador dessa milícia, optou por um acordo judicial e pode receber pena de prisão de até 30 anos. Mais de 280 pessoas foram acusadas de atacar um policial ou de resistir à prisão. Cem delas enfrentam acusações adicionais de uso de armas mortais ou perigosas.

Cinco dos acusados de atacar policiais são membros do grupo nacionalista branco America First. Um outro, o policial aposentado de Nova York Thomas Webster, recebeu a pena mais alta até o momento: dez anos de prisão, por agredir um policial com a haste de uma bandeira. Quatro outros agressores de policiais receberam penas de sete anos de cadeia.

Mais de 295 invasores foram acusados de obstruir um procedimento oficial no Congresso, uma acusação pouco comum nos Estados Unidos. Entre os que foram condenados está um que ficou conhecido por causa de uma imagem que rodou o mundo: Jacob Chansley, o Xamã da QAnon, foi sentenciado a 3 anos e 5 meses de detenção.

Na invasão, ele vestia uma espécie de cocar com pêlos de um animal e chifres de búfalo, estava sem camisa e com o rosto pintado de azul, vermelho e branco. Chansley é um adepto e promotor da teoria da conspiração QAnon, que afirma que Trump luta contra uma conspiração de democratas pedófilos e adoradores do demônio.

Mas e Donald Trump? Um comitê da Câmara dos Representantes para investigar o ataque foi formado, e encerrou os trabalhos em dezembro de 2022. O comitê concluiu que Trump desempenhou um papel central na insurreição e que nenhum dos acontecimentos do dia teria ocorrido sem ele.

O Trump foi acusado no relatório final de incitar à uma insurreição e de conspirar contra os Estados Unidos ao encorajar apoiadores a tentar "reverter" o resultado da eleição de 2020. Por isso, o comitê recomendou que Trump seja proibido de voltar a ocupar cargos públicos e que o Departamento de Justiça o processe criminalmente. É a primeira vez que o Congresso agiu dessa maneira contra um ex-presidente dos Estados Unidos.

Outra questão é quem financiou isso tudo. Mas, neste ponto, uma condenação ainda parece distante.

A organização de transparência na política Open Secrets afirmou, em junho de 2022, que comitês do Partido Republicano e a campanha de Trump pagaram mais de 12,6 milhões de dólares para pessoas e empresas que organizaram o comício de 6 de janeiro.

A organização observou que não é possível, porém, determinar a quantia total paga pela campanha de Trump a organizadores ao longo da campanha eleitoral de 2020 e depois da eleição. O comitê da Casa dos Representantes divulgou ter encontrado evidências de que doadores da campanha eleitoral não conheciam o real destino do dinheiro doado.

Isso porque a equipe de Trump pediu doações para um suposto Fundo de Defesa da Eleição. O comitê afirmou não ter encontrado evidências de que esse fundo existiu.

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