BA.2 já foi detectada em mais de 40 países. A rápida disseminação do novo subtipo sugere que ele possa ser ainda mais contagioso que a primeira variante ômicron.
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Já é conhecido que a primeira variante ômicron, a BA.1, é significativamente mais contagiosa que as cepas anteriores do coronavírus. Agora chega o subtipo BA.2. Pelo menos 400 indivíduos foram infectados com ele no Reino Unido nos primeiros dez dias de janeiro, e já foi detectado em mais de 40 países em todo o mundo.
O diretório Pango de coronavírus lista a Dinamarca como a área mais afetada, com 79% dos casos detectados até agora. Só então seguem a Reino Unido (6%), Índia (5%), Suécia (2%) e Cingapura (2%). No entanto, nota-se que a detecção do subtipo depende da capacidade de cada sistema de saúde de sequenciar os testes de PCR.
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Dúvidas sobre perigo da ômicron BA.2
A rápida disseminação do novo subtipo sugere que ele pode ser ainda mais contagioso do que a primeira variante ômicron. A autoridade de saúde britânica UK Health Security Agency (UKHSA) classificou a BA.2 como uma "variante sob observação".
"É da natureza dos vírus eles se multiplicarem e sofrerem mutações ao fazê-lo", diz Meera Chand, diretora na UKHSA. “Nesse sentido, pode-se esperar que continuemos vendo novas variantes enquanto a pandemia continuar”. Ela acrescenta que, como as autoridades de saúde estão sempre examinando aleatoriamente o genoma dos vírus, é possível identificá-los rapidamente e avaliar se as mutações são perigosas.
Para o subtipo BA.2, no entanto, esta análise está em andamento. "Ainda não há evidências suficientes para dizer que BA.2 causa progressão da doença mais grave do que a BA.1", informa Chand.
Vacinação continua importante
O ministro da Saúde britânico, Sajid Javid, acrescenta que o surgimento da nova variante mostra como a vacinação ainda é importante. "Encorajo [todos] a se protegerem a si e aos mais próximos e a tomarem uma dose de reforço agora."
O epidemiologista francês Antoine Flahault disse à agência de notícias francesa AFP: "O que nos surpreendeu é a velocidade com que essa subvariante, que circula amplamente na Ásia, se espalhou na Dinamarca".
No entanto, as infecções com o subtipo BA.2 até agora não foram mais graves do que as com o subtipo BA.1. O ministro da Saúde francês, Olivier Véran, também disse à agência de notícias AFP que está tranquilo com relação à nova variante: "O que sabemos no momento é que BA.2 corresponde mais ou menos às propriedades que conhecemos da ômicron."
Recombinação de delta com ômicron?
O virologista alemão Christian Drosten, do Hospital Universitário Charité, de Berlim, enfatizou à emissora de rádio Deutschlandfunk que a combinação de uma das duas variantes da ômicron com a delta também poderia fazer surgir um vírus mais perigoso. A ômicron tem certas mutações na proteína de superfície, a spike, com que consegue contornar mais facilmente o sistema imunológico humano.
Ele alerta que essa propriedade pode se tornar particularmente perigosa através de uma recombinação que "tenha a proteína spike do vírus ômicron, para continuar a desfrutar dessa vantagem imunológica, mas possua o restante do genoma do vírus delta". Dessa forma, as características mais fortes de ambas as variantes poderiam se unir. “Algo assim já existe, já foi descrito, no momento podemos temer que volte a acontecer.”
Recentemente, um pesquisador em Chipre relatou sobre uma nova variante do coronavírus que poderia ser uma recombinação de ambas as variantes. No entanto, a descoberta da "deltacron" também pode ter sido um erro de medição.
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine