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Queda de avião russo no Egito ainda tem série de incógnitas

2 de novembro de 2015

Investigadores e companhia aérea levantam hipóteses controversas sobre a queda da aeronave, com 224 pessoas a bordo, no Sinai. Falha técnica, erro humano e atentado terroristas estão entre as possibilidades.

Pedaço da fuselagem do avião encontrada no Sinai: destroços se estenderam por um raio de 20 quilômetrosFoto: picture-alliance/dpa/K. Elfiqi

Dois dias após a queda do avião russo da empresa Kogalymavia na península do Sinai, no Egito, uma série de perguntas sobre as possíveis causas da tragédia permanece sem resposta. Investigadores e a companhia aérea acenam com hipóteses controversas sobre a queda da aeronave com 224 pessoas a bordo.

Enquanto aempresa nega falhas técnicas ou erro humano, investigadores tentam juntar as peças do quebra-cabeça para determinar as causas do desastre, mas não descartam essas possibilidades.

Moscou enviou mais de cem socorristas e especialistas em aviação ao Egito para examinar o local da queda, junto com especialistas da França, da Alemanha e da Airbus, fabricante da aeronave. Confira alguns fatos e hipóteses sobre o desastre aéreo.

A queda

O Airbus A321 da empresa Kogalymavia partiu no sábado do balneário egípcio de Sharm el-Sheikh com destino a São Petersburgo, na Rússia. O voo foi interrompido cerca de 20 minutos após a decolagem.

A aeronave voava a cerca de 9 mil metros de altitude no momento do desastre e havia atingido a velocidade de cruzeiro. Essa é, geralmente, a parte mais segura de qualquer voo. De acordo com estatísticas da fabricante Boeing, apenas 9% dos acidentes acontecem nesse período.

Segundo a Kogalymavia, a tripulação não emitiu um chamado de emergência nem tentou contatar o controle de tráfego aéreo. O Airbus teria perdido velocidade rapidamente, durante menos de um minuto, antes de cair na península do Sinai apenas 23 minutos após a decolagem.

Falha mecânica

Autoridades russas e egípcias apontaram uma falha técnica como a primeira hipótese para a tragédia. A empresa, no entanto, descartou essa possibilidade e também negou que tenha ocorrido erro humano.

Segundo o vice-diretor-geral da Kogalymavia, que opera voos sob o nome Metrojet, Alexander Smirnov, a causa da queda "só pode ter sido uma ação externa". Ele ressaltou que a aeronave estava em "excelentes condições técnicas" e passou por uma inspeção no dia 26 de outubro. De acordo com ele, nenhuma falha foi encontrada.

O avião teria se partido no ar, conforme as primeiras investigações russas apontamFoto: picture-alliance/dpa/Str

Os investigadores, porém, não descartaram uma falha mecânica. A maioria dos aviões é feita de alumínio, que é suscetível à corrosão. As constantes pressurização e despressurização da cabine também podem causar rachaduras na fuselagem.

Sem a manutenção correta, essas rachaduras podem aumentar, ameaçando a integridade estrutural do avião. Em abril de 2011, um Boeing 737 da Southwest Airlines fez um pouso de emergência logo após a decolagem em Phoenix, nos Estados Unidos, devido ao rompimento da fuselagem.

Explosão no ar

Investigadores garantem que o Airbus da empresa Kogalymavia se partiu no ar. Essa informação é confirmada pela extensão do local onde foram encontrados os destroços da aeronave.

"Os fragmentos estão espalhados por uma grande área de cerca de 20 quilômetros quadrados", informou Viktor Sorotchenko, diretor do Comitê Intergovernamental de Aviação (MAK), citado por agências de notícias russas.

Esse fato pode indicar que houve uma explosão a bordo, mas autoridades afirmam que ainda é cedo para qualquer conclusão. Se comprovada essa hipótese, vários fatores poderiam tê-la causado, como faísca nos tanques de combustível, um incêndio no bagageiro ou uma bomba.

Em 2010, uma aeronave da UPS caiu depois de decolar em Dubai, devido a um incêndio causado por baterias de lítios transportadas no interior do avião.

Ataque terrorista

Nenhuma das provas encontradas até o momento indica que o incidente foi causado por uma bomba no interior da aeronave, mas os investigadores procuram vestígios de explosivos em meio aos destroços. Com microscópios, eles analisam também padrões de rompimento de metais que possam indicar uma explosão.

Algumas horas após a queda do avião, o grupo terrorista Wilayat Sina, braço egípcio do movimento jihadista "Estado Islâmico" (EI), afirmou ser responsável pelo desastre. Segundo os extremistas, a aeronave foi abatida como "represália" à intervenção russa na Síria.

Investigadores não acreditam em ataque terroristaFoto: picture-alliance/AP Photo/S. el-Oteify

A Rússia e o Egito desmentiram essa afirmação e declaram que não há indícios de que o Airbus tenha sido abatido por um míssil. O diretor dos serviços de informações dos EUA, James Clapper, afirmou ainda não ter conhecimento de qualquer "prova direta" de terrorismo na queda da aeronave.

Além disso, especialistas militares ressaltam que o grupo terrorista não possui mísseis terra-ar capazes de atingir um avião a uma altitude de 9,1 mil metros, como era o caso da aeronave russa.

Histórico de problemas

Apesar de não descartada, a hipótese de um ataque terrorista parece ser pouco provável para investigadores. A empresa Kogalymavia possui um histórico de problemas.

Em 2011, um avião de fabricação soviética da companhia pegou fogo ainda na pista enquanto fazia manobras para iniciar a decolagem, no norte da Rússia. Três pessoas morreram e mais de 40 ficaram feridas no acidente. Em 2010, um voo operado pela empresa fez um pouso difícil em meio a um nevoeiro no Irã, no qual a aeronave se rompeu e pegou fogo, deixando 46 pessoas feridas.

Em 2012, a empresa renovou a sua frota, e adquiriu sete Airbus A321, além de outros modelos. O avião que caiu tinha 18 anos e já havia sido operado por outras empresas.

Em 2001, ele sofreu um incidente no Cairo. Durante a aterrissagem, a cauda bateu no chão. Especialistas afirmam que esse tipo de acidente pode enfraquecer a fuselagem do avião. Sem os reparos corretos, eventuais rachaduras podem ter causado a queda do avião.

A empresa afirma que segue normas de seguranças e descarta que falhas técnicas possam ter causado o desastre.

Caixas-pretas

Somente as caixas-pretas que registram os dados do voos e o diálogo na cabine dos pilotos poderão revelar as causas da tragédia. Peritos egípcios e russos, juntamente de especialistas alemães e franceses da Airbus e da Irlanda, país onde a aeronave foi registrada, trabalham na análise dessas peças.

De acordo com um membro da comissão que está analisando os registros do voo, o avião não foi atingido do lado de fora, e o piloto não emitiu nenhum pedido de socorro antes de a aeronave ter desaparecido do radar.

A fonte se negou a dar maiores detalhes, mas afirmou que seus comentários se baseiam sobre a análise preliminar das caixas-pretas recuperadas do Airbus A321.

CN/afp/ap/lusa/ots

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