Nova cepa contém duas mutações já associadas a menor neutralização por anticorpos. OMS a classifica como "preocupante" e afirma que estudos preliminares indicam aumento da transmissibilidade.
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A nova variante do coronavírus Sars-CoV-2 descoberta recentemente na Índia está sendo acompanhada com atenção por cientistas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras instituições da área ainda estão estudando a variante, denominada B.1.617, e, embora ainda não esteja totalmente comprovado que ela seja mais transmissível ou mortal, há muitos indícios de que ela seja um dos motivos por trás do aumento exponencial de casos de covid-19 na Índia nas últimas semanas.
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar formas graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
A B.1.617, também chamada de variante indiana, carrega duas mutações na proteína spike do coronavírus que já foram identificadas em outras variantes pelo mundo. Elas foram associadas, em outras análises, a uma capacidade reduzida de neutralização do coronavírus por anticorpos ou células T.
A proteína spike é a parte que o vírus usa para penetrar nas células humanas. Já os linfócitos T são células com funções imunológicas de respostas antivirais, seja através da produção de citocinas, seja eliminando ativamente células infectadas. Isso significa que pessoas vacinadas ou que já tenham sido contaminadas podem estar menos protegidas contra a variante indiana.
Uma das mutações da variante indiana, a E484Q, é semelhante à E484K, identificada nas variantes britânica (B.1.1.7), sul-africana (B.1.351) e brasileira (P1). A outra mutação relevante da cepa originária da Índia, a L452R, foi detectada na variante da Califórnia (B.1.429).
As vacinas funcionam?
Quando uma mutação encontra um caminho para burlar o sistema imunológico, ela é chamada de mutação de escape. Em geral essas mutações reduzem a capacidade dos anticorpos ou das células T de neutralizar um vírus, mas determinante é o quão forte é essa redução.
Mutações de escape podem ser perigosas também para pessoas já vacinadas ou recuperadas da infecção, pois existe a possibilidade de a proteção já adquirida ser menor perante a variante.
"Ter duas dessas mutações que foram identificadas em outras variantes em outras partes do mundo é preocupante", disse Maria Van Kerkhove, chefe técnica de resposta à covid-19 da OMS. Apesar disso, a OMS, à espera de mais estudos, inicialmente classificou a variante como "de interesse" e não como "preocupante ou de interesse global".
A reclassificação para "preocupante" foi feita apenas em 10 de maio. Van Kerkhove disse haver estudos preliminares que apontam para um aumento da transmissibilidade e redução da neutralização dessa variante, o que levou à alteração.
Ela acrescentou que são necessários mais estudos epidemiológicos e de sequenciamento genético da variante, muito embora até o momento nada sugira que vacinas, tratamentos e diagnósticos não funcionem para ela.
O especialista em saúde Karl Lauterbach, deputado do partido alemão SPD, foi o primeiro a alertar para um estudo sobre a variante indiana feito na Índia. Os cientistas responsáveis pelo estudo concluíram que a vacina Covaxin é eficaz contra a variante B.1.617, o que indica que as outras vacinas também devem ser.
Uma variante é considerada "preocupante" se é sabido que ela se espalha mais facilmente, causa formas mais graves da doença, escapa ao sistema imunológico, muda o quadro clínico ou diminui a eficácia de vacinas e medicamentos. "As vacinas continuam funcionando contra as variantes preocupantes e, em particular, contra os sintomas graves, e isso é importante destacar", enfatizou Van Kerkhove.
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Variante pode estar por trás de aumento de casos
Mesmo antes de haver evidências científicas de que a variante indiana fosse mais transmissível, especialistas da Índia já acreditavam que ela poderia estar relacionada ao grande aumento de casos de covid-19 no país nas últimas semanas. Somente no dia 11 de maio, quase 230 mil novas infecções foram registradas oficialmente.
A grave situação da pandemia no país fez o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, cancelar a viagem que faria à Índia na próxima semana. Por precaução, o Reino Unido vai restringir viagens à Índia a partir de sexta-feira.
Em entrevista à Rádio France Internationale (RFI), o médico Surandipta Chandra, que trabalha numa clínica em Nova Délhi, disse que a variante "se espalha como um incêndio numa floresta". Para ele, um dos pontos preocupantes é que os testes de PCR já não conseguem detectar todos os casos.
"O vírus está se adaptando de forma inteligente, e esta mutação indiana parece escapar das testagens. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou à RFI.
A variante foi observada pela primeira vez no final de 2020 em dois estados da Índia e confirmada no final de março.
A descoberta foi resultado de um esforço global de sequenciamento genético, com o objetivo de detectar, o quanto antes, qualquer modificação do vírus que possa torná-lo mais transmissível, capaz de causar mais sintomas sérios ou tornar os testes, vacinas ou medicamentos ineficazes.
A variante já foi registrada em países como Reino Unido, Alemanha, Austrália, Bélgica, Estados Unidos e Cingapura.
Celebridades e políticos que testaram positivo para covid-19
Várias estrelas de cinema contraíram o coronavírus. A doença varreu a elite política global e afetou também os melhores atletas.
Foto: Joshua Roberts/Reuters
Emmanuel Macron
O presidente da França foi diagnosticado com o coronavírus dias depois de uma cúpula dos líderes da União Europeia, o que levou várias autoridades do bloco a adotarem o isolamento. Nos dias que antecederam o resultado, ele se reuniu também com lideranças políticas da França e membros de seu gabinete. Seus assessores disseram que ele mantém estilo de vida saudável e se exercita regularmente.
Foto: Lewis Joly/AP Photo/picture alliance
Donald Trump
Após menosprezar a doença durante meses, o presidente dos Estados Unidos confirmou que ele e a primeira-dama, Melania Trump, estavam infectados com o coronavírus em plena reta final de sua campanha à reeleição. Trump raramente aparecia em público usando máscaras de proteção e ignorou em diversas ocasiões os alertas das autoridades de saúde.
Foto: picture-alliance/CNP/A. Drago
Andrzej Duda
O presidente da Polônia, Andrzej Duda, testou positivo para o coronavírus, anunciou um porta-voz no dia 24 de outubro. Dias antes, ele esteve em um fórum de investimento na Estônia, onde se encontrou com o presidente búlgaro, Rumen Radev, que entrou em isolamento profilático depois de ter contato com alguém infectado em seu país de origem. No entanto, não foi confirmado como Duda se contaminou.
Foto: Photoshot/picture-alliance
Andrea Bocelli
O tenor italiano Andrea Bocelli testou positivo para o novo coronavírus em março. Ele relatou que teve apenas febre leve, e no mês seguinte, já fez uma apresentação na Catedral de Milão, vazia devido às regras de restrição.
Foto: Getty Images/S.Legato
Robert Pattinson
O ator, de 34 anos, mais conhecido por estrelar como o vampiro Edward Cullen na saga cinematográfica "Twilight", testou positivo para covid-19, obrigando a produção de "The Batman" a uma pausa apenas três dias depois de ter retomado trabalhos. Pattinson, que também foi Cedric Diggory na adaptação cinematográfica de "Harry Potter e o cálice de fogo", sucede Ben Affleck como o Homem Morcego.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/E. Chesnokova
Dwayne 'The Rock' Johnson
O lutador que virou estrela de cinema se tornou uma das mais recentes celebridades a contraírem covid-19. Em um vídeo no Instagram, Johnson revelou que ele, sua esposa e duas filhas testaram positivo — acrescentando que ele teve "uma experiência difícil" com os sintomas. Ele também pediu às pessoas que parem de "politizar" a pandemia e "usem máscara".
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Shotwell
Neymar
O craque brasileiro é um dos três jogadores do PSG a contraírem o vírus, informou a agência de notícias AFP em 2 de setembro. Acredita-se que o surto no clube esteja relacionado a uma viagem de férias que o time fez à ilha espanhola de Ibiza. Posteriormente, Neymar postou uma foto no Instagram com seu filho, que também supostamente testou positivo: "Obrigado pelas mensagens. Estamos todos bem".
Foto: Getty Images/AFP/D. Ramos
Silvio Berlusconi
O ex-premiê italiano de 83 anos testou positivo para o vírus e estaria assintomático, segundo anúncio de seu médico em 2 de setembro. Dois dos filhos de Berlusconi e sua namorada de 30 anos também testaram positivo. O ex-premiê testou positivo depois de passar férias na costa da Sardenha, onde os ricos e famosos da Itália costumam desdenhar das políticas de restrição.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Vojinovic
Usain Bolt
A lenda do atletismo Usain Bolt testou positivo poucos dias depois de realizar uma festa para comemorar seu 34º aniversário no final de agosto. O detentor do recorde para os 100 e 200 metros rasos disse que entrou em quarentena, mas que não estava exibindo sintomas. Vídeos da festa de aniversário ao ar livre de Bolt mostraram convidados sem máscaras durante a celebração.
Foto: Reuters/M. Childs
Antonio Banderas
O ator espanhol teve uma surpresa indesejável em seu 60º aniversário em meados de agosto, depois de um teste positivo para o coronavírus. Banderas disse que passou seu aniversário isolado e que estava "mais cansado do que de costume", mas "esperando se recuperar o mais rápido possível".
Foto: picture-alliance/Captital Pictures
Jair Bolsonaro
O presidente brasileiro, que repetidamente minimizou a gravidade da pandemia, contraiu o vírus em julho. Ele foi criticado por ignorar as medidas de segurança recomendadas por especialistas em saúde antes e depois de seu diagnóstico, incluindo apertar as mãos e abraçar apoiadores na multidão. Sua mulher, Michelle, e os filhos Jair Renan e Flávio também testaram positivo.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Peres
Tom Hanks
O ator Tom Hanks e sua mulher, a atriz e cantora Rita Wilson, foram algumas das primeiras celebridades a anunciar que contraíram o vírus. O casal testou positivo para a covid-19 em meados de março, quando estava na Austrália. Depois de se recuperar e retornar aos Estados Unidos, Hanks defendeu que as pessoas façam sua parte para retardar a propagação da doença.
Foto: picture-alliance/AP/Invision/J. Strauss
Sophie Gregoire Trudeau
Sophie Gregoire Trudeau, mulher do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, testou positivo para coronavírus depois de retornar do Reino Unido em meados de março. O marido dela anunciou ter se isolado na residência oficial, mesmo sem apresentar sintomas da enfermidade.
Foto: Reuters/P. Doyle
Boris Johnson
No final de março, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, contraiu o coronavírus que o levou ao hospital por vários dias. Johnson passou uma semana em um hospital em Londres e três noites na UTI, onde recebeu oxigênio e foi observado 24 horas por dia. Ele teve alta em meados de abril, e os funcionários do hospital receberam o crédito de ter salvado sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Dawson
Ambrose Dlamini
O primeiro-ministro de Essuatíni (antiga Suazilândia), Ambrose Dlamini, contraiu o coronavírus e morreu em decorrência da covid-19, em dezembro de 2020. Ele tinha 52 anos e chegou a ser internado em um hospital da África do Sul, mas não resistiu.
Foto: RODGER BOSCH/AFP
Hamilton Mourão
O vice-presidente, Hamilton Mourão, anunciou no final de dezembro de 2020 que havia testado positivo para a covid-19. Ele ficou 12 dias em isolamento no Palácio do Jaburu, em Brasília. Antes de receber o diagnóstico, o vice-presidente teve dor no corpo, dor de cabeça e febre que não passou de 38 graus. Em março de 2021, ele recebeu a primeira dose da Coronavac.
Foto: Sergio Lima/AFP
Larry King
O lendário apresentador de TV americano Larry King morreu em janeiro de 2021, em decorrência da covid-19. Ele tinha 87 anos e comandava um tradicional programa de entrevistas na CNN há mais de duas décadas.
Foto: Radovan Stoklasa/REUTERS
Alberto Fernández
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, de 62 anos, anunciou no começo de abril de 2021 que contraiu o coronavírus. Segundo a Unidade Médica Presidencial, ele não teve sintomas, graças à imunização pela vacina russa Sputnik V, recebida dois meses antes.