O que se sabe sobre ataque contra militares dos EUA na Síria
14 de dezembro de 2025
Emboscada deixou dois militares e um civil americanos mortos. Washington atribui incidente ao Estado Islâmico. Atirador era membro das forças sírias.
Donald Trump prometeu retaliar ataque contra tropas americanas. Imagem de arquivo: 11/11/2019Foto: Darko Bandic/AP Photo/picture alliance
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A morte de dois militares e um intérprete civil americanos neste sábado (14/12) em um ataque a tiros na Síria trouxe nova atenção para a presença das forças dos EUA no país.
O governo sírio descreveu o incidente como um "ataque terrorista", enquanto Washington disse que havia sido realizado por um militante do grupo Estado Islâmico (EI).
Em postagem no X, o Comando Central dos EUA afirmou que a emboscada que mirou um comboio de forças sírias e americanas na região central de Palmira também deixou três outros militares americanos e dois sírios feridos. "O atirador foi confrontado e morto", acrescentou.
O episódio é o primeiro do gênero registrado desde que forças islamistas derrubaram o antigo líder sírio Bashar al-Assad, em dezembro do ano passado, restabelecendo os laços do país com os Estados Unidos.
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Cinco suspeitos presos
Neste domingo, a Síria prendeu cinco pessoas suspeitas de terem ligação com o tiroteio. Segundo o ministério do Interior do país, o atirador era um membro das forças de segurança sírias que estava prestes a ser demitido por extremismo.
Ele havia sido recrutado há apenas dois meses e chegou a ser transferido por suspeitas de que poderia estar afiliado ao grupo Estado Islâmico, disse um oficial à agência de notícias Associated Press neste domingo.
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que "haverá uma retaliação muito séria" e que "muito dano será causado às pessoas que atacaram as tropas na Síria".
Tropas americanas têm presença na Síria há mais de uma décadaFoto: Baderkhan Ahmad/AP Photo/picture alliance
Por que os EUA têm tropas na Síria?
Os Estados Unidos têm tropas em solo sírio há mais de uma década, com a missão declarada de combater o Estado Islâmico.
Em 2011, protestos em massa na Síria contra o governo Assad foram enfrentados por uma repressão brutal e se transformaram em uma guerra civil que durou quase 13 anos antes de ele ser deposto em dezembro de 2024.
Receoso de se envolver em outra guerra cara e politicamente impopular no Oriente Médio após sua experiência no Iraque e no Afeganistão, Washington apenas enviou apoio a grupos rebeldes. Isso mudou após a ascensão do EI, que realizou ataques esporádicos nos EUA e na Europa e tomou territórios na Síria.
Nas áreas controladas pelo grupo, ele se tornou notório por sua brutalidade contra minorias religiosas. Em 2014, o governo do então presidente dos EUA, Barack Obama, lançou uma campanha aérea contra o EI no Iraque e na Síria. No ano seguinte, as primeiras tropas terrestres americanas entraram no país, onde se associaram às Forças Democráticas Sírias lideradas pelos curdos, no nordeste do país.
Al-Sharaa tornou-se o primeiro presidente sírio a visitar Washington desde a independência do país em 1946Foto: SANA/AFP
Novas relações EUA-Síria
Antes da queda de Assad, Washington não tinha relações diplomáticas com Damasco e os militares dos EUA não trabalhavam diretamente com o exército sírio, mas isso mudou no último ano.
Os laços se estreitaram entre os governos de Trump e do presidente interino sírio Ahmad al-Sharaa, ex-líder do grupo insurgente islamista Hayat Tahrir al-Sham, que antes era listado por Washington como organização terrorista.
Em novembro, al-Sharaa tornou-se o primeiro presidente sírio a visitar Washington desde a independência do país em 1946. Durante sua visita, a Síria anunciou sua entrada na coalizão global contra o Estado Islâmico, juntando-se a outros 89 países comprometidos em combater o grupo.
Cerca de 900 militares americanos hoje seguem posicionados no nordeste controlado pelos curdos e na base de al-Tanf, no deserto sudeste, perto das fronteiras com o Iraque e a Jordânia.
Embora não faça parte de sua missão oficial, a presença americana também tem sido vista como um meio de dificultar o fluxo de combatentes e armas iranianos e apoiados pelo Irã para a Síria a partir do vizinho Iraque.
gq (Reuters, AP, AFP, DW)
O mês de dezembro em imagens
Veja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: PRESIDENT OF UKRAINE/apaimages/IMAGO
Ucrânia recebe apoio de 90 bilhões de euros da UE
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, visitou a Polônia no dia em que a União Europeia (UE) concordou em fornecer um empréstimo sem juros de 90 bilhões de euros (R$ 582 bilhões) ao seu país. O apoio servirá para atender às necessidades militares e econômicas pelos próximos dois anos, em meio à guerra contra a Rússia. (19/12)
Foto: PRESIDENT OF UKRAINE/apaimages/IMAGO
Agricultores protestam em Bruxelas contra acordo UE-Mercosul
Agricultores incendiaram pneus e lançaram batatas e ovos contra a polícia de choque em Bruxelas, em protesto contra o acordo de livre comércio Mercosul-UE. Diante do Parlamento Europeu, houve cenas de violência, fogos de artifício e vandalismo. Após reunição de líderes europeus, a assinatura do tratado foi adiada. (18/12)
Senado aprova PL que reduz tempo de prisão de Bolsonaro
O Senado aprovou nesta quarta-feira, por 48 votos favoráveis, 25 contrários e uma abstenção, o PL da Dosimetria. A proposta prevê a redução de penas de centenas de condenados pelos atentados às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 e pela tentativa de golpe de Estado. Entre os beneficiados está o ex-presidente Jair Bolsonaro. Texto vai para sanção presidencial. (17/12).
Foto: Ueslei Marcelino/REUTERS
Dembélé (esq.) é escolhido melhor jogador do ano pela Fifa
Ousmane Dembélé foi o grande vencedor do prêmio The Best 2025, da Fifa. O francês, que atua pelo PSG, recebeu o trófeu de melhor jogador do ano das mãos do presidente da entidade, Gianni Infantino (à direita na foto). O espanhol Lamine Yamal ficou em segundo, e o também francês Kylian Mbappé, em terceiro. Dembélé já havia levado a Bola de Ouro, da "France Football", de melhor jogador de 2025.
O diretor Rob Reiner e sua esposa, Michele Singer, foram encontrados mortos em Los Angeles, nesse domingo (14/12). O principal suspeito do homicídio é o filho do casal, Nick Reiner, de 32 anos. Rob tinha 78 anos e dirigiu títulos como "Harry e Sally" (1989), "Conta Comigo" (1986) e "Spinal Tap" (1984). O diretor também militou em causas progressistas e foi um ferrenho crítico de Trump. (15/12)
Foto: Steven Bergman/AFF/ABACA/picture alliance
Homem desarma atirador em ataque na Austrália
Vídeo mostra um homem desarmando um atirador durante ataque em que morreram ao menos 12 na praia de Bondi, em Sydney, Austrália, incluindo um dos agressores. A polícia australiana informou que dois homens abriram fogo contra a multidão. Um deles foi morto por policiais. O outro suspeito foi internado em estado crítico. O ocorrido foi classificado de ataque terrorista pelas autoridades. (14/12)
Foto: BNONews/X
Tumulto em turnê de Messi pela Índia
Fãs revoltados derrubaram barricadas, arremessaram cadeiras e invadiram o gramado de um estádio em Calcutá, após o jogador de futebol Lionel Messi ser retirado da arena mais cedo que o esperado, apesar do alto preço dos ingressos. Ele deveria disputar uma partida de exibição, o que não aconteceu. O craque argentino de 38 anos, jogador do Inter Miami, faz uma turnê de três dias pelo país. (13/12)
Foto: Sahiba Chawdhary/REUTERS
EUA retiram sanções da Lei Magnitsky contra Moraes e esposa
A Casa Branca retirou o nome do ministro do STF Alexandre de Moraes e de sua esposa, Viviane Barci de Moraes, da lista de pessoas sancionadas pela Lei Magnitsky. Utilizada para punir estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos, as sanções foram impostas em julho em retaliação ao papel do ministro no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. (12/12)
Foto: Evaristo Sa/AFP
Protestos da geração Z derrubam primeiro governo na Europa
O primeiro-ministro búlgaro, Rosen Zhelyazkov, renunciou ao cargo diante de protestos em massa liderados pela Geração Z. A manifestação ocorre na esteira de outros atos comandados por jovens que já derrubaram governos em Bangladesh, Nepal, Sri Lanka e Madagascar. A queda do governo búlgaro ocorre apenas algumas semanas antes da entrada do país na zona do euro. (11/12)
Foto: Dimitar Kyosemarliev/AFP
Ex-presidente da Bolívia é preso
O ex-presidente da Bolívia Luis Arce foi preso a pouco mais de um mês de deixar o cargo. A prisão ocorreu no âmbito de uma investigação contra Arce, que governou a Bolívia entre 2020 e 2025, por suposto desvio de recursos do Fundo Indígena, destinado ao desenvolvimento de comunidades indígenas e camponesas. (10/12)
Senado aprova PEC do marco temporal das terras indígenas
O Senado aprovou a PEC que institui o marco temporal para demarcação de terras indígenas. O texto, que ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados, inclui na Constituição que os territórios devem ser demarcados apenas conforme sua ocupação no ano de 1988. O marco temporal é fortemente criticado pelos povos originários e entidades de direitos humanos e defendida pelo agronegócio. (09/12)
Foto: Adriano Machado/REUTERS
Países da UE endurecem política migratória
Ministros do Interior dos 27 países-membros da União Europeia chegaram a um acordo sobre um significativo endurecimento da política comum de asilo. Medidas incluem criação de centros de retorno fora do bloco, rejeição de migrantes nas fronteiras e penas mais rígidas para quem não cooperar com processo de deportação. Mudanças dependem de aval do Parlamento Europeu. (08/12)
Foto: Judith_Buethe
Merz visita Israel
O chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, cumpriu sua primeira visita oficial a Israel desde que assumiu o cargo em maio. O líder alemão reafirmou o que chamou de "responsabilidade histórica" do seu país na "defesa" e "segurança" de Israel e disse que a Alemanha não pretende reconhecer um Estado palestino num futuro próximo. (07/12)
Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance
Homens armados matam pelo menos 11 pessoas em albergue na África do Sul
Homens armados invadiram um albergue na capital da África do Sul e mataram pelo menos 11 pessoas, incluindo uma criança de três anos, e feriram mais de uma dúzia de outras. A polícia informou que está investigando se os assassinatos estão relacionados a um bar dentro do albergue que poderia estar vendendo álcool ilegalmente. (06/12)
Foto: Gianluigi Guercia/AFP
Alemanha aprova alistamento militar obrigatório
O Parlamento alemão aprovou uma nova lei sobre o serviço militar. A legislação reintroduz na Alemanha o alistamento militar obrigatório a todos os homens com mais de 18 anos, que havia sido suspenso em 2011. A nova exigência de alistamento, porém, não leva ao serviço militar obrigatório. (05/12)
Foto: Hannes P. Albert/dpa/picture alliance
Steinmeier em visita histórica ao Reino Unido
No segundo dia de uma turnê de três dias no Reino Unido, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, discursou no parlamento britânico, honra dada a poucos estrangeiros. A viagem é a primeira visita de Estado no país de um presidente alemão em 27 anos. Em seu pronunciamento, Steinmeier ressaltou a importância atual de uma cooperação mais estreita entre Londres e Berlim. (04/12)
Foto: Kin Cheung/AP Photo/picture alliance
EUA são denunciados a comissão da OEA por ataque a barco no Caribe
Família de pescador colombiano morto em ação militar dos EUA contra supostos "narcoterroristas" acusou o governo Trump de execução extrajudicial em denúncia formal à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). É a primeira queixa formal desde o início dos ataques na região, em setembro. Órgão não tem poder de impor cumprimento de decisões, mas pode constranger a Casa Branca. (03/12)
Foto: U.S. Southern Command/NTB/IMAGO
Ex-chefe da diplomacia da União Europeia é presa na Bélgica
Federica Mogherini, que acumulou cargo de vice-presidente da Comissão Europeia entre 2014 e 2019, foi uma das 3 pessoas detidas pela polícia no âmbito de investigação sobre corrupção em escola de formação de diplomatas. A italiana dirige o Colégio da Europa desde 2020 e, em 2022, assumiu também a direção da Academia Diplomática da UE. (02/12)
Foto: Sebastian Christoph Gollnow/dpa/picture alliance
Hong Kong em luto após pior incêndio residencial do mundo desde 1980
Número de vítimas foi revisado para 151 após outros corpos serem encontrados, e 14 suspeitos foram presos. Autoridades constataram que as redes de proteção no exterior do complexo de edifícios falharam em evitar que as chamas se espalhassem. (01/12)