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CiênciaCanadá

O que se sabe sobre submarino que levava turistas ao Titanic

Publicado 20 de junho de 2023Última atualização 22 de junho de 2023

Prazo estimado de oxigênio do Titan já chegou ao fim. Buscas estão sendo feitas no norte do Oceano Atlântico para encontrar pequena embarcação com cinco pessoas a bordo que fazia viagem aos destroços do Titanic.

Submarino Titan
O submarino Titan, que pesa 10 toneladas e pode transportar cinco pessoasFoto: ABACA/picture alliance

A Guarda Costeira dos Estados Unidos confirmou que destroços encontrados nesta quinta-feira (22/06) no fundo do mar por um veículo operado remotamente pertencem ao submersível Titan, que havia desaparecido no domingo com cinco pessoas a bordo.

O Titan partiu com 96 horas de oxigênio disponíveis a bordo. Segundo os cálculos da empresa americana OceanGate Expeditions, que organizou a expedição, o prazo para o fim dos estoques nos tanques de oxigênio acabou na manhã de quinta-feira (22//06).

O pequeno submarino, que levava turistas aos destroços do Titanic, implodiu perto do navio naufragado, no fundo do Oceano Atlântico, sem deixar sobreviventes, informaram as autoridades americanas.

A expedição ao Titanic começou na sexta-feira passada, partindo da cidade de São João da Terra Nova, no Canadá, a bordo do navio quebra-gelo Polar Prince. No domingo, o Polar Prince chegou à área onde o Titanic afundou, a cerca de 600 quilômetros da costa canadense. O mergulho começou pouco depois, às 6h (horário local).

As buscas estavam sendo feitas tanto na superfície, para o caso de o submersível ter retornado, como com um sonar para tentar localizar a embarcação embaixo da água. Para isso estão sendo usados três aviões Hércules C-130, uma aeronave P8 equipada com um sonar, o navio quebra-gelos canadense Kopit Hopson 1752 e um submarino.

"É um desafio conduzir uma busca nessa área remota", afirmou o comandante da Guarda Costeira dos Estados Unidos, contra-almirante John Mauger.

As buscas ocorreram numa área a cerca de 1.450 quilômetros a leste de Cape Cod, nos Estados Unidos, e a uma profundidade de cerca de 4 mil metros, precisou Mauger. "Estamos usando todos os meios disponíveis para garantir que conseguiremos localizar a embarcação e resgatar as pessoas a bordo", afirmou.

Qual o andamento das buscas?

A corrida contra o relógio para encontrar a embarcação entrou numa nova e dramática fase nesta quinta-feira, com poucas horas de oxigênio provavelmente restando a bordo. As equipes de resgate enviaram mais navios e barcos ao local presumido do desaparecimento, esperando que sons detectados na terça e na quarta possam ajudar a restringir o perímetro das buscas. 

A Guarda Costeira dos Estados Unidos afirmou na manhã de quarta-feira que um avião canadense P-3 detectou sons subaquáticos durante as operações de busca pelo submersível. Após isso, os esforços de busca com veículos submarinos operados remotamente (ROVs) foram reorientados.

Pouco antes, a emissora CNN e o site da revista Rolling Stone divulgaram um documento vazado do Departamento de Segurança Interna dos EUA que diz que "sons de batidas" haviam sido detectados por outra aeronave canadense, um P-8, que é equipada com um sonar.

Na noite de terça-feira, em declarações à imprensa em Boston, o capitão da Guarda Costeira dos EUA Jamie Frederick disse que as buscas pelo Titan ainda não deram resultados.

Frederick acrescentou que o submersível ainda dispunha de oxigênio por mais 40 horas, ou seja, até as 7h (horário de Brasília) desta quinta-feira.

Segundo o capitão, até a noite de terça-feira (horário local), as guardas costeiras haviam feito buscas numa área de 20 mil quilômetros quadrados. Ele disse que a operação "única" é muito complexa e se torna ainda mais difícil por se tratar de uma região remota.

Nesta terça-feira, a França anunciou que o instituto Ifremer de ciências oceânicas enviou um navio, o Atalante, equipado com um robô subaquático, o Victor 6.000, para procurar o submersível. O robô deve chegar ao seu destino nesta quarta e mergulhar a até uma profundidade de cerca de 4 mil metros para realizar operações de busca. 

Mais tarde nesta quinta-feira, um oficial da Marinha americana informou à CBS News que a força armada detectou sons "consistentes com uma implosão" logo depois que o submersível perdeu contato no domingo. Segundo ele, essas informações sobre a "anomalia acústica" foram usadas pela Guarda Costeira dos EUA para restringir a área de busca.

Em seu pronunciamento nesta quinta, o contra-almirante John Mauger disse que nenhum som semelhante a uma implosão foi detectado durante as missões de busca, sugerindo que o incidente teria ocorrido antes do início das operações.

Quando e onde o Titan desapareceu?

O submersível Titan submergiu na manhã de domingo, 18 de junho, e o seu barco de apoio na superfície, o quebra-gelo Polar Prince, perdeu contato com ele cerca de uma hora e 45 minutos mais tarde, segundo a Guarda Costeira dos EUA.

O submarino foi dado como desaparecido a cerca de 700 quilômetros ao sul da cidade de São João da Terra Nova, capital da província canadense de Terra Nova e Labrador, segundo autoridades canadenses, na área onde ocorreu o naufrágio do Titanic, em 1912.

Quem está a bordo?

A Guarda Costeira dos EUA divulgou que havia um piloto e mais quatro pessoas a bordo do submersível. Ao menos três delas são turistas que pagaram pela viagem, organizada pela empresa OceanGate, que alugou o Polar Prince para o lançamento do Titan.

Entre os turistas está o bilionário empresário britânico Hamish Harding, de 58 anos, segundo a empresa Action Aviation, que é presidida por Harding.

Harding é um explorador e aventureiro que detém três recordes registrados no livro Guinness. A Action Aviation é uma empresa de venda de jatos privados baseada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Também a bordo estão o empresário paquistanês Shahzada Dawood, de 48 anos, e o filho dele, Suleman, de 19 anos, segundo um comunicado da família.

Dawood é o vice-presidente de um dos maiores conglomerados do Paquistão, a Engro Corporation, que tem investimentos em fertilizantes, fabricação de veículos, energia e tecnologias digitais. Ele mora no Reino Unido com a mulher e dois filhos.

Outra pessoa que está a bordo é o explorador francês Paul-Henry Nargeolet, de 77 anos, conhecido como "Mister Titanic", confirmaram familiares e amigos dele.

A quinta pessoa a bordo é o presidente da OceanGate, Stockton Rush, de 61 anos, afirmou a própria empresa, confirmando relatos na imprensa.

No sábado, Harding publicou na sua conta na rede social Instagram a seguinte mensagem: "A tripulação do submarino é composta por alguns exploradores lendários, alguns dos quais completaram mais de 30 mergulhos até o Titanic desde a década de 1980".

Pessoas a bordo do Titan ficam sentadas no chão, e controle lembra um video-gameFoto: AP/picture alliance

Que tipo de submarino é o Titan?

O Titan é tecnicamente um submersível, um tipo de veículo subaquático com menor autonomia do que um submarino. Submersíveis necessitam de uma embarcação de apoio e têm menores reservas de energia, podendo ficar bem menos tempo embaixo da água.

O Titan é capaz de mergulhar a uma profundidade de 4 mil metros com uma "margem confortável de segurança", segundo uma descrição da OceanGate. Ele é feito de fibra de carbono e titânio.

Segundo a empresa, o Titan já realizou mais de 50 testes de mergulho, inclusive a uma profundidade equivalente à dos destroços do Titanic.

O Titan, que pesa 10 toneladas e tem um comprimento de 6,7 metros, tem uma autonomia de oxigênio de até 96 horas, segundo a empresa.

O submersível pode acomodar cinco pessoas, incluindo um piloto, num espaço que lembra uma minivan. O veículo é dirigido por um controle semelhante a um manete de video-game. As pessoas ficam sentadas no chão do submersível, pois não há assentos. Há apenas uma janela para visualização, na frente do veículo.

Ele viaja a uma velocidade de 3 nós. Nó é uma unidade de medida de velocidade equivalente a uma milha náutica por hora, ou seja 1.852 km/h.

O que são as viagens turísticas ao Titanic?

A OceanGate Expeditions, que recentemente confirmou nas suas redes sociais que uma das suas expedições estava em andamento, cobra de seus clientes até 250 mil dólares (cerca de R$ 1,1 milhão) por uma expedição de oito dias e sete noites que inclui um lugar a bordo do seu submersível para ver o famoso naufrágio.

O mergulho até os destroços, incluindo ida e volta, dura em torno de oito horas: são cerca de duas horas de ida, duas de volta e mais o tempo para observar o navio naufragado. Os restos do Titanic estão a uma profundidade de 3.800 metros.

A OceanGate afirma que cada mergulho objetiva também estudar os destroços do Titanic, que estão em decomposição por causa da ação de bactérias que consomem ferro.

O mergulho inaugural ocorreu em 2021. A expedição que desapareceu foi a terceira realizada neste ano.

Os restos do Titanic atraem turistas há décadas. Existem várias empresas que organizam viagens de vários dias ao local onde estão os restos do navio, que chegou a ser descrito em sua época como inafundável.

O mito Titanic

Em 14 de abril de 1912, o Titanic afundou após bater em um iceberg. Seus destroços foram encontrados apenas em 1985 pelo americano Robert Ballard.

Dois anos mais tarde, a empresa Titanic Ventures coletou mais de 1.800 objetos do transatlântico. As imagens de talheres, joias valiosas, peças ornamentais do navio e restos mortais de passageiros despertaram a curiosidade de milhões, principalmente de colecionadores.

Em 1997, o diretor de cinema James Cameron recriou o naufrágio do Titanic, em um filme que se tornou uma das maiores bilheterias da história do cinema e recebeu oito Oscars.

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