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O que você precisa saber sobre a Berlinale 2018

Joachim Kürten rk
15 de fevereiro de 2018

Ao longo dos próximos dias, a 68ª edição do Festival de Cinema de Berlim exibirá quase 400 filmes, incluindo 12 produções brasileiras. Confira as principais atrações de um dos maiores eventos cinematográficos do mundo.

Elle Fanning, Helen Mirren, Heike Makatsch, Iris Berben e Wotan Wilke Moehring no tapete vermelho de Berlim
Heike Makatsch, Elle Fanning, Helen Mirren, Iris Berben e Wotan Wilke Moehring no tapete vermelho de BerlimFoto: Reuters/A. Schmidt

De olho no Urso de Ouro

Como todos os anos, o principal atrativo do Festival de Cinema de Berlim, que começa nesta quinta-feira (15/02) e vai até 25 de fevereiro, é a corrida pelos ursos de Prata e de Ouro, os grandes prêmios da Berlinale.

Neste ano, um total de 24 filmes será exibido como parte da competição oficial do festival, sendo que 19 deles concorrem ao Urso de Ouro de melhor filme. Já o Urso de Prata é concedido em diferentes categorias, como melhor direção, atuação e roteiro.

Leia também: Debate sobre assédio sexual é destaque na Berlinale

Neste ano, diretores como Steven Soderbergh, Gus Van Sant e Wes Anderson – que abrirá o festival com a animação Ilha de cachorros – são os nomes mais renomados. A Berlinale também dará boas-vindas a cineastas como os franceses Benoît Jacquot e Cédric Kahn, o russo Alexei German Jr., a polonesa Malgorzata Szumowska e o filipino Lav Diaz.

Brasil bem representado

O Brasil participa do festival com 12 produções e coproduções. O filme As herdeiras, uma coprodução entre Paraguai, Uruguai, Brasil, Alemanha, Noruega e França, concorre ao Urso de Ouro.

Entre os filmes que serão exibidos estão O processo, de Maria Augusta Ramos, sobre o julgamento que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e Aeroporto central, do cearense Karim Aïnouz, que retrata a vida dos refugiados nos hangares de um aeroporto desativado em Berlim. Os dois filmes serão exibidos na Mostra Panorama Dokumente.

Dez anos depois de receber o Urso de Ouro por Tropa de Elite, o diretor brasileiro José Padilha volta à Berlinale com 7 dias em Entebbe, que relata o sequestro de um avião da Air France em 1976. O filme foi selecionado para ser exibido na mostra principal, mas não concorre ao Urso de Ouro. Como é uma coprodução anglo-americana, não conta na lista de filmes brasileiros.

Marie Bäumer como a atriz austríaca Romy Schneider em "3 Tage in Quiberon", de Emily AtefFoto: Rohfilm Factory/Prokino/Peter Hartwig

Forte presença dos alemães

As produtoras alemãs não superaram o Brasil no número de obras exibidas no festival, mas contribuíram com dez dos 24 filmes que estão na competição. Títulos como Figlia mia, da Itália, e o drama romeno Touch me not  foram cofinanciados pela Alemanha.

Quatro filmes da competição são produções especificamente alemãs: Transit, de Christian Petzold, In den Gängen, de Thomas Stuber, Mein Bruder heißt Robert und ist ein Idiot, de Philip Gröning, e 3 Tage in Quiberon, de Emily Atef, sobre a atriz austríaca Romy Schneider. Nenhum deles ganhou ainda título em português.

Temas diversos

O diretor do festival, Dieter Kosslick, afirmou que não há um tema principal ou mote nesta 68ª edição. "Durante dez dias, vocês terão a oportunidade de descobrir como os cineastas de hoje veem o mundo e suas diversas sociedades, estilos de vida e horizontes de experiência", explicou.

As vozes individuais dos 400 filmes da programação realmente não poderiam ter sido compiladas sob um tema abrangente, mas uma coisa está clara: a Berlinale deste ano vai se concentrar nas repercussões do escândalo envolvendo o produtor de Hollywood Harvey Weinstein, o movimento #MeToo e a posição das mulheres na indústria cinematográfica. Um painel de discussões também está programado para abordar esses temas.

"Babylon Berlin" retrata os anos dourados da capital alemã

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As estrelas

Um festival de cinema moderno não é nada sem grandes nomes – e, como todos os anos, milhares de artistas estão vindo a Berlim para apresentar seus filmes ao público pessoalmente.

Os diretores Wes Anderson, Gus Van Sant e Steven Soderbergh estarão acompanhados das estrelas de seus filmes. A cineasta Greta Gerwig, cujo filme Lady Bird: É hora de voar recebeu cinco indicações ao Oscar, também deve comparecer.

Emily Watson, Rosamunde Pike e Mia Wasikowska, assim como Robert Pattinson, Joaquin Phoenix, Bryan Cranston, Jeff Goldblum e Bill Murray são alguns dos atores e atrizes esperados na mostra.

Entre as estrelas europeias, Isabelle Huppert, Fanny Ardant, Gaspard Ulliel e Tahar Rahim representam apenas uma fração do batalhão francês, enquanto Alba Rohrwacher e Valeria Golino representarão a Itália.

Obras de vanguarda, experimentais e de cunho político

O Fórum Internacional para o Cinema Novo, também conhecido como Forum, foi criado no festival em 1970. Neste ano, a seção especial mais ousada da Berlinale vai revelar nada menos que 44 filmes focados em documentários e narrativas políticas. O público pode aguardar histórias inesperadas da China, Coreia do Sul, Moçambique e Marrocos – deste país, haverá duas obras que exploram relações de gênero nessa sociedade do norte da África.

O esperado documentário de Ruth Beckermann, Waldheims Walzer, que se concentra no controverso presidente austríaco Kurt Waldheim (1986-1992), também vai estrear no Forum.

"Aeroporto central", do cearense Karim Aïnouz, mostra cotidiano de refugiadosFoto: Juan Sarmiento

Panorama mundial

Outra seção especial da Berlinale é a mostra Panorama, a segunda mais importante do festival e cuja programação repleta de filmes faz com que ela pareça um evento próprio.

A Panorama também apresenta documentários e longas-metragens, mas as obras exibidas são tradicionalmente mais abertas ao público do que as mostradas no Forum.

Os 44 trabalhos que figuram nessa mostra paralela incluem 16 estreias na direção. Muitos desses filmes lidam com assuntos da atualidade política e social em várias partes do mundo.

Além de O processo e Aeroporto central, as produções brasileiras que serão exibidas nessa seção serão Bixa travesty, de Kiko Goifman e Claudia Priscilla, Ex-pajé, de Luiz Bolognesi, e Tinta bruta, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher.

Não há futuro sem passado

A seção Retrospektive sempre é o ápice da Berlinale. Em 2018, 100 anos após o fim da Primeira Guerra Mundial, o festival vai dedicar uma parte do programa ao cinema da República de Weimar.

Os títulos daquela época fizeram com que o cinema alemão ficasse conhecido no mundo todo, mas a retrospectiva não vai se concentrar apenas em clássicos famosos. Os organizadores prometeram apresentar "toda a variedade de produções de Weimar".

No total, 28 longas, documentários e curtas serão exibidos em três categorias: exotismo, vida cotidiana e História. Uma sessão especial mostrará, com música ao vivo, o filme mudo Das alte Gesetz, de 1923.

"Our Madness", do português nascido em Angola João Viana, será exibido na seção ForumFoto: Berlinale/Sabine Lancelin

Programa para crianças e jovens

A seção Generation, voltada para o público jovem, espera novamente um grande número de espectadores. A mostra paralela vai apresentar 41 filmes.

"O programa da Generation mostra filmes próximos ao cotidiano e às vivências de crianças e jovens, muitas vezes retratando situações de desafio", dizem os organizadores. A seção deverá ser aberta com o "road movie" 303, do alemão Hans Weingartner, e exibirá também o filme Unicórnio, do brasileiro Eduardo Nunes.

Mercado de filmes

A Berlinale não é só exibição de filmes novos. Muitos cineastas vão à capital alemã para vender seus filmes a distribuidoras internacionais ou locais.

Mais de 9 mil investidores, especialistas em licenciamento e produtores terão a oportunidade de oferecer e adquirir novos produtos na 30ª edição do European Film Market (Mercado Europeu de Cinema). A feira internacional de comércio de filmes acontece no Martin-Gropius-Bau e no Hotel Marriott.

O Canadá foi selecionado como país anfitrião da feira, e seções como Africa Hub (Polo Africano) vão destacar produções locais.

Da telona à telinha – e vice-versa

Hoje em dia, nenhum filme é realmente completo sem uma série de TV – e a Berlinale vem sendo pioneira nessa tendência. Neste ano serão mostradas várias séries da Alemanha, dos Estados Unidos, de Israel, da Austrália e de países escandinavos.

Bad Banks, de Christian Schwochow, tem como cenário o mundo das finanças em Frankfurt e Luxemburgo, enquanto a série americana The Terror segue a história da famosa expedição polar do pesquisador Sir John Franklin. Os três primeiros episódios têm a assinatura do cineasta alemão Edward Berger.

O festival também vai exibir trechos de oito produções ainda não finalizadas. Atualmente famosa no mundo todo, a série Babylon Berlin, de Tom Tykwer, foi exibida a um público internacional há alguns anos durante uma mostra similar durante a Berlinale.

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