Cego e surdo, idoso afegão realiza percurso de 5.500 quilômetros até a Alemanha. Sua idade não pôde ser confirmada, mas familiares sustentam que ele teria nascido em 1905.
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Abdul Quader Azizi, da cidade de Baghlan, no Afeganistão, conquistou seu lugar na história: o homem de 110 anos de idade é o refugiado mais velho do mundo. Na segunda-feira (28/09), ele foi encontrado pela polícia caminhando amparado por uma bengala pelo centro da cidade bávara de Passau, acompanhado de mais oito membros de sua família.
Sua filha Safelma, de 60 anos, afirma que o homem, cego e surdo, nasceu no dia 1º de janeiro de 1905. Porém, verificar sua idade é algo complicado. No Afeganistão, muitas vezes a data de nascimento é dada como sendo no primeiro dia do ano em que a pessoa nasceu. Além disso, muitos refugiados não possuem documentos de identificação.
"Mesmo se o homem tiver 90 anos, o que seria seguro afirmar, sua fuga do país pode ser considerada um feito extraordinário", afirmou uma porta-voz da polícia alemã. Segundo as autoridades, Azizi goza de boa saúde e não requer cuidados médicos.
A filha diz que o homem realizou, na maior parte do tempo a pé, uma trajetória de 5.500 quilômetros, acompanhado de seus familiares. Alguns homens o carregaram durante parte do percurso. Sua família é composta por três homens, duas mulheres e quatro crianças, de quatro gerações diferentes.
Ele deixou o país fugindo da insurgência islamista, após o Talibã matar três de seus irmãos. A região próxima a Baghlan vem se tornando cada vez mais insegura. O intérprete que ajudava Azizi e sua filha considerou críveis as informações dadas pela família.
Após passar uma noite no centro de acolhimento na cidade de Deggendorf, no sul da Baviera, a família foi transferida para Giessen, na região central da Alemanha, através do sistema de redistribuição de refugiados no país.
O homem, supostamente de 110 anos de idade, ainda deve passar por todos os procedimentos de asilo. "Não há, basicamente, regras excepcionais para refugiados de idade avançada", afirmou uma porta-voz do Departamento Federal de Migração e Refugiados.
RC/dpa/epd/kna
Estações da fuga em imagens
Cerca de 3,7 mil quilômetros separam a Alemanha da Síria. Para os refugiados da guerra civil, essa viagem dura semanas até meses. E ela é perigosa, também na rota dos Bálcãs.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Armer
Últimas forças
Duma é uma cidade síria a nordeste de Damasco. Mesmo ferido, um homem procura por sobreviventes nos escombros. Pouco antes, a região foi atacada por bombardeios das forças armadas sírias. Desde o início da guerra civil, em 2011, mais de 250 mil pessoas morreram no país, segundo as Nações Unidas.
Foto: picture-alliance/A.A./M. Rashed
Terror ao alcance dos olhos
No campo de refugiados em Suruc, na Turquia, cerca de 40 mil sírios procuraram refúgio da guerra civil. A poucos quilômetros dali, em Kobane, o conflito continua. O campo é organizado como uma pequena cidade, com mesquita, escola e ruas. Ninguém quer permanecer aqui por muito tempo.
Foto: Getty Images/C. Court
Marcas da guerra
Abdurrahman Yaser al-Saad conseguiu chegar à cidade portuária turca de Izmir. O sírio de 16 anos mostra aos outros refugiados uma cicatriz enorme na barriga. Ele estava na escola quando as forças armadas sírias bombardearam o local e ele ficou gravemente ferido.
Foto: picture-alliance/AA/E. Menguarslan
Esperança de uma vida melhor
Na viagem em direção à Europa, muitos refugiados acabam em Izmir. Daqui eles desejam ir para a Grécia. Coletes salva-vidas são fundamentais, pois muitos não sabem nadas, e os barcos dos atravessadores ficam superlotados. Enquanto aguardam a partida, muitos dormem ao ar livre, porque não podem pagar um hotel.
Foto: picture-alliance/AA/E. Atalay
Jogado de volta
Com suas últimas forças, esse refugiado conseguiu nadar de volta até a praia de Bodrum, na Turquia. Pouco antes ele havia tentado alcançar um barco de atravessadores, que, por muito dinheiro, levam as pessoas ilegalmente até a Grécia. As embarcações estão sempre superlotadas.
Foto: Getty Images/AFP/B. Kilic
Desamparo
Na praia de Kos, uma ilha grega, turistas observam como refugiados tentam chegar à costa com um barco inflável. A viagem ilegal de Bodrum até aqui custa cerca de mil euros por pessoa. São apenas quatro quilômetros de distância, mas muitos não sabem nadar e acabam morrendo afogados.
Foto: picture-alliance/dpa/Y. Kolesidis
Realidade incômoda
No caminho para o hotel ou para a praia, turistas passam por muitos refugiados. Devem olhar? Devem ajudar?
Foto: picture-alliance/AA/G. Balci
Com braços e pernas
Da Grécia, muitos refugiados tentam chegar à Europa ocidental pelos Bálcãs. Uma estação importante é a cidade de Gevgelija, na Macedônia. Depois de dias de espera, todos desejam conseguir um lugar em um trem para a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Passo a passo
Já nas primeiras horas do dia, centenas de refugiados caminham ao longo da linha do trem, da Sérvia para a Hungria. De lá, muitos desejam ir para a Áustria ou Alemanha. A caminhada de quilômetros exige de muitos suas últimas forças.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
Desespero
Com medo de ser levado para um campo de refugiados na Hungria, o pai sírio se joga, com sua mulher e filho, nos trilhos da estação de Bicske. Eles achavam que o trem os levaria de Budapeste até Viena. Em vez disso, eles devem ser registrados pelas autoridades húngaras.
Foto: Reuters/L. Balogh
Quase lá
Centenas de refugiados do Iraque, da Síria e do Afeganistão decidiram ir a pé até a Áustria, caminhando pela rodovia. Eles esperaram durante dias por um trem na estação de Budapeste. A polícia, porém, bloqueia o trecho com frequência.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Finalmente a chegada
Estação central de Munique: a esperança de muitos refugiados está na chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel. Diferente de outros países europeus, eles se sentem bem-vindos na Alemanha.