Surfando em onda bolsonarista, Doria é eleito em São Paulo, e Witzel, no Rio. No balanço final após os dois turnos, PT fica com maior número de representantes nos estados, e PSL dá maior salto em relação a 2014.
Anúncio
Além das eleições presidenciais, 13 estados e o Distrito Federal foram palco neste domingo (28/10) de um segundo turno na disputa pelos governos estaduais.
Em São Paulo, o ex-prefeito João Doria (PSDB) foi eleito governador. Em uma votação apertada, o tucano recebeu 51,75% dos votos válidos contra 48,25% do atual governador Márcio França (PSB). Desde o resultado no primeiro turno, Doria declarou apoio ao agora presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e abraçou o voto BolsoDoria.
No Rio de Janeiro, a vitória foi para o novato Wilson Witzel (PSC), que obteve 59,87% dos votos. Seu adversário, Eduardo Paes (DEM), recebeu 40,13%.
Em discurso após a vitória, Witzel agradeceu o apoio do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), filho de Jair Bolsonaro. O presidente eleito se manteve neutro na disputa pelo governo do Rio, mas desde o primeiro turno Witzel tem associado seu nome ao do presidenciável do PSL.
Em Minas Gerais, um candidato que, assim como Witzel, também disputou pela primeira uma eleição foi eleito: Romeu Zema (Novo) ficou com 71,80% dos votos válidos, contra os 28,20% de Antonio Anastasia (PSDB).
Além de São Paulo, o PSDB elegeu candidatos para os governos do Rio Grande do Sul, onde Eduardo Leite conquistou 53,62% dos votos, e do Mato Grosso do Sul, que reelegeu o atual governador Reinaldo Azambuja, com 52,35%.
No Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) foi eleito com 69,79% dos votos. A legenda também se saiu vitoriosa neste segundo turno na disputa pelo governo do Pará, com a eleição de Helder Barbalho (55,43%).
Já candidatos novatos do PSL, partido do presidente eleito Jair Bolsonaro, conquistaram os governos de Rondônia, com a vitória Coronel Marcos Rocha (66,34%); de Roraima, com a eleição de Antonio Denarium (53,34%); e de Santa Catarina, com Comandante Moisés (71,09%).
Em Sergipe, foi reeleito o candidato do PSD, Belivaldo Chagas (64,7%). No Amazonas, venceu Wilson Lima (58,50%), do PSC. O Amapá reelegeu o governador Waldez Góes (PDT), com 52,35% dos votos válidos.
O Rio Grande do Norte elegeu a única mulher que governará um estado do país nos próximos quatro anos: a candidata Fátima Bezerra (PT) conquistou 57,60% dos votos válidos.
Apesar de ter elegido um governador a menos do que no pleito de 2014, ao todo, o PT foi o partido que mais elegeu candidatos para os governos estaduais nos dois turnos, com quatro. A maior perda foi a do MDB, que caiu de sete governadores eleitos em 214 para apenas três neste ano. O PSDB também perdeu dois, ficando com a liderança de três estados.
O PSL foi o partido que teve o maior saldo positivo nesta eleição, passando de nenhum governador eleito em 2014 para três. A legenda foi seguida pelo PSC e DEM, com ambos saltando de zero para dois estados.
CN/ots
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube
1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.