No Réveillon, as ruas de Berlim viram palco de uma batalha de fogos de artifício amadores. Deslocar-se pela cidade exige muita atenção e coragem, e pedestres precisam desviar de foguetes desgovernados.
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Enquanto o Natal em Berlim costuma ser lindo e mágico, o Ano Novo parece um filme de ação. Um espírito de guerra invade a cidade, e a batalha pirotécnica começa ao cair da noite. Na Alemanha, há uma fascinação por fogos de artifício, e muitas pessoas investem todas as economias do ano para preparar seu próprio show pirotécnico ao ar livre.
Nas viradas de ano que passei em Berlim, constatei que muitos perdem a noção da realidade ao entrar em contato com a pirotecnia amadora. Fogos de artifício são lançados sem nenhum cuidado, colocando em risco passantes desavisados. Com a aproximação da virada, as ruas ficam cada vez mais perigosas, cheias desses seres deslumbrados.
À meia-noite, a guerra pirotécnica atinge seu auge. É gente soltando fogos de artifício para tudo quanto é lado, inclusive de janelas e sacadas de prédios mirando em quem está parado na rua. Certo ano, tentei ir até uma ponte perto da minha casa, que tinha uma visão ampla da cidade, mas não consegui passar da esquina, pois a rua parecia um campo de batalha com fogos explodindo em diversas frentes.
Foi quando aprendi que fogos de artifício fabricados na Alemanha não são bons. Os fabricados na Polônia – proibidos aqui – são muito mais poderosos, segundo meu vizinho, que todo ano compra seu arsenal pirotécnico no país vizinho, cuja fronteira fica a cerca de 100 quilômetros da capital alemã.
Apesar da loucura, se acompanhado de algum local seguro, o espetáculo é bonito e bem mais longo dos que os tradicionais shows da virada no Brasil – em Berlim, a queima de fogos pode se estender por mais de uma hora sem parar.
Por incrível que pareça, acontecem poucos acidentes. Volta e meia há princípio de incêndio em prédios, mas quase ninguém sai ferido. Ainda não descobri o segredo alemão para evitar essas tragédias, pois com a guerra da virada, surpreendentemente salvam-se todos.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
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A capital alemã é muitas coisas: sede do governo, metrópole cultural, centro de vida noturna. Mas, acima de tudo, ela é eletrizante, uma cidade em constante mutação. Talvez, por isso, os turistas gostem tanto dela.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Vista do alto
A torre "Fernsehturm", com seus 368 metros de alturam é a estrutura mais alta da Alemanha. Em um dia claro, a plataforma de observação oferece visibilidade de até 40 quilômetros. Acima da plataforma, fica o restaurante giratório, que realiza uma rotação a cada 30 minutos.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Um lugar feliz
Em 1989, quando o Muro de Berlim caiu, artistas de todo o mundo pintaram sobre a barricada de concreto cinza. A East Side Gallery é até hoje a mais longa galeria ao ar livre do mundo. A arte criada espontaneamente ainda reflete a alegria que se espalhou por toda a Berlim com a queda do Muro.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Museus e galerias
Rodeada pelo rio Spree, a Ilha dos Museus foi nomeada Patrimônio Mundial pela Unesco em 1999. Lá, é possível admirar tesouros artístico de todo o mundo, como um busto da rainha egípcia Nefertiti e o Altar de Pérgamo, construído entre 160 e 180 a.C. em homenagem a Zeus, o reio do Olimpo. Berlim tem ainda outros 175 museus e cerca de 300 galerias de arte.
Foto: Fotolia/fhmedien_de
Diversidade cultural
Cosmopolita, ricamente colorida e com um entusiasmo pela vida — assim Berlim apresenta-se durante o festival Carnaval das Culturas. Cerca de 180 nacionalidades chamam a cidade de casa. E todo o mês de maio eles — recém-chegados e berlinenses estabelecidos — celebram o que é, provavelmente, a melhor festa de rua da cidade.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Jensen
Em constante mutação
Desde a Reunificação, em 1990, os guindastes não param: a Potsdamer Platz foi reconstruída, o Reichstag (prédio do Parlamento alemão) ganhou uma cúpula e o quarteirão do governo foi construído. O Palácio de Berlim, que deverá ser concluído em 2019, está lentamente tomando forma. Ninguém sabe ainda, porém, se o novo - e muito atrasado - aeroporto de Schönefeld estará aberto até lá.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Zinken
Tapete vermelho
Em fevereiro, Berlim estende o tapete vermelho para receber estrelas do cinema. Desde 1951, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, conhecido como Berlinale, é um dos principais do mundo. Estrelas do cinema amam a cidade, mesmo em outras épocas do ano, como Arnold Schwarzenegger e Emilia Clarke, que estiveram na capital para a estreia do mais recente "Exterminador do Futuro".
Foto: picture-alliance/dpa/C. Carstensen
Memória preservada
O Memorial do Holocausto, composto por 2.711 placas de concreto para lembrar os seis milhões de judeus europeus mortos pela Alemanha nazista, é o memorial mais visitado de Berlim. Outros monumentos incluem os dedicados às Forças Aliadas que libertaram a cidade no final da Segunda Guerra Mundial, aos que morreram tentando escapar pelo muro e aos herois da força aérea de Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Stache
Parques e jardins
Há mais de 2.500 parques em Berlim, mas o "New York Times" nomeou, recentemente, o pequeno "Prinzessinnengarten" como um dos mais belos espaços verdes da cidade. Esse antigo terreno baldio no bairro de Kreuzberg foi transformado em um jardim orgânico, em que mais de 500 tipos de vegetais são cultivados por centenas de voluntários locais.
Foto: picture-alliance/dpa
Vida noturna
A vida noturna de Berlim, conhecida como uma das mais excitantes do mundo, oferece diversão para todos os gostos, do indie rock ao hip hop e house. Alguns dos melhores DJs do mundo tocam em clubes como Berghain e Watergate. Muitas pessoas vão a Berlim só para isso — elas chegam à cidade na sexta-feira à noite e passam o fim de semana inteiro na balada antes de voltarem para casa.
Foto: picture-alliance/schroewig
Capital canina
Cerca de 100 mil cães vivem na cidade, fazendo de Berlim a capital canina da Alemanha. Mas quando os berlinenses dizem que "ladram, mas não mordem", eles estão se referindo a eles próprios. Os moradores são conhecidos por não serem muito simpáticos: "Berliner Schnauze", o termo em alemão para focinho, é usado para caracterizar a rispidez no trato considerada típica do berlinense.