O saldo dos 5 primeiros anos do casamento gay na Alemanha
6 de julho de 2022
Desde a introdução do chamado "casamento para todos" na Alemanha, em 2017, ocorreram cerca de 65 mil matrimônios entre pessoas do mesmo sexo, a maioria deles entre mulheres.
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Da introdução do chamado "casamento para todos", em 2017, até 2021, foram realizados na Alemanha cerca de 65 mil matrimônios entre pessoas do mesmo sexo, segundo dados divulgados pelo Departamento Federal de Estatísticas (Destatis) nesta terça-feira (05/07).
Os números do Destatis revelam que o auge do casamento gay na Alemanha foi em 2018, quando os casais se apressaram em oficializar suas uniões no primeiro ano após isso se tornar possível no país. Naquele ano, foram 21.757 casamentos entre pessoas do mesmo sexo. E somente nos últimos três meses de 2017, logo após o direito se tornar lei no país, foram 11.147 matrimônios.
As estatísticas também revelam que a proporção de casamentos entre mulheres vem aumentando. Em 2017, 45% dos casamentos gays foram entre mulheres. Em 2021, esse percentual foi de 53%. Os casamentos entre mulheres superaram os entre homens em todos os anos com exceção de 2017.
Em relação aos outros países da Europa Ocidental, a Alemanha legalizou o casamento gay com atraso, em grande parte devido à relutância do bloco conservador formado pela União Democrata Cristã (CDU) da então chanceler federal, Angela Merkel, e seu partido-irmão bávaro, a União Social Cristã (CSU).
As duas legendas conservadoras dominaram as coalizões de governo na Alemanha por 16 anos, até o final do ano passado.
Holanda, a pioneira
A França e o Reino Unido abriram o caminho para a legalização do casamento gay em 2013. Os britânicos implementaram a medida em 2014. Mas, a nação pioneira foi a Holanda, que aprovou a igualdade no casamento em 2001.
Os dados demonstram que os casamentos do mesmo sexo diminuíram 12,4% em 2021, comparado ao ano anterior, com 8.710 registros. A queda foi maior do que a registrada nos matrimônios entre homens e mulheres, que foi de 3,9% – de 363 mil em 2020 para 349,1 mil no ano passado.
Acredita-se que a pandemia de covid-19 tenha afetado significativamente o número de casamentos entre 2020 e 2021
A demanda maior pelos casamentos gays nos anos logo após a legalização pode ser parcialmente explicada pelo fato de que isso simplesmente não era possível antes. Desde 2001, os casais tinham a opção de registrar a união civil, algumas das quais, foram mais tarde convertidas em casamentos.
Sem levar em conta essas uniões civis, o total de casamentos gays entre 2017 e 2021 foi de 36,8 mil.
A homossexualidade na realeza através dos tempos
Holanda anunciou em 2021 que um monarca poderia se casar com um parceiro do mesmo sexo sem ter que abrir mão do direito ao trono. Mas sempre existiram gays, lésbicas e bissexuais na realeza. Relembre alguns casos.
Foto: Instagram: ivar_mountbatten
Príncipe Manvendra Singh Gohil
O príncipe indiano Manvendra Singh Gohil se tornou o primeiro príncipe abertamente gay do mundo ao se declarar homossexual em 2006. A revelação, porém, levou sua família a deserdá-lo rapidamente. Em 2013, ele se casou com seu príncipe encantado nos EUA. Ativista fervoroso dos direitos LGBTQ, hoje ele também educa sobre a prevenção do HIV e até já abrigou LGBTQs em seu palácio.
Foto: Karin Törnblom/Imago Images
Imperador Adriano (76 - 138 DC)
O imperador Adriano pode não ser considerado um rei no sentido moderno, mas foi imperador romano de 117 a 138 d.C. Nesse período, nunca escondeu seu amor pelo jovem grego Antínoo, com quem participava publicamente de cerimônias reais. Quando Antínoo morreu, Adriano ficou tão abalado que pediu que o jovem fosse transformado em deus – uma honra geralmente reservada à família do imperador.
Filipe 1º, duque de Orléans (1640-1701)
Irmão mais novo do rei Luís 14, da França, Filipe 1º jamais escondeu seu jeito afeminado. O duque era famoso por ser "perfumado, adornado com joias e extravagantemente vestido de renda e seda". Filipe teve muitos amantes – homens e mulheres –, mas seu companheiro favorito era um nobre francês da casa ducal de Lorena, com quem permaneceu até o fim da vida.
Foto: Public Domain
Rainha Ana da Grã-Bretanha (1665 - 1714)
A rainha Ana reinou na Grã-Bretanha de 1702 a 1714. Embora casada, seu coração pertencia a Sarah Churchill, uma ancestral de Winston Churchill. O afeto entre ambas está bem documentado em cartas de amor. Quando a rainha decidiu terminar o relacionamento, Churchill tornou pública a sexualidade de Ana. A história foi adaptada no filme "A Favorita".
Foto: National Portrait Gallery, London
Lorde Alfred Douglas (1870 - 1945)
Lorde Alfred Douglas, caso de amor de Oscar Wilde no início do século 20, era filho do marquês de Queensberry. Seu pai repudiava seu relacionamento com o poeta irlandês, tendo acusado Oscar Wilde de sodomia – o que acabaria colocando Wilde atrás das grades. Após os eventos traumáticos, Douglas se casou com uma mulher e repudiou publicamente a homossexualidade de Wilde.
Foto: Imago Images/Leemage
Príncipe Egon von Fürstenberg (1946 - 2004)
O príncipe Egon von Fürstenberg, da Alemanha, foi um socialite, designer e queridinho dos tabloides. Sua bissexualidade sempre foi pública: duas vezes casado com mulheres, não escondia seus parceiros homens. Ao longo da vida, Von Fürstenberg era famoso frequentador da vida noturna gay.
Foto: Holt, Rinehart and Winston
Umberto 2º (1904 - 1983)
Umberto 2º foi o último rei da Itália. Como uma forma de desacreditá-lo, jornais fascistas italianos trouxeram sua homossexualidade a público de forma sensacionalista no final de 1943. Mas após a guerra, logo ele foi nomeado rei novamente até 1946.
Foto: Public Domain
Luisa Isabel Alvarez de Toledo (1936 - 2008)
Luisa Isabel Alvarez de Toledo nunca se preocupou com a reputação familiar – e isso apesar de a Casa de Medina Sidonia, à qual ela pertencia, ser uma das casas ducais mais importantes da Espanha. Ativista dedicada contra a Igreja, ela manteve um relacionamento amoroso com sua secretária por mais de 20 anos. O casamento oficial ocorreu em 2008, com a duquesa em seu leito de morte.
Foto: picture alliance/dpa
Lorde Ivar Mountbatten
Lorde Ivar Mountbatten foi o primeiro membro da realeza britânica a ter uma relação aberta com alguém do mesmo sexo e também o primeiro a se casar com seu parceiro, em 2018. A revelação foi aparentemente bem recebida pela família – a ex-mulher de Mountbatten inclusive o acompanhou até o altar.