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Obama atribui paralisação do governo a "cruzada ideológica" republicana

1 de outubro de 2013

Presidente americano diz que ala mais conservadora da oposição quer pôr país como refém e defende reforma na saúde, centro do impasse que levou serviços públicos a serem interrompidos pela primeira vez em 17 anos.

Cercado por beneficiários do programa de saúde, Obama critica republicanos por bloquearem governoFoto: picture alliance/AP Photo

O presidente Barack Obama foi a público nesta terça-feira (01/10) e, em discurso em rede nacional, fez uma defesa ferrenha do seu programa de reforma no sistema de saúde, motivo que levou a ala mais conservadora do Partido Republicano a impor, pela primeira vez em 17 anos, o chamado shutdown – a paralisação quase total da máquina pública dos Estados Unidos.

Quando Obama foi ao jardim da Casa Branca discursar, cercado por beneficiários de seu novo programa de saúde, o sistema público já estava paralisado quase em sua totalidade há mais de 12 horas. O presidente atribuiu o impasse a uma "cruzada ideológica" do Tea Party, movimento republicano ultraconservador que se opõe à reforma da saúde.

"Esse bloqueio não deveria ter acontecido. Não faz qualquer sentido", afirmou Obama. "Os republicanos na Câmara dos Representantes decidiram fechar o governo por uma cruzada ideológica, para negar cobertura de saúde a um preço acessível a milhões de americanos. Eles não podem fazer deste país um refém."

Impasse continua

O impasse foi aberto na segunda-feira, na Câmara, que tem maioria republicana. A ala mais radical do partido se recusou a dar seu aval ao orçamento federal para o ano fiscal de 2014 por ser contrária à reforma do sistema de saúde de Obama – aprovada em 2010 no Congresso, então dominado pelos democratas, e ratificada como legal pela Suprema Corte.

Sem dinheiro, as agências federais dos EUA receberam ordens para suspender suas atividades não essenciais. Mais de 800 mil funcionários públicos estão momentaneamente sem trabalho e sem salário. Os que continuam em suas atividades só o fizeram graças a uma lei de emergência assinada pelo presidente ainda na noite de segunda-feira.

"Muitos deputados deixaram claro que se eles tivessem tido permissão do presidente da Câmara, John Boehner, para fazer uma votação simples para deixar o governo operando sem condições atreladas, votos suficientes dos dois partidos teriam deixado o governo do povo americano aberto e operando", afirmou Obama.

Deputados discutem projeto orçamentário na Câmara dos Representantes dos Estados UnidosFoto: BRENDAN SMIALOWSKI/AFP/Getty Images

O fechamento do governo ocorreu depois de mais de uma semana de debates e propostas de lei nas duas câmaras do Congresso, divididas pela estratégia dos republicanos de utilizar a negociação sobre o orçamento como pretexto para tentar enfraquecer a lei de reforma da saúde, conhecida popularmente como Obamacare.

Apoio ao governo

Partes importantes do programa, maior projeto de governo de Obama, entraram em vigor nesta terça-feira e não foram afetadas por terem orçamento próprio. Repetindo o discurso de mais cedo, o presidente americano afirmou que, apesar dos republicanos, a reforma da saúde "não será interrompida".

Nos últimos dias, a Câmara dos Representantes, dominada pelos republicanos, e o Senado, de maioria democrata, lançaram-se num jogo de pingue-pongue. Por três vezes, a Câmara apresentou um projeto de orçamento provisório incluindo modificações que enfraqueciam a reforma da saúde, e por três vezes o Senado rejeitou as propostas, a última delas já na noite de segunda-feira.

Sondagens indicam que a maior parte da opinião pública apoia Obama na crise do orçamento. A última vez que o governo americano passou por paralisação similar foi entre 16 de dezembro de 1995 e 6 de janeiro de 1996, quando o governo Bill Clinton teve dificuldades para vencer resistências numa disputa orçamentária com os republicanos, que tinham maioria no Congresso.

RPR/afp/ap/rtr/dpa

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