Obama defende estratégia americana contra "Estado Islâmico"
14 de dezembro de 2015
Presidente dos EUA garante que extremistas perderam cerca de 40% de terreno no Iraque e que coalizão está atingindo o EI "mais forte do que nunca". Mas também admite que progresso do combate poderia ser mais rápido.
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta segunda-feira (14/12) que Washington e seus aliados no combate ao "Estado Islâmico" (EI) estão atingindo a organização extremista "mais forte do que nunca".
Falando no Pentágono, Obama discursou numa tentativa de mostrar que a estratégia americana está funcionando, apesar dos ataques em Paris e na Califórnia. Ele garantiu que os extremistas perderam aproximadamente 40% do terreno que chegaram a controlar no Iraque e que o EI não realizou uma única operação terrestre com sucesso em território iraquiano ou sírio desde a metade do ano.
Obama afirmou que os aliados dos Estados Unidos estão eliminando os líderes do "Estado Islâmico" um por um e acrescentou que líderes extremistas restantes não podem se esconder. "A nossa mensagem a eles é simples: 'Você é o próximo'."
O presidente americano garantiu também que a estratégia de Washington de caçar líderes, responsáveis por treinamentos e de interromper o financiamento e a propaganda do grupo jihadista está progredindo. No entanto, ele reconheceu que poderia ser mais rápido. "Admitimos que os progressos precisam ser agilizados", disse.
Obama deu as declarações depois de ter se reunido com sua equipe do Conselho de Segurança Nacional no Pentágono, também nesta segunda-feira. Ele comunicou também que encarregou o secretário de Defesa, Ash Carter, de ir ao Oriente Médio para assegurar mais contribuições militares à coalizão que luta contra combatentes do EI.
O raro encontro fora das dependências da Casa Branca faz parte de uma jogada de relações pública para aliviar as preocupações da população americana sobre terrorismo doméstico antes dos feriados de fim de ano.
Antes do ataques em San Bernardino, na Califórnia, onde um casal muçulmano matou 14 pessoas, pesquisas mostravam que mais de 60% dos americanos desaprovavam a forma como Obama estava lidando com o "Estado Islâmico" e a ameaça terrorista.
PV/afp/rtr/ap
A guerra civil na Síria antes do EI
O "Estado Islâmico" inflamou o debate sobre como pôr fim à guerra civil síria. Contudo o grupo só emergiu mais tarde no conflito. Confira alguns momentos dessa guerra que abriram espaço para o avanço dos jihadistas.
Foto: AP
Março de 2011
Enquanto regimes ruem por todo o Oriente Médio, dezenas de milhares de sírios vão às ruas para protestar contra a corrupção, o desemprego elevado e a alta dos preços dos alimentos. O governo da Síria responde com armas de fogo. Até maio, cerca de 400 vidas são ceifadas.
Foto: dapd
Maio de 2011
Sob insistência dos países ocidentais, o Conselho de Segurança da ONU condena a repressão violenta. Nos meses seguintes, os Estados Unidos e a União Europeia impõem embargo de armas, recusa de vistos e congelamento de bens. Com apoio da Liga Árabe, aumenta a pressão para a saída do presidente sírio Bashar al-Assad – embora sem o aval de todos os países-membros da ONU.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Szenes
Agosto de 2011
Em 1970 um golpe pusera Hafez al-Assad no poder. Após sua morte, em 2000, o filho Bashar (à dir.) assume a liderança. De início tido como reformista, ele perde apoio ao manter o estado de emergência que há décadas restringe as liberdades políticas, permitindo vigilância e interrogatórios. Assad tem respaldo da Rússia, que lhe fornece armas e repetidamente veta as resoluções da ONU sobre a Síria.
Foto: picture-alliance/dpa/Stringer/Ap/Pool
Dezembro de 2011
A ONU e outras organizações têm provas de violação dos direitos humanos na Síria. Civis e militares desertores começam a se organizar lentamente para combater as forças do governo, que vêm atacando os dissidentes. Até o fim de 2011, essa luta causa mais de 5 mil mortes. Mesmo assim, ainda transcorrem seis meses até a ONU reconhecer que o país está em guerra.
Foto: Reuters/Goran Tomasevic
Setembro de 2012
O Irã finalmente confirma que tem combatentes em solo sírio, fato que Damasco negava há tempos. A presença de tropas aliadas acentua a hesitação dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais em intervir no conflito. Os EUA, marcados pelas intervenções fracassadas no Afeganistão e no Iraque, propõem o diálogo como única solução sensata.
Foto: AP
Março de 2013
As mortes beiram 100 mil, e o total de refugiados em países vizinhos como a Turquia e a Jordânia atinge 1 milhão – número que duplicaria até setembro. Em dois anos de guerra, o Ocidente e a Liga Árabe veem fracassar todas as tentativas de um governo de transição, enquanto o conflito transborda para a Turquia e o Líbano. O pior temor é de que Assad se mantenha no poder a todo custo.
Foto: Reuters/B. Khabieh
Abril de 2013
Há muito Assad alega estar combatendo terroristas. Mas só no segundo ano de guerra se confirma que o Exército Livre Sírio inclui extremistas radicais. O grupo Frente al-Nusra declara apoio à Al Qaeda, fragmentando ainda mais a oposição.
Foto: Reuters/A. Abdullah
Junho de 2013
A Casa Branca afirma ter provas de que Assad está atacando civis com o gás tóxico sarin. Mais tarde a informação é corroborada pela ONU. A partir da revelação, o presidente dos EUA, Barack Obama, e outros líderes ocidentais passam a considerar uma intervenção militar. No entanto a proposta da Rússia para que se retirem as armas químicas da Síria acaba por se impor.
Foto: Reuters
Janeiro de 2014
Ao fim de 2013 surgem relatos sobre um novo grupo autodenominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante – o futuro EI. Ao tomar terras no norte da Síria e também no Iraque, os jihadistas despertam lutas internas na oposição, causando 500 mortes até o início de janeiro. Esse terceiro e inesperado fator levaria os EUA, França, Arábia Saudita e outras nações à intervir na guerra em meados do ano.