Obama e Castro promovem encontro histórico no Panamá
11 de abril de 2015
Na primeira reunião em mais de 50 anos, presidentes de EUA e Cuba mostram estar abertos à reconciliação. Conversa simboliza mudança nas relações políticas entre as duas nações.
Anúncio
Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, se reuniram neste sábado (11/04) paralelamente à agenda oficial da 7ª Cúpula das Américas, no Panamá, e mostraram vontade em melhorar as relações diplomáticas entre os países, após décadas de hostilidade.
No primeiro encontro entre um líder dos EUA e um de Cuba desde 1956, Obama agradeceu Castro por seu "espírito de abertura". O presidente cubano, por sua vez, salientou que as negociações entre Washington e Havana irão exigir paciência.
"Esse é obviamente um encontro histórico", declarou Obama. O presidente americano disse que os dois países podem acabar com o antagonismo da Guerra Fria e acrescentou que, após 50 anos de políticas que não funcionaram, era "hora para tentarmos algo novo".
"Nós estamos agora em condições de seguir no caminho para o futuro", reforçou Obama, acrescentando que a maioria dos americanos e cubanos considera positiva a normalização das relações diplomáticas entre os dois países.
Castro, por sua vez, afirmou que concorda plenamente com o líder americano e ressaltou que, mesmo que os dois governos ainda tenham diferenças, há respeito às "ideias dos outros". O líder cubano lembrou também que é preciso ter paciência nesse momento. "Estamos dispostos a debater sobre tudo, mas precisamos ser pacientes, muito pacientes", disse.
Divergências continuam
Ambos os presidentes, no entanto, reconheceram que continuarão havendo divergências entre seus governos. Obama citou, por exemplo, a situação dos direitos humanos em Cuba. Em contrapartida, Castro pediu novamente o fim do embargo americano à ilha.
"Eu acho que não é segredo e tenho certeza que o presidente Castro concordará que diferenças significativas continuarão existindo entre os dois países", afirmou Obama.
A esperada reunião aconteceu em uma pequena sala no centro de convenções que sedia a Cúpula das Américas. Momentos antes do encontro histórico, ambos os líderes trocaram gentilezas durante seus discursos na sessão plenária da Cúpula.
Essa foi a primeira vez que líderes dos dois países se encontraram em mais de 50 anos e a reunião simboliza a mudança nas relações políticas entre as duas nações. Cuba e EUA estão com as relações rompidas desde 1961. O encontro de Obama e Castro é mais um importante passo para avançar a reaproximação entre Washington e Havana, iniciada em dezembro de 2014.
CN/rtr/afp/efe
7ª Cúpula das Américas
Líderes do continente americano discutem, nos dias 10 e 11 de abril, na Cidade do Panamá, temas como economia e desigualdade social nos países. Em edição histórica, Cuba marca presença pela primeira vez.
Foto: DW/S. Czimmek
Cidade do Panamá
A Cidade do Panamá sedia a 7ª Cúpula das Américas nos dias 10 e 11 de abril. A capital do Panamá tem cerca de 1,5 milhão de habitantes, com arranha-céus e hotéis que dominam a paisagem. Era desta cidade que saíam as riquezas incas para a Europa nos séculos 15 e 16. Hoje, o país é considerado modelo econômico na América Latina, principalmente devido às receitas do Canal do Panamá.
Foto: DW/M. Soric
Trinta e cinco chefes
Os encontros ocorrem no Centro de Convenções Atlapa, localizado no centro da cidade. Trinta e cinco chefes de governo e de Estado foram convidados. A Cúpula das Américas ocorre a cada três anos e é preparada pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
Foto: DW/M. Soric
Cuba presente
Pela primeira vez, Cuba irá participar da cúpula, algo que até então os Estados Unidos e o Canadá costumavam barrar. Nesta quinta-feira (10/04), o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, tiveram um encontro na primeira reunião de alto nível entre os dois países desde 1958.
Foto: picture-alliance/dpa/US Department of State/G. Johnson
Embaixada vigiada
A Embaixada de Cuba na Cidade do Panamá é rigorosamente vigiada, inclusive o trânsito foi desviado. Os delegados de Havana ficaram incomodados que tantos dissidentes tenham viajado até o Panamá. Foram registrados confrontos entre apoiadores e opositores do governo cubano.
Foto: DW/M. Soric
Sociedade civil
Não apenas políticos estão presentes no encontro. Representantes da sociedade civil também foram convidados. Lilian Tintori estará presente para reforçar a luta do marido, Leopoldo López, conhecido opositor do governo na Venezuela, preso por razões políticas há 14 meses, em Caracas.
Foto: DW/M. Soric
Desigualdade
A desigualdade social é o principal tema do encontro. Chefes de Estado e de governo discutirão o que precisa ser feito para melhorar as condições de vida dos habitantes das Américas. Questão importante no Panamá: os 10% mais ricos da população detêm 40% da renda nacional; os 10% mais pobres ficam com apenas 1,1%. O Banco Mundial queixa-se há anos da desigualdade no Panamá.
Foto: DW/S. Czimmek
Trabalho infantil
Conforme o Unicef, o trabalho infantil é um grave problema a ser combatido no Panamá. A entidade calcula que 50 mil crianças são exploradas nas fazendas de cana-de-açúcar, café e banana do país. Muitos menores ainda trabalham em fábricas e também na indústria da pesca.
Foto: DW/S. Czimmek
Pobreza
Metade das crianças abaixo dos cinco anos vive na pobreza no Panamá. Muitas delas são oriundas de tribos indígenas. Durante a Cúpula das Américas, o trabalho infantil também será abordado. Para os observadores, porém, pouco tende a mudar.