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Visita de Obama

7 de abril de 2009

No final da visita à Europa, Obama ganha na Turquia aplausos no Parlamento por afirmar que EUA não estão em guerra com o Islã. Escritora turco-alemã considera trágico esquecer que Turquia é república secular.

Barack Obama termina sua visita pela TurquiaFoto: picture-alliance/ dpa

Com um encontro com religiosos e uma visita à Mesquita Azul, em Istambul, o presidente norte-americano Barack Obama finaliza, nesta terça-feira (07/04), sua visita de oito dias ao continente europeu e à Turquia.

Na segunda-feira em Ancara, capital turca, Obama havia discursado no Parlamento, distribuindo elogios e cumprimentos aos anfitriões e iniciando assim uma nova era nas relações entre a Turquia e os Estados Unidos. O presidente norte-americano mostrou-se também bastante diplomático em relação à problemática que envolve o governo turco, armênios e curdos.

Obama havia prometido à comunidade da diáspora armênia nos Estados Unidos denominar de "genocídio" o massacre a armênios por turcos durante a Primeira Guerra Mundial. Na coletiva de imprensa realizada na segunda-feira em Ancara, Obama salientou que não havia mudado de opinião, mas evitou usar a palavra tão temida pelos turcos.

Apoio norte-americano a ingresso na UE

Protestos contra Obama em IstambulFoto: AP

No seu discurso no Parlamento em Ancara, Obama mencionou todos os temas importantes nas relações bilaterais, sublinhando as contribuições prestadas pelos turcos até agora: o apoio às tropas que combatem o terrorismo no Afeganistão, a mediação entre Israel e Síria com vista à devolução das Colinas de Golã, como também os esforços em prol de novas negociações com o Irã. Segundo Obama, a Turquia é o único país da região que tem relações boas e cordiais com os demais vizinhos.

Além disso, Obama reiterou em Ancara seu apoio ao ingresso da Turquia como membro efetivo da União Europeia. "Quero dizer claramente: os EUA apoiam energicamente o pedido de ingresso da Turquia na União Europeia", declarou o presidente norte-americano.

Linha de união

Essa declaração trouxe a Obama aplausos espontâneos, como também a alusão de que a organização clandestina curda Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) pertenceria à lista de organizações terroristas.

No Parlamento turco, Obama salientou mais uma vez sua política diante do mundo islâmico. "Os Estados Unidos não estão e nunca estarão em guerra com o Islã", afirmou.

O melhor colírio para os olhos dos turcos veio no final de seu discurso. Obama elogiou a grandeza política e histórica do país e sua localização entre dois continentes, afirmando que o Estreito de Bósforo não é uma linha de divisão, mas de união. "Esta não é uma linha que separa o Ocidente do Oriente, mas onde eles se encontram", explicou.

Compreensão em relação a uma Turquia islâmica

A socióloga alemã de ascendência turca Necla Kelek criticou que cada vez mais a Turquia é vista no Ocidente como um país muçulmano. "A Turquia é uma república secular", afirmou a escritora nesta terça-feira em entrevista à emissora Deutschlandradio. Kelek considera trágico o fato de que isso não seja mais mencionado.

Segundo a escritora, o partido do governo AKP está levando o país em direção de uma nação islâmica. Isso se notaria pelo grande número de mesquitas que estão sendo construídas em vez de escolas, explicou.

Kelek comentou a visita do presidente norte-americano, observando que, para os turcos, a Europa e os EUA são vistos como "países ateus" e que Obama, durante sua visita, se apresentou como uma pessoa religiosa, tentando assim ganhar a aprovação do AKP e da população. Segundo a socióloga, o presidente norte-americano ganhou aplausos no Parlamento turco porque demostrou compreensão em relação a uma Turquia islâmica.

Diplomacia a longo prazo

O jornal britânico The Independent comentou nesta terça-feira que o apoio claro de Obama ao ingresso da Turquia como membro efetivo da União Europeia não agradou aos governos em Berlim e em Paris. Segundo o jornal, Merkel e Sarkozy teriam rejeitado a ideia de que o país com 80 milhões de habitantes, em sua maioria muçulmanos, possa se tornar rapidamente um membro da União Europeia.

"Obama pode ter sido pouco diplomático ao apoiar incondicionalmente o pedido turco de ingresso na UE, mas não devemos nos enganar: fechar a porta na cara dos turcos não é de interesse dos europeus", comentou o jornal britânico.

CA/dpa/epd/ap/dw

Revisão: Soraia Vilela

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