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Obama homenageia vítimas da ditadura argentina

24 de março de 2016

No último dia em Buenos Aires, presidente admite demora dos EUA em defender direitos humanos no país sul-americano e presta homenagem às vítimas, pedindo que os crimes da ditadura nunca mais se repitam.

Barack Obama e o presidente da Argentina, Mauricio Macri, em Buenos Aires
Obama e Macri no monumento às vítimas da ditadura, às margens do Rio da Prata em Buenos AiresFoto: Getty Images/AFP/N. Kamm

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, homenageou nesta quinta-feira (24/03), em Buenos Aires, as vítimas da ditadura argentina e reconheceu que Washington demorou para falar em defesa do direitos humanos no país sul-americano.

Para lembrar o 40º aniversário do golpe militar que deu início a uma ditadura sangrenta, Obama visitou, ao lado do presidente argentino, Mauricio Macri, o Parque de la Memoria e o monumento dedicado aos "desaparecidos", pessoas sequestradas pelas forças de segurança e cujos corpos, na maioria dos casos, nunca foram encontrados.

Obama tem sido criticado por organizações de direitos humanos, que acusam os Estados Unidos de terem apoiado o governo militar, responsável por cerca de 30 mil desaparecimentos, de acordo com os cálculos desses grupos.

Obama dança tango na Argentina

01:13

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"As democracias devem ter a coragem de reconhecer quando não estão à altura dos ideais que defendemos. Temos sido lentos para falar a favor dos direitos humanos, e esse foi o caso aqui", disse Obama. "Tem havido uma controvérsia sobre as políticas dos Estados Unidos no início dos dias negros."

Obama lembrou dos macabros "voos da morte", no qual o regime militar jogou adversários políticos drogados e nus, de aeronaves, no Rio de la Plata. "Esta é uma homenagem à memória das vítimas, mas também à coragem e resistência daqueles que se recusaram a abandonar a busca pela verdade e pela justiça", sublinhou o presidente.

Segundo Obama, é graças à perseverança dos familiares das vítimas que se cumprirá a promessa de "nunca mais", expressão usada pelos argentinos para se referir à memória da ditadura.

Algumas organizações de direitos humanos consideraram a visita de Obama uma provocação, por coincidir com o aniversário do golpe.

Argentinos protestam contra a visita de Obama e acusam EUA de apoiar a ditadura militarFoto: Reuters/A. Marcarian

Washington anunciou na semana passada que vai liberar documentos de inteligência sobre abusos da ditadura, atendendo assim a um pedido histórico dos grupos de direitos humanos locais. E Obama disse nesta quinta-feira que vai liberar documentos adicionais.

O presidente dos Estados Unidos chegou nesta quarta-feira à Argentina para relançar as relações bilaterais entre os dois países, em meio a uma histórica turnê diplomática, depois de mais de uma década de tensões.

Após a visita oficial, Obama viaja para Bariloche, onde descansa algumas horas com sua família, antes de voltar para casa.

A viagem de Obama à Argentina é a última etapa de um giro histórico, no qual um presidente americano pisou pela primeira vez solo cubano após 88 anos, depois de décadas marcadas pela tensão da Guerra Fria.

MD/rtr/dpa

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