Presidente dos EUA defende direitos humanos, liberdade de expressão e democracia em discurso no último dia de sua passagem por Cuba. Visita "enterra os últimos restos" da Guerra Fria na América, afirma.
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Obama faz discurso histórico em Havana
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu nesta terça-feira (22/03) os direitos humanos, a liberdade de expressão e a democracia em discurso realizado num teatro em Havana, no último dia de sua visita a Cuba. Ele pediu aos cubanos para que encarem o futuro com esperança e disse também que o mundo deve se unir contra o terrorismo, referindo-se aos atentados em Bruxelas.
Em discurso transmitido em cadeia nacional, Obama fez uma defesa das liberdades políticas em Cuba, incluindo liberdade de expressão e religião. O discurso foi realizado no Gran Teatro Alicia Alonso, diante de uma plateia que incluía o presidente cubano, Raúl Castro.
Obama faz discurso histórico em Havana
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O presidente americano afirmou que chegou a Havana para "enterrar os últimos restos" da Guerra Fria na América.
Ele também pediu reformas econômicas e políticas, falando em um Estado de partido único, onde pouca dissidência é tolerada. "Os eleitores devem poder escolher seus governos em eleições justas e livres", ressaltou, descrevendo a ideia como algo consistente com o que os Estados Unidos querem para os países do mundo.
"Nem todos concordam comigo sobre isso, nem todo mundo concorda com o povo americano sobre isso, mas acredito que os direitos humanos são universais. Eu acredito que eles são os direitos do povo americano, do povo cubano e das pessoas ao redor do mundo", complementou Obama.
O discurso marcou o último dia de uma viagem histórica, que incluiu também encontros com dissidentes cubanos e a ida a um jogo de baseball. Esta é a primeira visita de um presidente dos EUA a Cuba em 88 anos e o ponto alto de uma abertura diplomática que EUA e Cuba anunciaram em dezembro de 2014, terminando décadas de crise entre Washington e Havana.
Obama arrancou fortes aplausos da plateia quando reiterou seu apelo por um fim ao embargo econômico dos Estados Unidos contra Cuba, algo que apenas o Congresso dos EUA pode suspender. O presidente americano quer tornar essa mudança irreversível antes de deixar o cargo, em janeiro, e firmando-a como parte de seu legado de política externa.
Obama é recebido com aplausos em Havana
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Ao se referir aos ataques terroristas em Bruxelas, Obama garantiu o apoio dos Estados Unidos ao governo da Bélgica e pediu união contra o terrorismo. "Temos de estar juntos, independentemente da nacionalidade, raça ou fé, para lutar contra o flagelo do terrorismo. Podemos e vamos derrotar os que ameaçam a proteção e a segurança das pessoas em todo o mundo", afirmou.
"Faremos tudo o que pudermos para apoiar os nossos amigos e aliados", sublinhou Obama, que tinha telefonado pouco antes com o primeiro-ministro belga, Charles Michel, para comunicar o apoio dos Estados Unidos.
MD/lusa/rtr/efe
EUA e Cuba: crônica da rivalidade
Desde a Revolução Cubana, em 1959, Cuba e os Estados Unidos estão em disputa, que já envolveu mercenários, bloqueios navais, sanções econômicas, criminosos e carros de boi.
Foto: picture-alliance/dpa
Bordel dos EUA
Antes da revolução, Cuba era, para muitos americanos, sinônimo de jogos de azar, casas noturnas e outros tipos de entretenimento – como um jantar no Havana Yacht Club (foto). "Cuba era o bordel dos EUA", definiu mais tarde o cientista político americano Karl E. Meyer. Para a população, a ditadura de Fulgencio Batista, no entanto, significava principalmente estagnação, desemprego e pobreza.
Para derrubar o regime já falido, Fidel Castro precisa de apenas um exército de guerrilha de algumas centenas de homens. Em 1° de janeiro de 1959, Batista foge de Cuba, e os rebeldes tomam Havana. Os EUA impõem sanções imediatamente, que vão sendo intensificadas nos anos seguintes. A liderança cubana, então, recorre à União Soviética.
Foto: picture-alliance/dpa
Fiasco na Baía dos Porcos
Uma tropa mercenária de cubanos exilados tentou derrubar o regime em 1961, com ajuda da CIA. A operação foi um fiasco. O Exército Revolucionário Cubano acaba com a invasão na Baía dos Porcos dentro de três dias, afirmando ter feito mais de mil prisioneiros.
Foto: AFP/Getty Images/M. Vinas
À beira de uma guerra nuclear
Devido ao relacionamento abalado entre EUA e Cuba, a União Soviética, passa, de repente, a dispor de uma base localizada a apenas cerca de 150 quilômetros dos Estados Unidos. O Kremlin quer estacionar mísseis na ilha. E, em 1962, a crise cubana deixa o mundo à beira de uma guerra nuclear. Com um bloqueio naval, os Estados Unidos impedem o transporte dos mísseis.
Foto: picture-alliance/dpa
Saúde e educação exemplares
A União Soviética não poupa esforços. Por décadas, Cuba é fortemente subsidiada, recebendo, entre outras coisas, petróleo bruto, que é reexportado pela ilha para obtenção de divisas. Cuba consegue, assim, construir sistemas de saúde e de educação exemplares.
Foto: picture-alliance/dpa
O êxodo dos marielitos
Em 1980, Fidel Castro permite que emigrantes deixem o país a partir do Porto de Mariel, com destino aos Estados Unidos. Cerca de 125 mil cubanos chegam à Flórida. Entre eles, estão alguns que haviam sido libertados pela administração cubana de prisões e hospitais psiquiátricos. A taxa de criminalidade em Miami aumenta drasticamente.
Foto: picture-alliance/Zuma Press/T. Chapman
Dependência açucarada
Por décadas, o embargo dos EUA limita a economia cubana de forma maciça. Além disso, não ocorre diversificação alguma. A cana-de-açúcar permanece sendo, mesmo após a revolução, o principal produto de exportação da ilha. Cuba continua totalmente dependente da assistência da União Soviética, algo que fica bastante claro a partir de 1990.
Foto: AFP/Getty Images/N. Barroso
"Período especial em tempo de paz"
Com o colapso da União Soviética, vem a quebra da economia cubana. Tudo passa a faltar. Fidel Castro declara a época de choque da economia cubana, a partir de 1990, como o "Período Especial em Tempos de Paz". Na ausência de combustível e peças de reposição, bois passam a ser usados como meio de transporte. Desde o final da década de 1990, a Venezuela fornece petróleo a preço baixo ao país.
Foto: AFP/Getty Images/A. Roque
O vai e vem das sanções
Desde 1993, a Assembleia Geral das Nações Unidas apela todos os anos para que os EUA acabem com sua política de embargo. Os EUA apertam e desapertam os parafusos das retaliações de tempos em tempos. Assim, as regulamentações do bloqueio ficam mais rigorosas em 1996 e mais relaxadas em 1999. Em 2004, o presidente George W. Bush endurece as sanções.
Foto: Getty Images/J. Raedle
Um novo capítulo se inicia
Após a libertação do prisioneiro americano Alan Gross e de três agentes cubanos presos nos EUA desde 1998, Raúl Castro e Barack Obama surpreendem o mundo ao anunciar, no dia 17 de dezembro de 2014, que normalizarão as relações diplomáticas entre os dois países e reabrirão suas embaixadas. Obama amplia as exceções ao embargo econômico e comercial sobre a ilha.
Pouco mais de seis meses após o anúncio da retomada das relações diplomáticas, Obama anuncia em 1º de julho de 2015 a reabertura das embaixadas dos EUA e de Cuba em Havana e Washington dentro de alguns dias. Desde dezembro de 2014, passos tomados para a reaproximação incluem a retirada de Cuba da lista de países que financiam o terrorismo e a libertação de presos políticos pelo governo cubano.