Obama promete a Merkel apoio na crise de refugiados
22 de janeiro de 2016
Em telefonema, líderes dos Estados Unidos e da Alemanha concordam em cooperar em busca de uma solução política para o conflito na Síria e no auxílio aos milhões de afetados pela guerra no país.
Anúncio
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu à chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, nesta quinta-feira (21/01), apoio "substancial" para amenizar a crise de refugiados no Oriente Médio e na Europa, segundo o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.
O porta-voz afirmou que Obama e Merkel conversaram por telefone sobre os objetivos de uma conferência de doadores internacionais que visa angariar fundos para refugiados sírios, prevista para acontecer em Londres no próximo dia 4 de fevereiro.
"O presidente prometeu que o governo americano contribuirá substancialmente", disse Seibert em comunicado.
Obama e Merkel concordaram também que a crise na Síria só poderá ser resolvida com uma solução política. "Os dois líderes se comprometeram a trabalhar juntos nos próximos meses para proteger e auxiliar as milhões de pessoas cujas vidas foram transformadas pela guerra", ressaltou a Casa Branca.
A chanceler federal alemã vem enfrentando pressão interna em relação à imposição de um limite para o número de refugiados que o país receberá neste ano – medida que a líder rejeita com veemência. Em 2015, cerca de 1,1 milhão de requerentes de asilo chegaram à Alemanha, o que impactou diretamente a popularidade de Merkel e o apoio a ela dentro da coalizão de governo.
A crise migratória também foi tema no Fórum Econômico Mundial, em Davos, nesta quinta-feira. Alguns representantes de países europeus disseram que o futuro da União Europeia (UE) pode estar ameaçado, caso não seja definida uma abordagem comum para lidar com a crise de refugiados e os desafios em termos de segurança.
Embora tenha prometido uma "redução mensurável" no número de migrantes que chegará ao bloco neste ano, Merkel se recusa a definir um teto para o número de refugiados no país. Tal medida exigiria o fechamento das fronteiras alemãs, argumenta.
Em vez disso, a líder da Alemanha tenta convencer seus parceiros europeus a implementarem um sistema de cotas para a distribuição dos refugiados no bloco. Ela também liderou uma campanha na UE para convencer a Turquia a manter em seu território sírios que fugiram para o país.
O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, afirmou ser necessária a transferência de "bilhões de euros" para países que fazem fronteira com a Síria. A Europa precisa perceber que solucionar a crise migratória custará "muito mais" que o previsto, ressaltou.
CN/rtr/ap
2015, o ano dos refugiados
Nunca tantas pessoas estiveram em fuga como em 2015. Muitos delas seguiram para a Europa, com o objetivo de chegar à Alemanha ou à Suécia. Confira uma restrospectiva fotográfica do "ano dos refugiados".
Foto: Reuters/O. Teofilovski
Chegada à União Europeia
Esses jovens sírios superaram uma etapa perigosa da sua viagem: eles conseguiram chegar à Grécia e, assim, à União Europeia. O objetivo final, porém, ainda não foi alcançado: eles querem continuar a jornada para o norte, em direção a outros países-membros do bloco. Em 2015, a maioria dos refugiados seguiu para a Alemanha e para a Suécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Perigosa travessia do Mediterrâneo
O caminho que eles deixam para trás é extremamente perigoso. Vários barcos com refugiados, nem sempre aptos à navegação, já viraram durante a travessia do Mar Mediterrâneo. Estas crianças sírias e seu pai tiveram sorte: eles foram resgatados por pescadores gregos na costa da ilha de Lesbos, na Grécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
A imagem que comoveu o mundo
Aylan Kurdi, de 3 anos, não sobreviveu à fuga. No início de setembro, ele se afogou no Mar Egeu, juntamente com o irmão e a mãe, ao tentar chegar à ilha grega de Kos. A foto do menino sírio, morto na praia de Bodrum, espalhou-se rapidamente pela mídia e chocou pessoas de todo o mundo.
Foto: Reuters/Stringer
Onde as diferenças são visíveis
A ilha grega de Kos, a menos de 5 quilômetros de distância da Turquia continental, é o destino de muitos refugiados. As praias geralmente cheias de turistas servem de ponto de desembarque, como no caso deste grupo de refugiados paquistaneses que chegou à costa da Grécia com um bote de borracha.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Em meio ao caos
Porém, muitos refugiados não conseguem simplesmente seguir viagem quando chegam a Kos. Eles somente podem seguir para o continente após serem registrados. Durante o verão europeu, a situação se agravou quando as autoridades fizeram com que os refugiados esperassem pelo registro num estádio, sob o sol escaldante e sem água.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Um navio para refugiados
Por causa da condições precárias, tumultos eram frequentes na ilha de Kos. Para acalmar a situação, o governo grego fretou um navio, que permaneceu ancorado e foi transformado em alojamento temporário para até 2.500 pessoas e em centro de registro de migrantes.
Foto: Reuters/A. Konstantinidis
"Dilema europeu"
Mais ao norte, na fronteira da Grécia com a Macedônia, policiais não permitiam mais a passagem de pessoas, entre elas crianças aos prantos, separadas de seus pais. Esta foto tirada pelo fotógrafo Georgi Licovski no local, e que mostra o desespero de duas crianças, foi premiada pelo Unicef como a imagem do ano, já que mostra "o dilema e a responsabilidade da Europa".
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem conexões para refugiados
No final do verão europeu, Budapeste se transformou em símbolo do fracasso das autoridades e da xenofobia. Milhares de refugiados estavam acampados nas proximidades de uma estação de trem da capital húngara, pois o governo do país os proibira de seguir viagem. Muitos decidiram seguir a pé em direção à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Fronteiras abertas
Uma decisão na noite de 5 de setembro abriu caminho para os refugiados: a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o chanceler austríaco, Werner Faymann, decidiram simplesmente liberar a continuação da viagem por parte dos migrantes. Como consequência, vários trens especiais e ônibus seguiram para Viena e Munique.
Foto: picture alliance/landov/A. Zavallis
Boas vindas em Munique
No primeiro final de semana de setembro, cerca de 20 mil refugiados chegaram a Munique. Na estação central de trem da capital da Baviera, inúmeros voluntários se reuniram para receber os refugiados com aplausos e lhes fornecer comida e roupas.
Foto: Getty Images/AFP/P. Stollarz
Selfie com a chanceler
Enquanto a chanceler federal Angela Merkel era aplaudida por refugiados e defensores de sua política de asilo, muitos alemães se voltavam contra a política migratória. "Se tivermos de pedir desculpas por mostrar uma face acolhedora em situações de emergência, então este não é mais o meu país", respondeu a chanceler. A frase "Nós vamos conseguir" se tornou o mantra de Merkel.
Foto: Reuters/F. Bensch
Histórias na bagagem
No final de setembro, a polícia federal alemã divulgou uma imagem comovente: o presente que uma menina refugiada deu a um policial da cidade alemã de Passau. O desenho mostra o horror que vários migrantes vivenciaram e o quão felizes eles estavam por, finalmente, estarem em um local seguro.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundespolizei
O drama continua
Até o final de outubro, mais de 750 mil refugiados haviam chegado à Alemanha. Mas o fluxo não parava. Sobrecarregados, os países da chamada Rota dos Bálcãs decidiram fechar suas fronteiras. Apenas sírios, afegãos e iraquianos estavam autorizados a passar. Em protesto, migrantes de outros países chegaram a costurar seus lábios.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem fim à vista
"Ajude-nos, Alemanha" está escrito em cartazes de manifestantes na fronteira com a Macedônia. Na Europa, o inverno se aproxima, e milhares de pessoas, entre elas crianças, estão presas nas fronteiras. Enquanto isso, até mesmo a Suécia retomou o controle temporário de fronteiras. Em 2016, o fluxo de refugiados deverá continuar.