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Obama: hora da mudança

DW (as)20 de setembro de 2008

Festejado como um astro do rock, o candidato dos democratas Barack Obama incorpora a esperança de uma guinada na política americana após oito anos de governo Bush. Mas seus críticos ridicularizam sua aura de profeta.

Barack Obama: líder carismático, que se posicionou contra a Guerra do IraqueFoto: AP

Desde a convenção democrata de 2004, quando evocou a unidade dos Estados Unidos e o sonho americano num discurso hoje famoso, o senador Barack Hussein Obama, de 47 anos, passou da condição de estrela em ascensão do Partido Democrata para a de candidato à presidência dos Estados Unidos. Obama é festejado como uma estrela do rock – principalmente pelos jovens do país, para quem ele personifica a esperança, a mudança e a conciliação.

Fora dos Estados Unidos, Obama – um ferrenho adversário da Guerra do Iraque – alcançou uma popularidade que há muito tempo não era obtida por um político americano, graças principalmente ao seu carisma e à sua retórica brilhante. Para o ex-ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Joschka Fischer, o senador negro de Illinois é um político "cuja mensagem por um mundo melhor e mais justo soa convincente".

O ponto forte de Obama está também na sua trajetória turbulenta e instável de filho de um estudante intercambista do Quênia e uma americana branca do Kansas. Por causa do segundo casamento de sua mãe, ele viveu parte da infância na Indonésia, onde teria sido educado dentro dos princípios do Islamismo. Mais tarde, morou com os avós no Havaí e teve, segundo a sua popular autobiografia, que lutar contra problemas de auto-afirmação. O jovem Obama tomou drogas e se entregou ao álcool e a aventuras sexuais.

Barack Obama abraça a esposa, Michelle, após a oficialização de sua candidaturaFoto: AP

De Harvard a Illinois

Mas Obama mudou de hábitos e de idéias, e também de vida – leu muitos livros e acabou entrando na conceituada Universidade de Harvard, onde estuda a elite dos Estados Unidos. Lá, concluiu com destaque o curso de Direito. Obama se tornou professor de Direito Constitucional na Universidade de Chicago e trabalhou num pequeno escritório especializado na defesa dos direitos dos cidadãos. Mas, diferentemente de muitos outros políticos afro-americanos, nunca se envolveu ativamente nos movimentos pelos direitos civis dos negros.

Obama se dedicou com afinco à sua carreira política, o que não o impediu de manter contato com políticos radicais, representantes do submundo ou mesmo com integrantes da antiga cena terrorista local. Em Chicago, galgou posições dentro do partido de forma hábil e determinada. Foi também nessa cidade que ele conheceu sua mulher, Michelle, com quem tem duas filhas.

Durante oito anos, Obama ocupou uma cadeira no senado do estado de Illinois. Em 2005, assumiu como representante do estado no Senado federal, em Washington. A sua concorrente à indicação para a presidência pelo Partido Democrata, Hillary Clinton, considerada favorita, foi derrotada por Obama após uma campanha árdua e longa. Ele se apresentou como um representante de uma nova geração, que pretende mudar o país.

Racismo

Obama discursa em BerlimFoto: AP

O senador por Illinois conhece por experiência própria o lado sombrio da vida, bem como o racismo nos Estados Unidos – e incorpora com grande ambição e perseverança o sonho americano de ascensão social a partir do nada. Obama é tido como um político de esquerda, liberal, de caráter reflexivo e meditativo, disposto a ajudar principalmente os desfavorecidos. Mesmo tendo sido contra a Guerra do Iraque, é partidário do papel dos Estados Unidos como defensor da liberdade e dos direitos humanos no mundo. "Não sou contra todas as guerras, sou contra uma guerra idiota", afirmou, referindo-se ao conflito no Iraque.

Obama também é a favor da pena de morte e do porte de armas e contra a expansão dos programas de ajuda social, como na Europa. Ele quer adaptar a economia americana à era digital, diminuir a dependência do petróleo importado e investir mais em educação. Promete uma nova política, longe da influência dos lobistas de Washington. Seus adversários republicanos o ridicularizam por causa da sua aura de profeta – Obama acredita piamente que pode ser o novo rosto dos Estados Unidos no mundo.

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