Obama vê fim do embargo, Castro nega haver presos políticos
Karina Gomes21 de março de 2016
Em visita histórica a Cuba, presidente americano diz que fim do bloqueio econômico esbarra em "sérias divergências" sobre democracia. Líder cubano diz que direitos humanos não devem ser "politizados".
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Em pronunciamento durante visita histórica em Havana, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta segunda-feira (21/03) estar confiante de que o embargo comercial a Cuba terá fim. "Quando não posso dizer ao certo", ressalvou.
Segundo Obama, um dos principais impedimentos para o aprofundamento das relações entre os dois países são "sérias divergências" em relação à democracia e aos direitos humanos.
O presidente americano afirmou que os EUA não veem Cuba como uma ameaça e falou em um nuevo dia na relação entre os dois países. "O futuro de Cuba não será decidido pelos Estados Unidos, mas pelos cubanos", disse no Palácio da Revolução.
Os dois países reataram as relações diplomáticas em julho do ano passado. Apesar da reaproximação, o embargo comercial imposto pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria ainda está em vigor e, com a resistência dos congressistas republicanos, dificilmente será removido.
Ao lado de Obama, o presidente cubano, Raúl Castro, disse que a persistência do embargo comercial à ilha e a ocupação americana na base naval de Guantánamo são os dois principais obstáculos para a normalização das relações bilaterais.
Segundo Castro, a reaproximação que acontece desde 2015 e os avanços conquistados desde então são positivos, mas insuficientes. O embargo, com efeitos "intimidatórios", tem sido o maior impedimento para o desenvolvimento econômico de Cuba.
Obama é recebido com aplausos em Havana
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"Temos profundas diferenças que nunca serão superadas", afirmou o presidente cubano. "EUA e Cuba precisam colocar em prática a arte da coexistência civilizada."
Em rara entrevista para a imprensa, Castro foi questionado sobre quando soltará os presos políticos do regime. "Cuba não tem prisioneiros políticos", afirmou. "Me dê uma lista dos prisioneiros políticos, e eu vou soltá-los imediatamente, ainda nesta noite", disse. Para Castro, os direitos humanos não devem ser "politizados".
Acordos
De acordo com Obama, o fim do embargo comercial vai depender, além de uma maioria no Congresso americano, de mudanças efetivas na ilha.
Obama também lembrou que esteve na China e no Vietnã, países onde ocorrem violações de direitos humanos. "Podemos forçar por mudanças, mas elas têm de sair de dentro do país", disse.
O governo dos EUA já havia feito mudanças regulatórias para facilitar o comércio e as viagens entre os dois países. Durante esta visita, Obama e Castro assinaram acordos na área ambiental, naval e agrária. Os países também se comprometeram em aprofundar a cooperação no combate a doenças, como o vírus zika e o câncer.
Obama foi recebido neste domingo com aplausos em Havana, junto com sua família para uma visita de 48 horas a Cuba, após décadas de hostilidades entre os dois países. Essa é a primeira vez que um líder americano visita a ilha caribenha em 88 anos.
Cuba: o clã dos Castro
A árvore genealógica de Fidel Castro é vasta e ramificada. A família ganhou destaque nesta semana após a morte de Ramón Castro, irmão mais velho do ex-dirigente. Conheça nessa galeria os rostos do clã
Foto: picture-alliance/dpa
Onde tudo começou
Ángel Castro Argiz nasceu nesta casa em Láncara, na província galega de Lugo, no noroeste da Espanha. Em 1899 ele chegou a Havana. Após ser bem-sucedido em vários negócios, se converteu em latifundiário e casou-se com sua primeira mulher, María Luisa Argota Reyes. A união fracassou, e Angel casou em 1943 com Lina Ruz González. Eles tiveram sete filhos, entre eles Fidel e Raúl Castro.
Foto: picture-alliance/dpa/J.M. Castro
Lina Ruz
A mãe de Fidel Castro. Com ela, Ángel Castro Ariz manteve uma relação extraconjugal e teve uma primeira filha, Ángela, quando ainda estava casado com María Luisa Argota, com quem já tinha dois filhos. Nesta imagem, uma funcionária da Casa Museu Fidel Castro mostra uma fotografia de Fidel, Raúl e Ramón Castro. Ao lado, um retrato da mãe do trio, Lina Ruz.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Soler
Fidel Castro
Foi primeiro-ministro (1959-1976) e presidente de Cuba (1976-2008) e se manteve como primeiro-secretário do Partido Comunista até 2011, quando transferiu todos os poderes ao seu irmão Raúl. Fidel tem dez filhos conhecidos: o mais velho, Fidel Ángel, é fruto do casamento com Mirta Díaz-Balart; outros cinco, da união com Dalia Soto del Valle; outros quatro foram gerados em casos extraconjugais.
A segunda mulher de Fidel Castro, com quem ele se casou em 1980. O casal tem cinco filhos. Todos têm nomes iniciados com a letra "A". Alexis, Alexander, Antonio, Alejandro e Ángel. Discreta, Dalia sempre viveu sob a sombra do "comandante". Em 2015, durante uma visita do presidente François Hollande a Fidel, em Havana, muitos a confundiram com uma assessora.
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Raúl Castro
É presidente de Cuba desde 2008. Raúl casou-se com Vilma Espín em 1959 e teve quatro filhos. Dois são bem conhecidos: Mariela Catro, uma política e sexóloga de renome que atua como diretora do Centro Nacional de Educação Sexual de Cuba; e Alejandro Castro, que ostenta a patente de coronel e atua como assistente pessoal do pai.
Foto: picture alliance/AP Photo/D. Boylan
Vilma Espín
A falecida mulher de Raúl Castro foi uma destacada dirigente política da Revolução Cubana e membro do Movimento 26 de Julho. Ela estudou engenharia química e foi membro do Comitê Central do Partido Comunista cubano de 1965 até a sua morte. Ela se casou com Raúl em 1959. O casal teve quatro filhos: Deborah, Mariela, Nilsa e Alejandro. Vilma morreu em consequência de um câncer em junho de 2007.
Foto: Imago/GranAngular
Ramón Castro
O irmão mais velho de Fidel e Raúl Castro faleceu no dia 23 de fevereiro de 2016 em Havana, aos 91 anos. Nascido em 14 de outubro de 1924, Ramón Castro cooperou com a guerrilha liderada pelo seu irmão Fidel e o Movimento 26 de Julho. Após o triunfo da revolução, ele desempenhou diferentes atividades no setor agropecuário.
"A última vez que falei com meu irmão Raúl foi em 18 de junho de 1964, um dia antes da minha partida." Após descobrir em primeira mão os excessos da Revolução, Juanita exilou-se no México e depois em Miami. Em 1965, ela obteve a nacionalidade americana. Crítica da política cubana, ela admitiu ter colaborado com a CIA em 1963. Em 2009, publicou "Fidel e Raúl, meus irmãos – a história secreta".
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Alina Fernández
Uma das filhas que Fidel teve em seus relacionamentos extraconjugais e que foi reconhecida pelo comandante. Ela passou a sua infância junto com a mãe, Natalia Revuelta, e foi registrada com o sobrenome do marido dela. Por causa da sua crescente insatisfação política, Alina abandonou o país em 1993, contra a vontade do pai. Em 1997 ela publicou o livro "Memórias da Filha de Fidel Castro".
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Fidel Ángel Castro Díaz-Balart
É o filho de Fidel com sua primeira esposa, Mirta Díaz-Balart. Após se formar na Universidade de Lomonosov, em Moscou, Fidel Ángel esteve ligado ao Instituto Kurchatov, uma instituição soviética para pesquisa de energia atômica. Na década de 1980, ele esteve vinculado ao desenvolvimento do setor atômico em Cuba, onde fundou o Instituto Superior de Ciências e Tecnologias Nucleares de Havana.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Rusinov
Alex Castro
Nascido em 1963, é um dos três filhos de Fidel com mais exposição pública. É artista e atua como fotógrafo oficial do seu pai. Há algumas semanas, declarou em entrevista que compreende a retomada das relações de Cuba com os Estados Unidos como "algo lógico". Também afirmou que Fidel "sempre esteve de acordo com a reaproximação e o restabelecimento das relações entre os dois países".
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Antonio Castro
É filho de Fidel Castro com Dalia Soto. É um cirurgião que atua como médico da equipe nacional de beisebol de Cuba e presidente da federação cubana desse esporte. Ao longo da sua vida foi protagonista de vários escândalos.