Momentos depois de ser arrematada por 1 milhão de libras na Sotheby's, versão em tela de famoso grafite do artista britânico se faz em tiras ao passar por triturador de papel escondido na moldura.
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Uma famosa obra do artista britânico Banksy, cuja verdadeira identidade é desconhecida, se desfez momentos depois de ser leiloada por 1,04 milhão de libras esterlinas (cerca de 5,2 milhões de reais) na casa de leilões Sotheby's, em Londres, nesta sexta-feira (06/10).
O próprio artista divulgou em sua conta oficial no Instagram uma foto do momento em que a obra Girl With Balloon se fez em tiras ao passar por um triturador de papel escondido na parte inferior da moldura, após o toque de um alarme.
"Going, going, gone", escreveu como legenda da foto, em referências às palavras em inglês que o leiloeiro pronuncia quando um comprador arremata uma peça – equivalente a "dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três".
"Parece que acabamos de ser 'banksyficados'", disse o diretor de arte europeia contemporânea da Sotheby's, Alex Branczik, após o leilão, conforme é possível ouvir em vídeos divulgados nas redes sociais, os quais também mostram a reação de surpresa dos presentes.
A pintura em spray que se desfez, de 2006, retratava uma menina tentando alcançar um balão vermelho em forma de coração. Tratava-se de uma versão em tela de um grafite feito numa rua de Londres. A obra foi reproduzida inúmeras vezes e, em 2017, foi escolhida como a favorita dos britânicos.
A obra foi arrematada por um valor mais de três vezes superior ao estimado antes do leilão, equivalendo ao valor recorde já pago por uma obra do artista. A Sotheby's disse estar discutindo os próximos passos com o comprador. Alguns observadores do mercado de arte sugeriram que o trabalho poderia valer ainda mais após triturado.
Original de Bristol, na Inglaterra, Banksy ficou famoso pelos grafites que pintou em diversas partes do mundo, de Londres à Palestina. Hoje, ele é um dos artistas mais conhecidos do mundo. Além da garota com o balão em formato de coração, suas imagens, muitas vezes satíricas, incluem dois policiais se beijando e um chimpanzé com uma placa com os dizeres: "Ria agora, mas um dia eu estarei no comando".
Os ângulos retos característicos das suásticas viram base para um motivo colorido. A iniciativa PaintBack foi fundada em Berlim pelo artista de grafite e empresário Ibo Omari. A ideia nasceu em 2015, quando um freguês da loja de tintas para grafite de Omari quis comprar um spray de tinta para cobrir uma pichação nazista.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Kembowski
Pichando símbolos do ódio
Além de ser dono de uma loja de materiais para grafiteiros, Ibu Omari, de 37 anos, dirige um clube jovem que reúne crianças e adolescentes de origem alemã e imigrante para promoção de atividades diversas, incluindo arte de rua. "Nós, como artistas da rua, queríamos enviar a mensagem 'você está usando o grafite de forma abusiva', diz ele, para justificar a criação da iniciativa PaintBack.
Foto: picture alliance / dpa
Gato na janela
Omari e outros voluntários adultos usam os motivos criados pelos menores de seu clube para "embelezar" as suásticas. O grafite é aplicado quando alguma suástica é encontrada nas redondezas, após ser obtida uma autorização do dono da propriedade pichada. "Escolhemos imagens doces e atrevidas", diz ele.
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Coruja
A maioria dos motivos é desenhado por crianças, para que mesmo os iniciantes, que não são artistas de grafite, possam reproduzi-las facilmente. A ideia da iniciativa é responder aos símbolos nazistas, ícones do ódio e do preconceito, com "humor e amor'".
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Mosquito
A ação visa combater a tendência de aumento de pichações nazistas, que voltaram a se multiplicar, aparentemente alimentadas pelo afluxo de mais de um milhão de imigrantes após a chanceler Angela Merkel ter aberto as fronteiras em 2015. A agência de inteligência doméstica alemã registrou aumento de 7% dos crimes politicamente motivados em 2016, um terço deles foi tido como "crime de propaganda".
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Humor contra o preconceito
Omari, cujos pais fugiram do Líbano como refugiados quando ela ainda estava por nascer, disse que os jovens de seu clube são importantes para transformar em ação "os sentimentos de choque e impotência" provocados pelas pichações de suásticas. Assim, eles apagam, com humor, símbolos nazistas e, ao mesmo tempo, deixam suas próprias marcas em Berlim.