Obra rara encontrada em cozinha é leiloada por € 24 milhões
27 de outubro de 2019
Pintura de Cimabue, considerado o pai do Renascimento, decorava casa de idosa de 90 anos e foi descoberta por acaso após venda do imóvel. Pendurada em cima de fogão, obra estava em excelente estado.
Anúncio
Uma obra-prima rara do pintor italiano nascido no século 13 Cenni di Pepo, também conhecido como Cimabue, foi leiloada neste domingo (27/10) por 24 milhões de euros (cerca de 106 milhões de reais), em Paris. A pintura foi descoberta na cozinha de uma idosa francesa em junho.
Inicialmente, a obra foi avaliada entre 4 milhões e 6 milhões de euros. A casa de leilões Acteon não revelou o nome do comprador, mas disse que um museu estrangeiro era um dos interessados na pintura.
Segundo Dominique Le Coent, da Acteon, o valor alcançado no leilão bateu o recorde para obras datadas de antes de 1500. "É uma pintura única, esplêndida e monumental. Cimabue foi o pai do Renascimento, mas essa venda vai além de todos os nossos sonhos", acresentou.
A obra foi descoberta quando a idosa de 90 anos resolveu vender o imóvel onde morava em Compiegne, no norte da França, e contratou um leiloeiro para examinar os objetos da casa para descobrir se havia algo de valor.
Depois de vender a casa, Philomene Wolf tinha apenas uma semana para que um especialista avaliasse os objetos. "Tive que abrir espaço na minha agenda, se não o fizesse, tudo teria ido para o lixo", contou a idosa ao jornal francês Le Parisien.
A maior parte do valor arrecadado no leilão ficará com a idosa, que não tinha noção do tesouro que decorava sua cozinha.
Conhecida como O Escárnio de Cristo (Christ Mocked, em inglês), a pintura mede 24 por 20 centímetros e estava em excelente estado, apesar de coberta de sujeira por ter sido colocada em cima de um fogão.
A obra-prima atribuída a Cimabue, considerado o pai do Renascimento, data de cerca de 1280. Especialistas da galeria Turquin, que examinaram a pintura, concluíram, "com certeza", que ela ostentava as características próprias do artista italiano.
Segundo historiadores, restaram apenas cerca de uma dúzia de pinturas em madeira, todas sem assinaturas, feitas por Cimabue, que influenciou grandes nomes, como Giotto.
Colecionadores pagam fortunas por obras de artistas famosos. Poucos trabalhos, no entanto, foram comprados por mais de 100 milhões de dólares. Veja as dez obras mais valiosas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Wenig
O mais caro do mundo
A pintura "Salvator mundi" (Salvador do Mundo), de Leonardo da Vinci, foi leiloada em Nova York em 15 de novembro de 2017 por 450 milhões de dólares, tornando-se o quadro mais caro de todos os tempos. A pintura a óleo representando Cristo foi feita em madeira há 500 anos e mede 66 x 46 cm. Não foi revelado quem adquiriu o quadro, que era a última obra conhecida do autor em mãos privadas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Wenig
Picasso está na lista quatro vezes
O quadro "As mulheres de Argel (versão 0)", de Pablo Picasso, foi leiloada em 11 maio de 2015. Por mais de 179 milhões de dólares, a tela mudou de dono na casa Christie's de Nova York. Com essa transação, o pintor moderno espanhol aparece quatro vezes na lista das obras de arte que alcançaram os lances mais altos. E está em excelente companhia.
Foto: Reuters
Vice-campeão italiano
O pintor italiano Amedeo Modigliani pintou este "Nu deitado" em 1917, três anos antes de morrer. Em novembro de 2015, a tela foi arrematada na Christie's de Nova York por 170,4 milhões de dólares. O novo proprietário é Liu Yiqian, negociante e bilionário de Xangai, China.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Bacon, o ex-número um
"Três estudos de Lucian Freud" de Francis Bacon era, até maio de 2015, o quadro mais caro já leiloado. Em 2013, os retratos que o inglês fez do também pintor Freud foram arrematados por 142,4 milhões de dólares. O tríptico pertence à colecionadora americana Elaine Wynn.
Foto: picture-alliance/dpa
Venda privada
O quadro "Adele Bloch-Bauer I" foi pintado pelo austríaco Gustav Klimt em 1907 e é mais conhecido como "Adele Dourada". Em 2006, o empresário americano Ronald Lauder o adquiriu por 135 milhões de dólares para uma galeria em Nova York, onde está exposto. Trata-se de uma venda particular, mas que foi organizada pela casa de leilões Christie's.
Em maio de 2012, a versão em pastel de "O grito", feita pelo norueguês Edvard Munch em 1985, foi leiloada por 119,9 milhões de dólares. Poucos sabem, no entanto, que há quatro versões deste quadro. Ao lado de "Mona Lisa", de Da Vinci, e "Girassóis", de Van Gogh, é um dos quadros mais conhecidos no mundo. O comprador foi o americano Leon Black.
Foto: Reuters
Monet: recorde do Impressionismo
Em maio de 2019, uma pintura da série "Meules", do pintor francês Claude Monet, foi vendida por US$ 110,7 milhões em um leilão em Nova York, marcando um recorde para o artista e para o Impressionismo. Pintada no inverno de 1890 na casa do artista em Giverny, na região francesa da Normandia, a obra é considerada um dos ícones do Impressionismo.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Sotheby's
Nudez milionária
Pablo Picasso pintou "Nu com folhas verdes e busto" num único dia de 1932, retratando sua amante da época. Em termos atuais, um salário-hora milionário. Em 2010, um colecionador incógnito arrematou a tela pelo telefone, por 106,5 milhões de dólares. Em 2011, foi emprestada à galeria Tate, de Londres.
Foto: picture-alliance/dpa
"Acidente com carro prata", de Andy Warhol
Em 1963, o artista americano Andy Warhol produziu esta obra, que mostra várias imagens de um acidente de carro. A obra-prima foi leiloada por 105,4 milhões de dólares pela Sotheby's em 2013.
Foto: AUSSCHNITT: picture-alliance/dpa/Sotheby's
Outra obra de Picasso
O óleo "Rapaz com cachimbo" foi pintado por Pablo Picasso em 1905. Ele marca a transição do período azul para rosa do pintor. O quadro foi leiloado em Nova York em 2004 por 104,2 milhões de dólares.
Foto: picture-alliance/dpa
Escultura mais cara
O modernista suíço Alberto Giacometti também quebrou o próprio recorde no leilão de maio de 2015 em Nova York. Sua escultura "Homem apontando" alcançou 141,3 milhões de dólares.
Outra escultura de bronze de Giacometti, "Homem caminhando I" foi arrematada por 103,7 milhões de dólares pela filantropa brasileira Lily Safra. A escultura, de 1960, é considerada uma das mais destacadas obras de arte suíças no século 20. Ainda hoje ela estampa a cédula de 100 francos suíços.