Críticas ao resultado
31 de dezembro de 2007"A apuração dos votos não merece credibilidade. Apesar de todos os esforços, a Comissão Eleitoral do Quênia não cumpriu sua responsabilidade de criar um processo confiável", declarou o conde Alexander Lambsdorff em entrevista à agência de notícias Reuters, no domingo (30/12). Lambsdorff chefia a comissão de observadores eleitorais da União Européia, composta de 150 membros.
A UE havia inicialmente elogiado o transcurso pacífico das eleições presidenciais e parlamentares no país africano, que muitos apontaram como exemplo para um continente tão marcado por inquietações.
"No entanto, assim que as seções eleitorais fecharam e a apuração começou [...] registramos irregularidades que fazem duvidar de que o resultado, da forma como foi apresentado, esteja correto", acrescentou Lambsdorff. Ele próprio teria visto documentos alterados na central da Comissão Eleitoral a favor do presidente Mwai Kibaki.
No domingo à tarde, a Comissão Eleitoral havia declarado Kibaki vencedor do pleito com uma vantagem de mais de 200 mil votos. Uma hora depois, o presidente de 76 anos foi reempossado no cargo para um segundo mandato de cinco anos. O resultado foi no entanto questionado pelo candidato derrotado, Raila Odinga, que acusou Kibaki de falsificação.
Choques entre manifestantes e policiais
Dezenas de pessoas morreram em confrontos entre manifestantes e a polícia que se iniciaram nas favelas de Nairóbi logo após a proclamação do resultado e prosseguem nesta segunda-feira na capital e em outras cidades quenianas.
Odinga, que exige uma nova apuração dos votos, conclamou para uma manifestação em massa em Nairóbi, na próxima quinta-feira, à qual todos os participantes devem comparecer usando uma tarja negra. O país está de luto, afirma: "A democracia, pela qual nós todos lutamos durante tanto tempo, foi morta por uma única decisão da Comissão Eleitoral".
O oposicionista comparou a situação com o que ocorreu na Costa do Marfim em 2002: o país, que era considerado um exemplo de estabilidade, foi levado a uma guerra civil por meio de um golpe militar.
"Não há diferença entre ele [Kibaki] e Idi Amin ou outros ditadores militares que chegaram ao poder pelas armas", declarou Odinga à imprensa nesta segunda-feira. (lk)