1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Ocidente em alerta diante do Dia da Vitória na Rússia

5 de maio de 2022

Data marca a capitulação das forças nazistas perante as tropas soviéticas em 1945 e, anualmente, conta com tradicional parada militar em Moscou. Neste ano, guerra na Ucrânia deve ser foco das celebrações.

Veículos militares com mísseis balísticos intercontinentais que carregam ogivas nucleares em parada militar do Dia da Vitória na Rússia, em 2021
Celebrações do Dia da Vitória na Rússia incluem parada militar na Praça VermelhaFoto: Dimitar Dilkoff/Getty Images/AFP

O Ocidente está em alerta diante do Dia da Vitória na Rússia, comemorado em 9 de maio, que marca o fim da Segunda Guerra Mundial e a derrota do regime nazista pela União Soviética. Há rumores de que Moscou pretende declarar oficialmente guerra à Ucrânia, apesar da negativa do Kremlin, e planeja uma parada militar em Mariupol.

As comemorações da data com uma parada militar na Praça Vermelha de Moscou assumem um simbolismo particular neste ano. Com a guerra na Ucrânia, menos tanques e equipamentos militares devem participar do evento tradicional. O fervor patriótico, porém, deve ser o mesmo de sempre. Em 2022, o Dia da Vitória não homenageará apenas o conflito que terminou há 77 anos. Muitos russos estarão pensando nas tropas que lutam no país vizinho, e a invasão da Ucrânia não deve passar em branco pelo governo russo.

Nas últimas semanas, os serviços secretos de vários países do Ocidente indicaram que o Kremlin gostaria de celebrar o 9 de maio com uma importante vitória na guerra na Ucrânia. Após uma tentativa fracassada de invadir Kiev e outras grandes cidades no norte ucraniano, o governo russo mudou o foco do conflito, deslocando as tropas para a região de Donbass, onde rebeldes separatistas pró-Rússia lutam contra militares da Ucrânia desde 2014 – conflito que eclodiu após a anexação da Crimeia por Moscou.

Contudo, nos últimos dias, as autoridades russas têm esvaziado as expectativas sobre um grande sucesso militar até o Dia da Vitória, embora não abdiquem de celebrar a data com a pompa e circunstância de outros anos – com a tradicional parada militar em Moscou para expor o poderio militar. Até mesmo durante a pandemia, os festejos não foram cancelados, apenas adiados.

O Kremlin tem se recusado a chamar a ofensiva na Ucrânia de guerra e usa o termo "operação militar especial", alegando que ela foi necessária para defender falantes de russo na região. Políticos ocidentais e observadores acreditam que o presidente russo, Vladimir Putin, usará a data para declarar oficialmente guerra ao país vizinho e reforçar o compromisso nacional da Rússia com a invasão.

Discurso de Putin é esperado com expectativa de declaração oficial de guerraFoto: Mikhail Metzel/Sputnik/AP/picture alliance

Moscou negou nesta quarta-feira (04/05) essa intenção. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou ainda ser um absurdo as especulações sobre a decisão de uma mobilização nacional.

Dia da Vitória

O 9 de maio é um dos feriados mais importante da Rússia e comemora o enorme esforço soviético para derrotar a Alemanha nazista. Estima-se que 27 milhões de cidadãos soviéticos foram mortos na Segunda Guerra Mundial. O conflito devastou várias regiões da União Soviética, causou um grande sofrimento e deixou uma profunda cicatriz na psique nacional.

Em 8 de maio de 1945, os Aliados derrotaram o regime nazista, marcando o final da Segunda Guerra Mundial. Nos países sob influência da antiga União Soviética, a partir de 1967, o Dia da Vitória começou a ser comemorado em 9 de maio, data da capitulação das forças nazistas ante as tropas soviéticas, e passou a ser considerado um feriado. A maior parte dos países europeus ocidentais celebra o Dia da Vitória em 8 de maio.

A celebração tem sido usada por políticos e pelo Kremlin para encorajar o orgulho patriótico e sublinhar o papel da Rússia como potência global. Em anos anteriores, Putin aproveitou a data para incitar o Ocidente e mostrar o poder de fogo das tropas russas. Tanques, jatos de combates e mísseis balísticos intercontinentais que carregam ogivas nucleares são exibidos na parada militar em Moscou.

Mariupol deve ser palco de parada militar russaFoto: Alexei Alexandrov/AP/picture alliance

Neste ano, Putin prometeu uma parada com mais de 10 mil soldados, 62 aviões de combate e 15 helicópteros de guerra. Durante a cerimônia, oito aviões de caça Mig-29 devem escrever no céu a letra Z, símbolo adotado pelos apoiadores da invasão russa da Ucrânia. Vários analistas afirmam que Putin deve ainda aproveitar a ocasião para reforçar a sua narrativa de líder que foi obrigado a se envolver numa guerra para proteger os interesses da população de língua russa.

Parada militar em Mariupol

O Dia da Vitória é celebrado pela maioria das repúblicas que pertenceram à União Soviética, bem como vários países que estiveram sob a sua influência. Neste ano, por causa da guerra na Ucrânia, vários países planejam celebrações mais modestas e discretas.

Uma parada militar russa estaria sendo organizada em Mariupol, segundo a Ucrânia. De acordo com o Serviço de Informações Militar ucraniano, o diretor-adjunto da administração presidencial russa Serguei Kirienko está na cidade para preparar o desfile.

Em comunicado, autoridades ucranianas afirmam que a cidade será um dos centros das celebrações. "As principais avenidas são urgentemente limpas, detritos e corpos dos mortos, bem como munições que não explodiram, serão removidos." Os espectadores russos verão relatos sobre a "alegria" dos residentes de Mariupol quando os russos chegaram à sua cidade, acrescenta o texto.

Segundo o serviço ucraniano, "está em curso uma campanha de propaganda em larga escala" entre a população da cidade, agora estimada pelas autoridades entre 100 mil e 120 mil habitantes, contra quase meio milhão antes da guerra.

Situada no mar de Azov, Mariupol é um dos principais objetivos dos russos no esforço para obter controle total da região de Donbass e formar um corredor terrestre, no leste da Ucrânia, a partir da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. A cidade está quase inteiramente sob o controle do exército russo. Só o enorme complexo metalúrgico Azovstal, onde estão entrincheirados os últimos combatentes ucranianos e alguns civis, ainda não foi completamente tomado pelas forças de Moscou.

cn/ek (AP, Reuters, Lusa)

Pular a seção Mais sobre este assunto