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Solução para a crise

18 de outubro de 2009

Aliado do presidente afegão confirma que diplomacia ocidental pressiona pela formação de um governo de unidade com o adversário Abdullah Abdullah. Segundo turno poderia desestabilizar ainda mais o Afeganistão.

Karzai não quer reconhecer fraudes na eleição presidencialFoto: AP

Os Estados Unidos e a França estão empenhados em encontrar uma solução para a crise gerada pela controversa eleição presidencial no Afeganistão. Tanto o ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, como o senador democrata John Kerry estiveram neste final de semana em Cabul para manter conversações com líderes afegãos.

Segundo fontes diplomáticas, eles pressionaram ambas as partes – o presidente Hamid Karzai e seu principal adversário nas eleições, Abdullah Abdullah – para que formem um governo de unidade. "Eles querem que formemos um governo forte, um governo de coalizão", declarou o deputado Mohin Murstal, representante da equipe eleitoral de Karzai, confirmando a pressão internacional.

Após encontros em separado com os dois candidatos, Kouchner declarou neste domingo (18/10) que os dois lados se mostram dispostos a elaborar um programa conjunto. Segundo ele, a relação entre os oponentes "não é das piores". O chefe da diplomacia francesa confirmou que Karzai e Abdullah consideram formar um governo de unidade.

Caso um governo de unidade nacional não seja possível, outra hipótese seria a formação de um governo de transição que incluísse Abdullah e contemplasse a realização de novas eleições presidenciais junto com as legislativas marcadas para 2010.

Kouchner criticou Karzai, afirmando que ele deveria aceitar a possibilidade de ter obtido menos de 50% dos votos na eleição. "Estou intranquilo porque parece que nem todos estão dispostos a aceitar o resultado", declarou.

Segundo turno

A realização do segundo turno é a outra opção, caso fracassem as tentativas de formar um governo de unidade. Segundo o controverso resultado preliminar, Karzai obteve 55% dos votos, contra 28% de Abdullah. Mas, na sexta-feira passada, jornais norte-americanos publicaram que apenas 47% dos eleitores teriam votado em Karzai.

A Comissão de Queixas Eleitorais, que investiga as possíveis fraudes e é apoiada pela ONU, deveria ter entregue neste sábado os resultados de sua análise à Comissão Eleitoral Independente, mas não o fez. Um motivo seria a relutância de Karzai em aceitar o resultado dessa investigação.

Um diplomata ocidental afirmou neste domingo que Karzai não quer aceitar a possibilidade de que tenha havido fraude eleitoral. O presidente concorda com a existência de casos isolados, mas estes não influenciariam o resultado final. O negociador salientou que a realização de um segundo turno não é praticável por motivos logísticos e de segurança.

Num país já fragilizado, a realização de um segundo turno com participação incerta (o primeiro teve cerca de 38%) poderia desestabilizar ainda mais a situação, afirmam observadores. O segundo turno também teria que ser realizado logo, dada a iminente chegada do inverno. Daí a preferência ocidental pelo governo de unidade nacional.

AS/ap/afp/dpa/rtr

Revisão: Roselaine Wandscheer

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