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Ocidente recebe vitória de Putin com desconfiança

19 de março de 2018

Lideranças europeias se calam ou reforçam distanciamento e críticas em relação a Moscou. Alemanha afirma que eleição não pode ser considerada uma competição política justa.

Putin discursa em Moscou após a confirmação da vitória
Putin discursa em Moscou após a confirmação da vitóriaFoto: picture-alliance/AP/P. Golovkin

Enquanto governos de países como China, Irã, Venezuela e Bolívia cumprimentaram sem demora o presidente russo, Vladimir Putin, por sua reeleição nesta segunda-feira (19/03), lideranças europeias foram reticentes, expondo o atual distanciamento entre Moscou e grande parte do Ocidente.

Opinião: O grande embuste de Putin

Putin alcançou 76,67% dos votos nas eleições presidenciais, uma vitória que ultrapassa os resultados obtidos nas eleições anteriores e que lhe permitirá permanecer no Kremlin até 2024 –o maior mandato desde o ditador soviético Josef Stálin.

Críticos afirmam, porém, que autoridades obrigaram pessoas a ir às urnas para garantir que a monotonia da disputa não levasse a um baixo comparecimento. Os números mais recentes apontam que menos 70% dos eleitores votaram.

“O resultado da eleição na Rússia foi tão previsível para nós quanto as circunstâncias da eleição. Em vários pontos, não se pode falar sobre uma competição política justa como a entendemos”, disse o novo ministro do Exterior da Alemanha, Heiko Maas. Passadas quase 24 horas da eleição, nenhuma outra potência ocidental havia se manifestado.

Alemães reticentes

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, felicitou Putin, mas, ao mesmo tempo, falou do clima de desconfiança e do afastamento que marca atualmente a relação entre Berlim e Moscou.

"Espero que consiga combater o distanciamento em nosso continente entre os povos de Rússia e Alemanha, e que o senhor use seu novo mandato para isso”, afirmou Steinmeier, observando que os laços entre as duas nações são tradicionalmente fortes, mas que hoje estas relações são afetadas por "desconfiança, rearmamento e um clima de insegurança".

Steffen Seibert, porta-voz da chanceler federal, Angela Merkel, comunicou que a líder alemã pretende felicitar Putin através de uma mensagem escrita, destacando também os "desafios” das relações entre os dois países. Seibert ressaltou, em entrevista coletiva, que há diferenças de opinião entre ambos os governos, mas que Berlim acredita ser importante manter o contato com a liderança e com o presidente russos.

O governo francês permaneceu calado durante a manhã de segunda-feira, enquanto o partido populista de direita Frente Nacional emitiu um comunicado classificando a vitória de Putin como um sinal de "estabilidade e do fundamento democrático” da Rússia.

"Rússia não engana ninguém"

O governo britânico comunicou que só comentará a eleição russa após o relatório final dos observadores eleitorais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

Nesta segunda-feira, o Reino Unido só tinha palavras de acusação em direção a Moscou, devido ao ataque ao ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia, envenenados por um agente nervoso no começo de março, em Salisbury, no sul da Inglaterra. O ministro do Exterior britânico, Boris Johnson, qualificou de "cada vez mais absurda" a negação da Rússia de envolvimento no caso e garantiu que o país "já não pode enganar ninguém".

"O povo pode ver que esta é a clássica estratégia russa de tentar esconder a agulha da verdade num palheiro de mentiras e confusão", afirmou Johnson durante sua chegada à reunião de ministros do Exterior da União Europeia (UE), nesta segunda-feira em Bruxelas.

O ministro criticou a "negação cada vez mais absurda" das autoridades russas e acrescentou que sua versão variou entre nunca ter fabricado "Novichok" (o tipo de agente nervoso supostamente usado no ataque), tê-lo fabricado, mas posteriormente destruído todas as reservas ou que algumas amostras "escaparam misteriosamente" à Eslováquia, Suécia, República Tcheca e EUA.

"Doze anos depois do assassinato de Alexander Litvinenko, já não podem enganar ninguém mais", afirmou em referência ao ex-agente da KGB morto em 2006 após ingerir chá contaminado com polônio radiativo, um crime que contou, segundo uma investigação, com a aprovação do presidente russo, Vladimir Putin.

Aliados

O presidente chinês, Xi Jinping, que acabou de receber um segundo mandato e abriu caminho para permanecer no poder indefinidamente, foi um dos primeiros líderes a enviar saudações ao Kremlin. "A China está disposta a trabalhar com a Rússia para continuar a promover as relações a um nível mais elevado, proporcionar força motriz para o respectivo desenvolvimento nacional em ambos os países e promover paz e tranquilidade regional e global", disse Xi.

O presidente iraniano, Hasan Rohani, felicitou Putin e elogiou a votação russa, defendendo um reforço das relações bilaterais com Moscou. "A admirável celebração das eleições presidenciais na Rússia e a e a esmagadora vitória de sua excelência foram boa notícias", disse Rohani a Putin em uma mensagem publicada pela presidência iraniana. O mandatário persa desejou "sucesso" ao presidente russo em seu novo mandato

Irã e Rússia se tornaram aliados estratégicos comerciais e políticos, especialmente nos conflitos que afligem o Oriente Médio. Ambos os países apoiam o regime de Bashar al-Assad na Síria e patrocinam, junto com a Turquia, negociações de paz para o conflito.

Na América Latina, os presidentes dos regimes esquerdistas da Venezuela e da Bolívia felicitaram efusivamente Putin por sua vitória "esmagadora". O presidente venezuelano, Nicolas Maduro, também elogiou "o glorioso povo russo, por sua exibição de dever cívico", enquanto o boliviano Evo Morales disse que a vitória de Putin "garante o equilíbrio geopolítico e a paz mundial diante da investida do imperialismo".

MD/efe/ap/rtr/afp/dpa

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