Ofensiva ucraniana avança na recuperação de territórios
1 de outubro de 2022
Exército russo anunciou retirada de Lyman, na região de Donetsk, após cerco das tropas ucranianas. Cidade faz parte do território anexado ilegalmente por Moscou. Em Kupyansk, ataque a comboio mata 20 civis.
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O exército russo anunciou neste sábado (01/10) a retirada das tropas da cidade de Lyman, um importante entroncamento ferroviário da região de Donetsk, no leste da Ucrânia, para evitar que fossem totalmente cercadas pelo exército da Ucrânia.
O Ministério da Defesa russo informou, por meio de comunicado, o deslocamento e admitiu que as forças de Kiev prosseguem a ofensiva na tentativa de recuperar territórios no Donbas.
"Ameaçadas de cerco, as tropas foram retiradas de Lyman para posições mais favoráveis", informou o Ministério da Defesa russo, referindo-se a um posto onde as forças controladas por Moscou tinham posicionado cerca de 5 mil soldados.
A pasta alegou que as tropas russas haviam "infligido danos consideráveis às forças ucranianas" antes de se retirarem. As informações não puderam ser verificadas pela DW de forma independente.
Horas antes do anúncio da Rússia, as forças ucranianas haviam informado a entrada na cidade. A Rússia havia ocupado Lyman em maio.
"Lyman é um posto importante, já que constitui o próximo passo para a libertação do Donbass. Esta é uma oportunidade para avançarmos para Kreminna e para Severodonetsk, motivo pelo qual se torna psicologicamente muito relevante", destacou Serhii Cherevatyi, porta-voz das forças ucranianas.
Embora pequena – antes do começo da guerra tinha cerca de 20 mil habitantes - Lyman serviu como um importante centro de logística e transporte para as forças de ocupação russas.
O mais recente sucesso da contraofensiva da Ucrânia ocorre apenas um dia depois que o presidente russo, Vladimir Putin, declarou quatro regiões ucranianas como russas após pseudoreferendos, que não são reconhecidos pela comunidade internacional. Lyman fazia parte do território que o Kremlin declarou anexado.
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Pelo menos 20 civis mortos em ataque a comboio
Pelo menos 20 civis foram encontrados mortos dentro de carros, no nordeste da Ucrânia, perto de Kupyansk, anunciou neste sábado o governador regional de Kharkiv, Oleg Synegoubov, no Telegram.
Segundo Synegoubov, tropas russas "atacaram aqueles civis que tentavam escapar dos bombardeios.
"É uma crueldade que não tem justificativa", acrescentou.
O governador da região de Kharkiv, onde os corpos foram encontrados, disse que "a polícia e especialistas foram ao local" e que "está em andamento uma investigação".
As forças russas se retiraram de grande parte da região de Kharkiv em setembro, após uma contraofensiva bem-sucedida dos militares ucranianos. No entanto, continuaram a bombardear a área, sobretudo após o anúncio da anexação ilegal de quatro regiões ucranianas total ou parcialmente sob controle.
Na sexta-feira, um ataque a outro comboio de civis deixou ao menos 30 mortos e mais de 100 feridos, na região de Zaporíjia, no sul da Ucrânia
(DPA, AFP, Lusa, EFE)
Ataques da Rússia a alvos civis na Ucrânia
Vladimir Putin nega que o exército russo esteja atacando alvos civis na guerra na Ucrânia. Mas os fatos o contradizem, como mostra esta galeria de fotos, que nem de longe abrange todos os ataques russos.
Foto: Maksim Levin/REUTERS
Mais de 5.500 civis mortos
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou no fim de junho: "O exército russo não está atacando alvos civis". Observadores independentes discordam: de acordo com dados da ONU, mais de 5.500 civis morreram na Ucrânia desde o início da guerra e mais de 7.800 ficaram feridos como resultado de ataques russos. Na foto, um centro comercial destruído em Kremenchuk, 27/06/2022.
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Chaplyne: 25 mortos em bombardeio
Uma enorme cratera em Chaplyne. A pequena cidade no leste da Ucrânia, com cerca de 3.800 habitantes, foi alvo de um ataque russo em 24 de agosto, como admitiu mais tarde o Ministério da Defesa em Moscou. O alvo foi um trem de transporte de armas, mas o ataque também atingiu civis. Segundo a companhia ferroviária ucraniana, 25 foram mortos, incluindo duas crianças.
Foto: Dmytro Smolienko/Ukrinform/IMAGO
Vinnytsia: 28 vítimas em ataque com foguete
Em 14 de julho, o exército russo atingiu com um míssil a Casa dos Oficiais de Vinnytsia, onde teria ocorrido "uma reunião da liderança militar das Forças Armadas ucranianas e fornecedores estrangeiros de armas". Entre os 28 mortos, estavam três crianças e três oficiais, além de mais de 100 feridos. Vinnytsia se localiza a sudoeste de Kiev.
Foto: State Emergency Service of Ukraine/REUTERS
Chasiv Yar: 48 mortos em bombardeio
Na noite de 9 de julho, a pequena cidade de Chasiv Yar, no leste da Ucrânia, foi bombardeada. Segundo a mídia, os lançadores de foguetes múltiplos Uragan foram disparados em áreas residenciais. Um edifício residencial de cinco andares foi duramente atingido, e 48 corpos foram resgatados de seus escombros.
Foto: Nariman El-Mofty/AP/dpa/picture alliance
Serhiyivka: 21 mortos em ataque com mísseis de cruzeiro
Um ataque a Serhiyivka em 1º de julho custou pelo menos 21 vidas. O porto perto de Odessa aparentemente foi atingido por mísseis de cruzeiro durante a noite, como a Anistia Internacional informou após investigações no local. Pelo menos 35 ficaram feridos nos ataques. Por ser um resort de saúde, Serhiyivka é particularmente popular entre os turistas russos.
Foto: Maxim Penko/AP/picture alliance
Kramatorsk: 61 mortos na estação de trem
Imagens terríveis de Kramatorsk deram a volta ao mundo em 8 de abril: vários mísseis submarinos russos 9K79-1 Tochka atingiram a estação ferroviária da cidade no leste da Ucrânia, enquanto passageiros esperavam pelo trem. 61 foram mortos, incluindo sete crianças. Cientistas de balística determinaram que os mísseis haviam sido disparados da área da Ucrânia controlada pelos russos.
Foto: Ukrainian President Volodymyr Zelenskyy's Telegram channel/dpa/picture alliance
Bucha: encontrados 1.316 corpos
Bucha tornou-se sinônimo das ações brutais do Exército russo: depois que as tropas inimigas partiram, em 30 de março, vários corpos jaziam na rua Jablunska. No total, foram encontrados 1.316 corpos em Bucha e arredores. Embora a Rússia tenha negado quaisquer massacres, verificadores de fatos internacionais e equipes de investigação confirmaram execuções de civis por soldados russos.
Foto: Zohra Bensemra/Reuters
Mykolaiv: 36 mortos em ataque à administração regional
Em 29 de março, um ataque aéreo atingiu o prédio da administração regional de Mykolaiv. A parte central do edifício foi completamente destruída, do primeiro ao nono andar, restando apenas um esqueleto do prédio. A explosão também danificou vários edifícios residenciais e administrativos próximos, causando a morte de 36 cidadãos.
Em 16 de março, uma bomba destruiu o teatro no centro de Mariupol. De acordo com a Human Rights Watch, mais de 500 civis estavam se abrigando dos ataques no prédio na época. A palavra "Crianças" escrita em enormes letras brancas na frente e atrás do prédio não serviu como escudo. Segundo a prefeitura, 300 morreram.
Foto: Pavel Klimov/REUTERS
Mariupol: quatro mortos em ataque a clínica
Um ataque aéreo russo em 9 de março destruiu o hospital infantil e a maternidade de Mariupol. Houve menos quatro mortes, incluindo uma grávida e seu bebê, 17 ficaram feridos. Enquanto o Ministério da Defesa russo falou de uma "provocação encenada", o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, chamou o atentado de "crime de guerra".
Foto: Evgeniy Maloletka/AP/picture alliance
Charkiv: foguete mata 24 pessoas
Um vídeo de vigilância divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia mostrou um foguete atingindo o prédio da Administração Estatal Regional de Kharkiv em 1º de março, causando 24 mortes, inclusive de transeuntes.
Foto: Pavel Dorogoy/AP/picture alliance
Inquérito do Tribunal Penal Internacional
As autoridades ucranianas relatam mais de 29 mil crimes de guerra, do início do conflito, em 24 de fevereiro de 2022, até 26 de agosto. Investigações independentes prosseguem. O Tribunal Penal Internacional enviou equipes para coletar informações. De acordo com as Convenções de Genebra, ataques deliberados a civis são crimes de guerra. No entanto, a Rússia não reconhece a corte sediada em Haia.