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Oito em cada dez americanos reconhecem Biden como vencedor

11 de novembro de 2020

Pesquisa aponta que maioria da população, incluindo uma fatia expressiva dos republicanos, rejeita atitude de Trump de não reconhecer derrota. Republicano vem tumultuando processo de transição.

USA Wilmington | Rede Joe Biden und Kamala Harris nach dem Wahlsieg
O democrata Biden já vem anunciando as prioridades do seu governo, mas transição vem sendo sabotada por TrumpFoto: Biden Campaign/RS/MPI/Capital Pictures/picture alliance

Praticamente oito em cada dez norte-americanos reconhecem o presidente eleito Joe Biden como o vencedor da eleição presidencial nos Estados Unidos, de acordo com uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na noite de terça-feira (10/11). O democrata foi anunciado como vencedor no sábado, após ultrapassar a marca de 270 votos no Colégio Eleitoral americano.

Mesmo assim, o presidente Donald Trump vem se recusando a reconhecer a derrota e vem tumultuando o processo de transição. Na segunda-feira, por exemplo, seu governo bloqueou o acesso da equipe de Biden a informações e recursos para que seja iniciada a transição de poder. A atitude contrasta com a transição de 2016, quando o então presidente Barack Obama recebeu um recém-eleito Trump na Casa Branca uma semana após o pleito para oficializar o início da passagem de poder.

No voto popular, Biden recebeu até agora 76,3 milhões de votos, ou 50,7% do total, contra 71,6 milhões, ou 47,6%, de Trump. A contagem de votos ainda prossegue em três estados, mas Biden já acumula 279 ou 290 votos no Colégio Eleitoral, de acordo com diversos levantamentos. Trump tem apenas 214.

Oficialmente, o vencedor da eleição só é anunciado em 14 de dezembro, quando os delegados de todos os 50 estados se reúnem em Washington no Colégio Eleitoral para confirmar os resultados estaduais. Não há nos EUA um órgão central que compile os resultados estaduais. Normalmente, o resultado é projetado logo após o pleito pela imprensa. O anúncio do desfecho da eleição é facilitado quando um dos lados concede a derrota – o que não vem sendo o caso com Trump.

Apesar da recusa do republicano, dezenas de líderes mundiais, de países como Alemanha e Canadá, e todos os ex-presidentes vivos dos EUA, incluindo o republicano George W. Bush, já felicitaram Biden pela vitória. A maior parte do povo americano também parece concordar que Biden é o vencedor.

A pesquisa nacional Reuters/Ipsos, que foi conduzida entre a tarde de sábado até esta terça-feira, concluiu que 79% dos adultos nos Estados Unidos acreditam que Biden conquistou a Casa Branca. Outros 13% disseram que a eleição ainda não está decidida, 3% acham que Trump venceu, e 5% dizem que não sabem.

Todos os entrevistados que se identificaram como democratas disseram que Biden foi o vencedor. Já entre os republicanos, a média foi menor, mas ainda assim seis em cada dez eleitores que se identificam com o partido de Trump apontaram que o democrata Biden é o vencedor.

O estudo ainda mostrou que 72% dos americanos acreditam que o perdedor da eleição precisa admitir a derrota.

Trump não só não reconheceu o resultado da disputa. Pouco depois do pleito, ele chegou a declarar vitória prematuramente, muito antes da apuração completa dos votos, e denunciou repetidamente, sem apresentar evidências, que está sendo vítima de fraude eleitoral generalizada.

Trump vem repetindo que é vítima de fraude, mas até agora não apresentou provas convincentes. Principais aliados dos EUA já reconheceram vitória de BidenFoto: Evan Vucci/AP/picture alliance

Nos últimos dias, membros do seu governo também passaram a abraçar mais abertamente a narrativa do chefe. Na terça-feira, ao ser questionado sobre a transição de poder, o secretário de Estado Mike Pompeo afirmou que haverá uma "transição de poder suave para um segundo mandato de Trump", sinalizando que o círculo do presidente pretende arrastar a questão até pelo menos a metade de dezembro, quando o Colégio Eleitoral oficializar o resultado.

Trump já deixou claro que pretende contestar o resultado nos tribunais, especialmente na Suprema Corte, onde o republicano indicou três dos nove juízes. Sua campanha também chegou a pedir recontagens em vários estados-chave, mas não foi bem-sucedida. Os republicanos ainda agiram para tentar barrar a contagem de votos em três estados. As ofensivas causaram ultraje nos EUA e foram criticadas até mesmo por alguns republicanos.

Paralelamente, Trump também celebrou os bons resultados do Partido Republicano na eleição para a Câmara dos Representantes, mas neste caso evitou apontar qualquer suspeita de fraude no pleito. 

Não é a primeira vez que Trump recorre a esse tipo de tática sem qualquer base. Em 2016, ele venceu no Colégio Eleitoral, mas perdeu no voto popular para Hillary Clinton. Com o ego ferido, disse que os democratas haviam arregimentado milhões de imigrantes ilegais para votar. Uma comissão foi formada pelo seu governo para investigar. Nenhuma evidência de irregularidade foi encontrada, e o colegiado foi extinto em 2018.

Na terça-feira, diante da insistência de Trump em não reconhecer a derrota, o democrata Biden afirmou que a atitude do republicano é uma "vergonha". "Nós vamos seguir, vamos adiante, de maneira consistente, construindo juntos nosso governo, a Casa Branca, e revisando quem iremos escolher para os cargos de gabinete, e nada vai impedir isso", disse o democrata.

JPS/rtr/ots

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