Documentos revelados pelo jornal "Bild" mostram que o hoje chanceler federal alemão foi mantido sob vigilância na década de 80 pelo serviço de segurança da antiga Alemanha Oriental.
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A polícia secreta da Alemanha Oriental espionou por anos o atual chanceler federal alemão, Olaf Scholz, na década de 80 chegando segui-lo na Alemanha Ocidental, em Hamburgo, onde residia na época, segundo reportagem publicada pelo tabloide Bild.
Scholz, que era então advogado, viajou várias vezes para a antiga Alemanha Oriental como líder da Jusos, a organização jovem de seu Partido Social-Democrata (SPD).
Scholz, que assumiu o cargo como sucessor de Angela Merkel em dezembro, disse que a reportagem do jornal não foi uma surpresa. "Claro, estou ciente do fato de que fui espionado", afirmou nesta quinta-feira (13/01). "Não é bonito, mas é como é."
De acordo com os documentos da Stasi, a política secreta alemã-oriental, consultados pelo Bild, os agentes identificaram Scholz como um "profissional político da velha escola, que tem muita influência". Eles instruíram seus colegas a dar a Scholz e seus companheiros um tratamento especial, como "vistos para Berlim, sem taxas" e "desembaraço educado, sem controle alfandegário". Ele também foi autorizado a entrar sem pagar a taxa de câmbio de moeda a uma coversão favorável.
Dados repassados à KGB
O futuro chanceler também foi espionado, junto com uma dúzia de outros colegas do SPD, quando retornou a Hamburgo. Algumas dessas informações também foram repassadas à polícia secreta soviética, a KGB. A KGB trabalhava em estreita colaboração com a Stasi e até mantinha um escritório em Berlim.
Ao longo dos anos 80, a Stasi tinha mais de 3 mil informantes na Alemanha Ocidental, fornecendo à polícia secreta da Alemanha Oriental informações sobre figuras políticas e empresários proeminentes, assim como artistas, intelectuais, ativistas e até mesmo pessoas comuns.
Scholz não comentou se ele também já tinha visto os documentos. Agora com 63 anos, o agora chanceler alemão se juntou à organização jovem do SPD em meados da década de 1970 e foi vice-presidente do grupo a partir de 1982 a 1988.
md (DPA, AFP)
Imagens curiosas do arquivo da Stasi
O artista berlinense Simon Menner recebeu autorização para pesquisar os arquivos da Stasi, o serviço secreto da antiga Alemanha Oriental. Seu livro "Top Secret" apresenta uma seleção de imagens curiosas e bizarras.
Foto: Simon Menner/BStU2013
Achados do fundo do baú
Há 24 anos, a Alemanha Oriental deixava de existir praticamente de um dia para o outro – e com ela a Stasi, um dos serviços secretos mais temidos do mundo. O artista berlinense Simon Menner passou dois anos pesquisando os arquivos da Stasi. O resultado é o livro de fotos "Top Secret", uma visão única sobre o trabalho de espionagem da organização. Estas imagens são de um seminário sobre disfarces.
Foto: Simon Menner/BStU2013
Na mira dos espiões
Esta imagem é de um filme que mostra uma pessoa sendo observada ao longo de vários dias. Em cada um dos frames, o "alvo" foi marcado com uma seta. Com mais de 90 mil funcionários oficiais e outros 100 mil informantes não oficiais (os chamados IMs), a Stasi tinha uma das maiores redes de espiões de sua época.
Foto: Simon Menner/BStU2013
Treinamento
Também a espionagem é um ofício que pode ser aprendido: imagens feitas para "fins de treinamento", como esta, são frequentemente encontradas nos arquivos da Stasi. Elas eram feitas para ressaltar aos espiões no que eles deveriam prestar mais atenção. Muito importante era observar quando, onde e com quem um suspeito se encontrava.
Foto: Simon Menner/BStU2013
Leituras suspeitas
Ou o que eles liam. Para esta foto, a Stasi provavelmente usou um livro de sua própria biblioteca: "O ABC do dinheiro, do poder e da riqueza na Alemanha Ocidental", de Bernd Engelmann. O escritor do lado ocidental era – como se soube após a Queda do Muro – um dos IMs da Stasi.
Foto: Simon Menner/BStU2013
Correspondências suspeitas
A correspondência trocada entre pessoas espionadas recebia – é claro – um nível particularmente elevado de atenção. A propósito: todas as pessoas identificáveis que aparecem no livro de Simon Menners eram funcionárias da Stasi. As demais tiveram os rostos "borrados" para impedir a identificação.
Foto: Simon Menner/BStU2013
Da teoria à prática
Esta imagem de uma espionagem real mostra uma caixa de correio monitorada pela Stasi. Cada pessoa que se aproximava da caixa era fotografada. Em seguida, outras imagens mostram como funcionários, em trajes civis, esvaziam a caixa. Mais tarde, cada uma das cartas coletadas era atribuída a uma das pessoas fotografadas.
Foto: Simon Menner/BStU2013
"A vida dos outros"
Esta foto Polaroid foi tirada durante um busca sigilosa num apartamento. A imagem foi feita para servir de referência – assim, tudo poderia ser deixado exatamente como havia sido encontrado. "Estava em dúvida se deveria usar imagens como esta no livro", admite Simon Menner. "Mas cheguei a um acordo com o arquivo e acho importante mostrar também estas fotos."
Foto: Simon Menner/BStU2013
Brinquedo ou sinal de fuga?
Este modelo de avião foi fotografado durante uma busca secreta a uma residência, ao lado de revistas, cigarros e garrafas de uísque ocidentais. Será que havia a suspeita de que o dono planejasse uma "travessia ilegal da fronteira"? Estas eram duramente punidas.
Foto: Simon Menner/BStU2013
Presentes confiscados
Cerca de 25 milhões de pacotes de presentes, contendo desde alimentos até roupas, eram enviados todos os anos da Alemanha Ocidental para a Oriental. Cada remessa era aberta por um funcionário da Stasi. Muitas vezes, o conteúdo era documentado fotograficamente ou parcialmente confiscado.
Foto: Simon Menner/BStU2013
Festa à fantasia de espiões
Estas imagens foram feitas numa festa de aniversário de um funcionário da Stasi e estão entre as mais bizarras do livro de Simon Menner. Os espiões compareceram à festa fantasiados de suas "vítimas": artistas, representantes da Igreja ou esportistas.
Foto: Simon Menner/BStU2013
Ordenação
O senso de humor bem particular da Stasi pode ser visto nesta foto, na qual um espião é "ordenado". Como a "ordem" a ele concedida tem a forma de um telefone, pode-se supor que ele foi especialmente bem-sucedido em escutas telefônicas. Até fotos como esta paravam nos arquivos da organização. A sede de informação da Stasi era tamanha que até cheiros de "inimigos do Estado" eram arquivados.
Foto: Simon Menner/BStU2013
Cisne morto
Algumas imagens dos arquivos da Stasi permanecem sendo um mistério. Esta foto de um cisne morto foi encontrada no gabinete do chefe da Stasi, Erich Mielke, depois da queda do Muro. "Algumas fotos temos que apenas mostrar, com todo seu absurdo e estranheza", diz Simon Menner.