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"Olimpíada é oportunidade perdida para o Brasil", diz Paes

11 de julho de 2016

Em entrevista ao "The Guardian", prefeito do Rio afirma que atual momento de crise não é o melhor "para estar nos olhos do mundo" e nega que investimentos não beneficiem áreas pobres da cidade.

Eduardo Paes
Foto: picture alliance/dpa/M. Kappeler

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB-RJ), disse ao jornal britânico The Guardian que o Brasil perdeu a oportunidade de se projetar no cenário internacional com os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

"Essa é uma oportunidade perdida", afirmou na entrevista publicada nesta segunda-feira (11/07). "Com toda essa crise política e econômica, com todos esses escândalos, não é o melhor momento para estar nos olhos do mundo. Isso é ruim."

Paes defendeu, no entanto, que os investimentos bilionários em infraestrutura para a competição terão um impacto positivo de longo prazo para os mais pobres e negou que as melhorias tenham se concentrado apenas nas áreas ricas da cidade. "Nunca houve tanta transformação para a população pobre [do Rio]", disse. "Os Jogos Olímpicos são uma grande inspiração para fazer as coisas."

Criticado por concentrar projetos de melhoria na Barra da Tijuca, onde apoiadores de sua campanha detêm grandes projetos, o prefeito diz que 75% do investimento total da cidade foi aplicado em áreas pobres do norte e oeste do Rio porque é "de onde ele recebe seus votos".

A maior parte das 331 novas escolas e 90 clínicas de atendimento estão nessas regiões, ressaltou Paes, assim como boa parcela de novas vias, que vão diminuir o tempo de deslocamento de pessoas que vivem nas favelas e trabalham na zona sul da cidade.

Remoções

Paes diz que a estimativa de que 50 mil pessoas teriam ficado desalojadas devido às obras, segundo ativistas, é exagerada. Projetos diretamente ligados aos Jogos teriam levado à remoção de algumas centenas de moradores, afirma o prefeito. "Ninguém gosta de desapropriar pessoas. É caro e bagunçado. Mas às vezes é necessário fazer isso."

O Rio gastou 39,1 bilhões de reais em obras ligadas aos Jogos Olímpicos, e 58% desse dinheiro veio da iniciativa privada. Segundo Paes, o maior ganho foi no setor de transportes. Em 2009, apenas 18% dos habitantes do Rio utilizavam o sistema de transporte público em massa. Atualmente, são 63%. "É um ótimo projeto para a cidade", argumentou.

Há um mês, o governo do Rio de Janeiro decretou estado de calamidade pública devido à crise financeira e citou os pagamentos das obras para os Jogos Olímpicos como um dos motivos. O jornal britânico destaca que a combinação de recessão, problemas de segurança, a epidemia do vírus zika, a instabilidade política, atrasos em infraestrutura e remoções tem "imposto sérios danos às imagens do Brasil e do Rio".

KG/ots

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