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OMS alerta contra descartar de antemão vacina de Oxford

9 de fevereiro de 2021

Dúvida sobre eficácia contra variante sul-africana é "preocupante", mas organização lembra que imunizante produzido pela AstraZeneca em parceria coma Universidade de Oxford se saiu bem em outros estudos.

Tedros Adhanom Ghebreyesus
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, disse que fabricantes de vacinas terão de se ajustar à evolução do vírusFoto: Martial Trettini/KEYSTONE/picture alliance

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta segunda-feira (08/02) que vai tomar nos próximos dias uma decisão sobre o uso de emergência da vacina contra covid-19 de Oxford/Astrazeneca, depois de dúvidas surgidas sobre a eficácia do imunizante contra a variante do coronavírus detectada pela primeira vez na África do Sul.

Uma decisão favorável vai permitir que milhões de doses dessa vacina sejam enviadas a países pobres, dentro do programa de distribuição Covax, apoiado pelas Nações Unidas. "Não precisamos logo concluir que esta vacina não funciona de jeito nenhum", disse a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan.

A OMS também chamou a atenção para o pequeno número de voluntários que participaram de um estudo (cerca de 2 mil) que apontou eficácia limitada contra a variante sul-africana e argumentou que é importante fazer uso de todos os meios disponíveis para combater a pandemia. A chefe da vacinas da organização, Kate O'Brien, lembrou que outros estudos atestaram a eficácia da chamada vacina de Oxford.

A vacina desenvolvida pela empresa AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford é parte fundamental do Covax, um programa para a compra e distribuição de vacinas contra a covid-19 que almeja um acesso mais igualitário ao redor do mundo e prioriza países pobres.

O imunizante de Oxford/Astrazeneca corresponde a quase todas as 337,2 milhões de doses que o Covax pretende enviar a cerca de 145 países no primeiro semestre deste ano. Para isso é necessária a autorização da OMS.

Dúvida sobre eficácia preocupa

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a dúvida sobre a eficácia da vacina da AstraZeneca contra a variante sul-africana do coronavírus é preocupante.

O chefe da OMS reafirmou que é preciso fazer de tudo para evitar a circulação do vírus e disse que é cada vez mais claro que os fabricantes de vacinas "terão de se ajustar à evolução do vírus", tendo em conta as mais recentes variantes, para futuras vacinas.

"Sabemos que os vírus sofrem mutações e sabemos que temos de estar prontos para adaptar as vacinas para que continuem a ser eficazes. É isto o que acontece com as vacinas contra a gripe, que são atualizadas duas vezes por ano para corresponderem às estirpes dominantes", disse.

Apesar das dúvidas, os especialistas do Covax apelaram aos países para que não descartem de antemão a vacina da AstraZeneca. "É demasiado cedo para descartar essa vacina", disse Richard Hatchett, que dirige a Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi), uma das organizações que lideram a aliança de vacinação Covax ao lado da OMS. "É absolutamente crucial utilizar os instrumentos de que dispomos da forma mais eficaz possível", acrescentou.

África do Sul adiou vacinação

A África do Sul anunciou nesta segunda-feira que iria suspender o início da sua campanha de vacinação com a vacina da AstraZeneca após um estudo ter demonstrado que o imunizante era pouco eficaz contra a variante sul-africana do vírus, que é dominante no país.

O governo sul-africano acrescentou que, nas próximas semanas, vai recorrer às vacinas produzidas pela Johnson & Johnson e pela Pfizer, esta desenvolvida em parceria com a empresa alemã Biontech.

A variante sul-africana do coronavírus (chamada B1351) é uma das que mais preocupam atualmente os cientistas, juntamente com as identificadas no Reino Unido (B117) e no Brasil (B1128).

Eficácia de apenas 22% contra variante

A pesquisa científica foi realizada pelas universidades de Witwatersrand, na África do Sul, e de Oxford, no Reino Unido, e envolveu 2 mil participantes com idade média de 31 anos.

De acordo com os resultados preliminares da pesquisa, o risco de desenvolver uma forma de leve a moderada de covid-19 foi apenas 22% menor para quem tomou a vacina de Oxford/AstraZeneca, considerando as infecções com a variante sul-africana do coronavírus.

A proteção contra formas de moderada a grave não puderam ser avaliadas porque os participantes da pesquisa eram muito jovens.

A vacina de Oxford no Brasil

O primeiro lote do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para a produção das vacinas Oxford/AstraZeneca pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) chegou no sábado ao Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. O material deve finalmente possibilitar a produção dessa vacina contra a covid-19 em território nacional, após seguidos atrasos.

Os termos do acordo entre a Fiocruz, a AstraZeneca e a Universidade de Oxford preveem que, inicialmente, o Brasil vai produzir a vacina com IFA importado. Posteriormente, Bio-Manguinhos vai nacionalizar a produção do insumo, o que deve ocorrer no segundo semestre, a partir de um processo de transferência de tecnologia. Após a nacionalização do IFA, a Fiocruz prevê produzir mais 110 milhões de doses até o fim deste ano, chegando a um total de mais de 210,4 milhões de doses.

Até o momento, 2 milhões de doses prontas da vacina de Oxford importadas da Índia foram as únicas que o governo federal conseguiu distribuir até o momento. O grosso da campanha de imunização vem sendo executada com doses de Coronavac, a vacina promovida pelo governo de São Paulo e que havia sido inicialmente rejeitada pelo Planalto.

as/lf (AP, AFP, Lusa, DPA)

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