OMS alerta para "aumento significativo" de casos de zika
25 de abril de 2016
Conferência em Paris reúne especialistas de diversos países para discutir o vírus e as doenças relacionadas a ele. No Brasil, o surto apresenta "clara diminuição", enquanto aumentam os temores na Europa.
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Em torno de 600 especialistas de 43 países se reúnem nesta segunda-feira (25/04) em Paris para discutir o recente surto de zika vírus, que começou no Brasil no início de 2015, se espalhou pela América Latina e agora ameaça se alastrar para o resto do mundo.
Cientistas e especialistas em saúde pública discutem a relação da infecção pelo vírus com casos de microcefalia em bebês, além de problemas neurológicos em adultos, como a síndrome de Guillain-Barré, que pode causar paralisia e morte.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para um potencial "aumento significativo" das infecções, enquanto no Brasil o surto apresenta sinais de declínio. Há, porém, temores de que o zika possa chegar ao hemisfério norte durante o verão, na metade do ano, juntamente com os mosquitos transmissores.
"Enquanto as temperaturas começam a aumentar na Europa, duas espécies de mosquitos Aedes, que sabemos que podem transmitir o vírus, começarão a circular", afirmou a diretora-assistente da OMS Marie-Paule Kieny durante a conferência em Paris. "O mosquito não conhece fronteiras", alertou.
Levando-se em conta o risco de que as transmissões possam ocorrer através de relações sexuais, o mundo "poderá testemunhar um aumento acentuado do número de pessoas infectadas pelo zika e das complicações relacionadas", disse Kieny. Ela descreveu o vírus como uma "emergência global" e uma "ameaça crescente".
Com a queda das temperaturas nas regiões tropicais e subtropicais, o surto no Brasil está "claramente em declínio", afirmou Kieny, sem fornecer dados sobre a informação.
Risco baixo para a Europa
O Instituto Pasteur divulgou recentemente uma pesquisa afirmando que, ainda assim, para o continente europeu o risco é reduzido, uma vez que o mosquito Aedes albopictus, presente em cerca de 20 países durante o verão, é menos capaz de causar surtos da doença do que o Aedes aegypti.
Mesmo que as transmissões locais sejam possíveis, o risco de um surto na Europa é "aparentemente baixo", segundo o imunologista francês Jean-François Delfraissy.
Apesar das inúmeras pesquisas realizadas, pouco se sabe soube o vírus – por quanto tempo pode permanecer ocultado no corpo humano, o grau do risco de transmissão sexual, a relação completa das doenças que podem resultar do zika e todas as espécies de mosquito que podem transmiti-lo.
"O que preocupa não é o que sabemos, mas o que não sabemos", afirmou o professor Davis Heymann, da Faculdade de Higiene e Medicina Tropical de Londres. "Não podemos fazer recomendações se não compreendemos todo o potencial de um vírus ou bactéria", disse.
No início do mês, autoridades de saúde dos Estados Unidos comprovaram a associação entre a contaminação pelo vírus e os casos de microcefalia, e afirmaram que o zika é "mais assustador" do que se pensava.
"Continuamos a aprender todos os dias, e o que aprendemos não é nada tranquilizador", disse Anne Schuchat, vice-diretora do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA.
RC/afp
Os 10 vírus mais perigosos do mundo
Embora a covid-19 seja muito contagiosa, sua taxa de mortalidade é relativamente baixa em comparação com esses dez vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Vírus de Marburg
O vírus mais perigoso do mundo é o Marburg. Ele leva o nome de uma pequena cidade alemã às margens do rio Lahn, onde o vírus foi documentado pela primeira vez. O Marburg provoca febre hemorrágica e, assim como o ebola, causa convulsões e sangramentos das mucosas, da pele e dos órgãos. A taxa de mortalidade do vírus chega a 88%.
Foto: Bernhard-Nocht-Institut
Ebola
O vírus do ebola foi descoberto em 1976 na República Democrática do Congo por uma equipe de pesquisadores belgas. A doença foi batizada com o nome do rio que passa pelo vilarejo onde ela foi identificada pela primeira vez. Ele pode ocorrer em cinco cepas distintas, denominadas de acordo com países e regiões na África: Zaire, Sudão, Bundibugyo, Reston, Floresta de Tai. A cepa Zaire é a mais fatal.
Foto: Reuters
Hantavírus
O hantavírus descreve uma ampla variedade de vírus. Assim como o ebola, ele também leva o nome de um rio – neste caso, onde soldados americanos foram os primeiros a se infectarem com a doença durante a Guerra da Coreia, em 1950. Os sinais são doenças pulmonares, febre e insuficiência renal.
Foto: REUTERS
Gripe aviária
Com uma taxa de mortalidade de 70%, o agente causador da gripe aviária espalhou medo durante meses. Mas o risco real de alguém se infectar com o vírus H5NI é muito baixo. Os seres humanos podem ser contaminados somente através do contato muito próximo com as aves. Por esse motivo, a maioria dos casos ocorre na Ásia, onde pessoas e galinhas às vezes vivem juntas em espaço pequeno.
Foto: AP
Febre de Lassa
Uma enfermeira na Nigéria foi a primeira pessoa a se infectar com o vírus Lassa. A doença é transmitida aos humanos através do contato com excrementos de roedores. A febre de Lassa ocorre de forma endêmica na África Ocidental, como é o caso, atualmente, mais uma vez na Nigéria. Pesquisadores acreditam que 15% dos roedores dali sejam portadores do vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Junin
O vírus Junin é associado à febre hemorrágica argentina. As pessoas infectadas apresentam inflamações nos tecidos, hemorragia e sépsis, uma inflamação geral do organismo. O problema é que os sintomas parecem ser tão comuns que a doença raramente é detectada ou identificada à primeira vista.
Crimeia-Congo
O vírus da febre hemorrágica Crimeia-Congo é transmitido por carrapatos. Ele é semelhante ao ebola e ao Marburg na forma como se desenvolve. Durante os primeiros dias de infecção, os doentes apresentam sangramentos na face, na boca e na faringe.
Foto: picture-alliance/dpa
Machupo
O vírus Machupo está associado à febre hemorrágica boliviana. A infecção causa febre alta, acompanhada de fortes sangramentos. Ele desenvolve-se de maneira semelhante ao vírus Junin. O Machupo pode ser transmitido de humano para humano, e é encontrado com frequência em roedores.
Foto: picture-alliance/dpa/Marks
Doença da floresta de Kyasanur
Cientistas descobriram o vírus da floresta de Kyasanur na costa sudoeste da Índia em 1955. Ele é transmitido por carrapatos, mas supõe-se que ratos, aves e suínos também possam ser hospedeiros. As pessoas infectadas apresentam febre alta, fortes dores de cabeça e musculares, que podem causar hemorragias.
Dengue
A dengue é uma ameaça constante. Transmitida pelo mosquito aedes aegypti, a doença afeta entre 50 e 100 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. O vírus representa um problema para os dois bilhões de habitantes que vivem nas áreas ameaçadas, como Tailândia, Índia e Brasil.