Apesar de o número de mortes em decorrência do vírus ter caído quase pela metade na última década, Organização Mundial da Saúde aponta resistência a antirretrovirais como obstáculo à meta de erradicar aids.
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O número de mortes em consequência do vírus HIV caiu quase pela metade na última década, afirmou a Unaids, programa das Nações Unidas de combate à aids, nesta quinta-feira (20/07). No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que grande parte do progresso pode ser revertida com o aumento da resistência do vírus a medicamentos.
Em seis de 11 países analisados na África, Ásia e América Latina, mais de uma a cada dez pessoas que iniciaram o tratamento antirretroviral apresentaram uma cepa do vírus causador da aids que não respondeu a algumas das drogas mais utilizadas, divulgou a OMS.
Segundo a organização, os vírus podem se tornar resistentes às drogas quando os pacientes tomam doses incorretas da medicação prescrita. Cepas resistentes também podem ser contraídas diretamente de outras pessoas.
"A resistência aos medicamentos antimicrobianos é um desafio crescente para a saúde global e o desenvolvimento sustentável", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. "Precisamos abordar de forma proativa os níveis crescentes de resistência aos medicamentos contra o HIV, caso quisermos atingir o objetivo global de erradicar a aids até 2030."
A OMS recomenda que quando a resistência aos medicamentos se torna muito alta, os países devem adotar para uma droga alternativa. Quando os medicamentos mais comuns não funcionam, os tipos mais caros, que podem ser mais difíceis de encontrar, devem ser testados.
A menos que algo seja feito, projeções matemáticas sugerem que as cepas do vírus resistentes a drogas podem infectar 105 mil pessoas e matar 135 mil nos próximos cinco anos, além de aumentar os custos de tratamento em 650 milhões de dólares, de acordo com a OMS.
Desde que a epidemia eclodiu na década de 1980, 76,1 milhões de pessoas foram infectadas com o vírus do HIV. Cerca de 35 milhões morreram.
Menos mortes e infecções
Apesar do alerta sobre a resistência a medicamento, não apenas os números de novas infecções por HIV e de mortes diminuíram, mas nunca antes tantas pessoas soropositivas tiveram acesso a tratamentos antirretrovirais em 2016 – ultrapassando, pela primeira vez, a marca dos 50% dos infectados –, apontam estatísticas da ONU.
Segundo levantamento da Unaids, 19,5 milhões de um total de 36,7 milhões de pessoas vivendo com HIV em 2016 tiveram acesso a tratamentos antirretrovirais, que retardam o desenvolvimento do vírus do HIV, mas não o eliminam completamente.
As mortes relacionadas à aids caíram de 1,9 milhão, em 2005, para 1 milhão em 2016. O ano passado registrou 1,8 milhão de novas infecções, quase metade do número recorde de cerca de 3,5 milhões em 1997.
"Enquanto controlamos a epidemia, os resultados de saúde estão melhorando e os países estão ficando mais fortes", disse o diretor-executivo da Unaids, Michel Sidibe. "Estamos salvando vidas. Comunidades e famílias estão prosperando, já que a aids está sendo contida."
Embora os números mostrem uma queda na quantidade de infecções e mortes, ainda não há uma vacina ou cura para o vírus do HIV, e as pessoas infectadas dependem de terapias antirretrovirais ao longo da vida para impedir a replicação do vírus. Sem tratamento, os pacientes continuam desenvolvendo a aids, uma síndrome que enfraquece o sistema imunológico e deixa o corpo exposto a infecções oportunistas, como a tuberculose, e alguns tipos de câncer.
PV/efe/afp
Os 10 vírus mais perigosos do mundo
Embora a covid-19 seja muito contagiosa, sua taxa de mortalidade é relativamente baixa em comparação com esses dez vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Vírus de Marburg
O vírus mais perigoso do mundo é o Marburg. Ele leva o nome de uma pequena cidade alemã às margens do rio Lahn, onde o vírus foi documentado pela primeira vez. O Marburg provoca febre hemorrágica e, assim como o ebola, causa convulsões e sangramentos das mucosas, da pele e dos órgãos. A taxa de mortalidade do vírus chega a 88%.
Foto: Bernhard-Nocht-Institut
Ebola
O vírus do ebola foi descoberto em 1976 na República Democrática do Congo por uma equipe de pesquisadores belgas. A doença foi batizada com o nome do rio que passa pelo vilarejo onde ela foi identificada pela primeira vez. Ele pode ocorrer em cinco cepas distintas, denominadas de acordo com países e regiões na África: Zaire, Sudão, Bundibugyo, Reston, Floresta de Tai. A cepa Zaire é a mais fatal.
Foto: Reuters
Hantavírus
O hantavírus descreve uma ampla variedade de vírus. Assim como o ebola, ele também leva o nome de um rio – neste caso, onde soldados americanos foram os primeiros a se infectarem com a doença durante a Guerra da Coreia, em 1950. Os sinais são doenças pulmonares, febre e insuficiência renal.
Foto: REUTERS
Gripe aviária
Com uma taxa de mortalidade de 70%, o agente causador da gripe aviária espalhou medo durante meses. Mas o risco real de alguém se infectar com o vírus H5NI é muito baixo. Os seres humanos podem ser contaminados somente através do contato muito próximo com as aves. Por esse motivo, a maioria dos casos ocorre na Ásia, onde pessoas e galinhas às vezes vivem juntas em espaço pequeno.
Foto: AP
Febre de Lassa
Uma enfermeira na Nigéria foi a primeira pessoa a se infectar com o vírus Lassa. A doença é transmitida aos humanos através do contato com excrementos de roedores. A febre de Lassa ocorre de forma endêmica na África Ocidental, como é o caso, atualmente, mais uma vez na Nigéria. Pesquisadores acreditam que 15% dos roedores dali sejam portadores do vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Junin
O vírus Junin é associado à febre hemorrágica argentina. As pessoas infectadas apresentam inflamações nos tecidos, hemorragia e sépsis, uma inflamação geral do organismo. O problema é que os sintomas parecem ser tão comuns que a doença raramente é detectada ou identificada à primeira vista.
Crimeia-Congo
O vírus da febre hemorrágica Crimeia-Congo é transmitido por carrapatos. Ele é semelhante ao ebola e ao Marburg na forma como se desenvolve. Durante os primeiros dias de infecção, os doentes apresentam sangramentos na face, na boca e na faringe.
Foto: picture-alliance/dpa
Machupo
O vírus Machupo está associado à febre hemorrágica boliviana. A infecção causa febre alta, acompanhada de fortes sangramentos. Ele desenvolve-se de maneira semelhante ao vírus Junin. O Machupo pode ser transmitido de humano para humano, e é encontrado com frequência em roedores.
Foto: picture-alliance/dpa/Marks
Doença da floresta de Kyasanur
Cientistas descobriram o vírus da floresta de Kyasanur na costa sudoeste da Índia em 1955. Ele é transmitido por carrapatos, mas supõe-se que ratos, aves e suínos também possam ser hospedeiros. As pessoas infectadas apresentam febre alta, fortes dores de cabeça e musculares, que podem causar hemorragias.
Dengue
A dengue é uma ameaça constante. Transmitida pelo mosquito aedes aegypti, a doença afeta entre 50 e 100 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. O vírus representa um problema para os dois bilhões de habitantes que vivem nas áreas ameaçadas, como Tailândia, Índia e Brasil.