OMS alerta: ômicron é mortal e não deve ser subestimada
7 de janeiro de 2022
Nova cepa de covid-19 tem se tornado predominante em muitos países, levando a aumento no número de casos, hospitalizações e mortes, principalmente entre não vacinados, segundo a Organização Mundial da Saúde.
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O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou nesta quinta-feira (06/01) que a variante ômicron do coronavírus tem causado hospitalizações e mortes em todo mundo e que, por isso, não pode ser subestimada. Tedros também disse, durante entrevista coletiva, que a nova cepa está ultrapassando rapidamente o número de contágios da variante delta em vários países.
"Embora a ômicron pareça apresentar sintomas menos graves em comparação à delta, especialmente nos vacinados, isso não significa que deva ser classificada como branda. Assim como as variantes anteriores, a ômicron está hospitalizando e matando. O tsunami de casos é tão grande e veloz que tem sido avassalador para os sistemas de saúde em todo o mundo", afirmou Tedros.
Os contágios por covid-19 aumentaram 71% em uma semana, em todo o mundo. Apenas nos Estados Unidos, foram registrados mais de 1 milhão de casos em 24 horas. Nas Américas do Norte, Central e do Sul, o número de novas infecções aumentou 100%. Segundo a OMS, em todo o mundo, 90% dos casos graves são de indivíduos não vacinados.
Crítica à sede de vacinas das nações ricas
O primeiro pronunciamento de Tedros Ghebreyesus em 2022, a partir de Genebra, na Suíça, ficou marcado também por críticas à ausência de vacinas em países pobres. Ele se referiu à retenção de doses nos países ricos, o que, segundo a OMS, criou o terreno perfeito para o surgimento de novas variantes.
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O chefe da OMS insistiu para que o mundo compartilhe as vacinas de forma mais justa em 2022, a fim de sustar a onda de "morte e destruição” causada pelo novo coronavírus.
Para 2021, a meta do biólogo etíope era que todos os países tivessem pelo menos 10% de sua população totalmente vacinada até setembro, e um total de 40% até dezembro. Dos 194 membros da OMS, 92 não alcançaram esses percentuais: 36 sequer chegaram aos 10% por não disporem de doses suficientes.
Agora Tedros Ghebreyesus quer que 70% da população total de todos os países esteja vacinada até julho. A julgar pelo curso atual, 109 países não devem alcançar o objetivo.
"A iniquidade vacinal é um assassino de seres humanos e de empregos, e atinge diretamente a recuperação econômica global. Doses e mais doses de reforço apenas num pequeno número de países não darão fim à pandemia, enquanto bilhões permanecerem desprotegidos”, declarou Tedros.
Fim da pandemia em 2022 é polêmico
A diretor técnica da OMS no combate à covid-19, Maria van Kerkhove, declarou ser muito improvável que a ômicron vá ser a última variante do coronavírus a causar preocupação no mundo, antes de um possível fim da pandemia. Ela voltou a insistir para que se mantenham as medidas de prevenção para proteger contra o vírus.
"Façam tudo o que for aconselhado, de maneira abrangente e objetiva. Precisamos aguentar firme e lutar”, reforçou, dizendo-se espantada por ver alguns portando de maneira incorreta os acessórios de proteção sanitária: "É preciso cobrir o nariz e a boca. Máscara abaixo do queixo é inútil”, criticou Van Kerkhove.
O representante da OMS na área de recursos para o coronavírus, Bruce Aylward, acrescentou que "não há necessidade de terminar 2022 com pandemia”. Mas o diretor de emergências da entidade, Michael Ryan, ressalvou ser possível que "estaremos sentados aqui no fim deste ano, de algum modo, tendo a mesma conversa – o que, por si só, já seria uma grande tragédia”.
gb (AFP,ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine