Entidade conclui que benefícios da vacina indiana superam os riscos. Aprovação abre caminho para que imunizante seja enviado a países de baixa renda e para que indianos vacinados com a Covaxin possam viajar ao exterior.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira (03/11) que aprovou o uso emergencial da Covaxin, vacina contra a covid-19 da farmacêutica indiana Bharat Biotech. A aprovação emergencial do primeiro imunizante desenvolvido pela Índia – e que está em uso há meses – abre caminho para que ele seja aceito em muitos países de baixa renda.
"O Grupo de Aconselhamento Técnico determinou que a vacina Covaxin atende aos padrões da OMS para proteção contra a covid-19, que o benefício da vacina supera em muito os riscos e que a vacina pode ser usada", disse a OMS em mensagem divulgada em sua conta oficial no Twitter.
Era esperado que o grupo consultivo da OMS tomasse uma decisão sobre a Covaxin na semana passada, mas os avaliadores pediram por esclarecimentos adicionais à Bharat Biotech antes de conduzirem uma análise final sobre os riscos e os benefícios para um possível uso global do imunizante.
A vacina da farmacêutica indiana também foi examinada pelo Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização da OMS, que recomendou seu uso em duas doses, com intervalo de quatro semanas, em indivíduos com mais de 18 anos.
A Covaxin, que no Brasil está no centro de um escândalo de compras de vacina pelo governo federal, tem uma taxa de eficácia de 78% e é feita a partir de uma forma inativada do coronavírus.
A Bharat Biotech começou a compartilhar dados com a OMS no início de julho. A empresa sediada em Hyderabad desenvolveu a Covaxin em parceria com um órgão de pesquisa do Estado indiano. A Bharat Biotech relatou em comunicado que estabeleceu a produção da Covaxin para atingir uma capacidade anual de 1 bilhão de doses até o final de 2021.
A Covaxin é a sétima vacina contra a covid-19 a receber a aprovação de uso emergencial da OMS. As outras são as duas vacinas que utilizam a tecnologia de RNA mensageiro – Pfizer/BioNTech e Moderna – e os imunizantes vetoriais de adenovírus desenvolvidos pela AstraZeneca e Johnson & Johnson, além das chinesas de vírus inativado da Sinovac Biotech (a Coronavac) e da Sinopharm.
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O que significa a aprovação?
A aprovação de uso emergencial é irrelevante para países e regiões que têm seus próprios órgãos reguladores, como o Brasil, a União Europeia (UE) e os Estados Unidos, que podem realizar seus próprios testes e tomar suas próprias decisões sobre a segurança de uso.
Mas muitos países que não podem arcar com os custos de um regulador abrangente acabam por estruturar suas decisões regulatórias com base nas orientações da OMS – e para esses países, a Bharat Biotech pode agora enviar seu imunizante.
A aprovação também significa que a Covaxin pode ser aceita como uma vacina válida para milhões de indianos que a receberam e querem viajar para fora do país. Omã, na semana passada, e Austrália, na última segunda-feira, comunicaram que reconhecerão a Covaxin como uma vacina válida para viajantes.
No Brasil, a Covaxin esteve entre os imunizantes contra a covid-19 adquiridos pelo governo, mas o Ministério da Saúde acabou cancelando o contrato de compra em julho, depois que a vacina se tornou o objeto central de um escândalo com suspeitas de superfaturamento e corrupção.
Um dos principais alvos da CPI da Pandemia, a compra da Covaxin levantou suspeitas por envolver uma atravessadora, a Precisa Medicamentos, e vacinas compradas por um preço bem superior a de outros imunizantes de laboratórios mais conceituados. Segundo um denunciante, houve pressão de altos membros da pasta para que o contrato fosse aprovado.
pv/ek (Reuters, DPA, AFP)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
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A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine