OMS critica controle da UE sobre exportação de vacinas
30 de janeiro de 2021
Organização Mundial da Saúde diz que medida dificulta combate à pandemia de covid-19. Diretor-geral da agência repreende ainda fura-filas da vacinação.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) criticou a decisão da União Europeia (UE) de estabelecer um mecanismo que lhe permite a partir deste sábado (30/01) controlar – e na prática bloquear – a exportação de vacinas para covid-19 produzidas em seu território.
"É muito preocupante quando um país ou bloco começa a restringir a movimentação de bens de uso público", afirmou na sexta-feira a vice-diretora geral da OMS, Mariângela Simão.
Segundo a responsável pela área de Acesso a Medicamentos, Vacinas e Produtos Farmacêuticos, "essas restrições não irão beneficiar a saúde global, dificultando o combate à pandemia de covid-19, e poderão prejudicar os esforços globais para garantir o acesso equitativo" a um "bem público mundial".
Em meio à queda de braço entre o bloco europeu e a gigante farmacêutica britânico-sueca AstraZeneca, que desenvolveu sua vacina contra a covid-19 em parceria com a Universidade de Oxford, a União Europeia decidiu restringir a exportação de imunizantes produzidos em seu território.
As autoridades europeias acusam a AstraZeneca, com quem firmaram um contrato, de não entregar as doses prometidas, ao mesmo tempo que cumpre seus prazos selados com o Reino Unido.
Com o programa de vacinação avançando a passos lentos no bloco, as autoridades europeias enfrentam crescente pressão. O motivo da lentidão é, segundo os líderes políticos, a demora na entrega das vacinas.
Grande impacto nos países mais pobres
O consultor da OMS para covid-19, Bruce Aylward, afirmou que o mais preocupante é o impacto que essa restrição terá nos países mais pobres, que "estão em grande desvantagem" no acesso às vacinas, por falta de recursos econômicos em comparação com as nações mais ricas, que, provavelmente, encontrarão "alternativas" para abastecer o mercado interno.
Aylward destacou que as farmacêuticas, apesar de estarem "trabalhando para maximizar a produção" de vacinas e "tentando honrar os seus contratos", nem sempre "conseguem cumprir o que prometeram". Ele pontuou que restrições e barreiras não devem ser impostas num momento que as ferramentas de combate à pandemia são escassas.
O especialistas alertou ainda que qualquer medida que imponha restrições ao combate à pandemia dão mais tempo para o coronavírus sofrer mutações para variantes mais contagiosas, como tem ocorrido nos últimos meses. Ele afirmou ainda que a escassez de vacinas continuará sendo um problema durante este ano.
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Críticas a fura-filas
Já o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou nesta sexta para o "risco real" de as vacinas "exacerbarem as desigualdades" no mundo, acentuando que o "nacionalismo das vacinas" é uma "atitude autodestruidora".
Segundo Ghebreyesus, a pandemia "explorou e expôs as desigualdades no mundo", mas existe "um risco real de que as vacinas possam exacerbar essas desigualdades", quando os mais pobres são preteridos a favor dos mais ricos no acesso aos imunizantes.
"As vacinas são um recurso limitado, temos de usá-las da maneira mais eficaz, mais equitativa possível. Se o fizermos, podemos salvar vidas", afirmou, realçando que a pandemia não acaba quando não acabar o todo o mundo.
Tedros pediu ainda que as pessoas que não pertencem a grupos de risco não furem a fila da vacinação. "Se você for de baixo risco, espere a sua vez", resumiu, lembrando que os profissionais da saúde "estiveram esse tempo todo na linha de frente, mas com pouca proteção e expostos ao coronavírus, motivo pelo qual precisam do imunizante o quanto antes".
No Brasil, desde o início da campanha de vacinação em 18 de janeiro, várias denúncias de casos de fura-filas da imunização surgiram em diversos estados, com políticos sendo beneficiados e beneficiando parentes e familiares de empresários. Em Manaus, que enfrenta um colapso em seu sistema de saúde, a vacinação chegou a ser suspensa após a denúncia de irregularidades.
cn (EFE, Lusa, ots)
Doenças prevenidas com vacinas
Vacinas protegem o corpo, criando resistência contra doenças. As vacinas são feitas com substâncias e microrganismos inativados ou atenuados que, quando introduzidos no organismo, estimulam a reação do sistema imune.
Foto: picture-alliance/imagebroker
Catapora
Também chamada de varicela, é uma doença infecciosa altamente contagiosa, causada pelo vírus Varicela-Zoster. Os principais sintomas são manchas vermelhas e bolhas no corpo, acompanhadas de muita coceira, mal-estar, dor de cabeça e febre. As bolhas costumam surgir primeiro no rosto, tronco e couro cabeludo e, depois, se espalham. Em alguns dias, elas começam a secar e cicatrizam.
Foto: Dan Race/Fotolia
Sarampo
É uma doença infecciosa grave, que pode ser fatal, causada por um vírus do gênero Morbilivirus, transmitida através de secreção oral ou nasal. É tão contagiosa que uma pessoa infectada pode transmitir a doença para 90% das pessoas próximas que não estejam imunes. Os principais sintomas são: manchas avermelhadas na pele, febre, tosse, mal-estar, conjuntivite, coriza, otite, pneumonia e encefalite.
Foto: picture-alliance/dpa/KEYSTONE/U. Flueeler
Hepatite B
Um dos cinco tipos de hepatite existentes no Brasil, a B é causado por um vírus. A falta de sintomas na fase inicial dificulta o diagnóstico. Muitas vezes, é detectada décadas após a infecção, por sintomas como tontura, enjoo, vômito, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados. Hepatite B não tem cura, mas o tratamento pode reduzir o risco de complicações, como cirrose e câncer hepático.
Foto: picture-alliance/dpa
Caxumba
É uma infecção viral aguda e contagiosa, que na maioria das vezes afeta as glândulas parótidas, que produzem a saliva, ou as submandibulares e sublinguais, próximas ao ouvido. É causada por um vírus e transmitida através de gotículas de saliva. O sintoma mais característico é o aumento das glândulas salivares. O agravamento da doença pode levar à surdez ou esterilidade.
Foto: Imago Images
Rubéola
É uma doença viral aguda, altamente contagiosa. A forma congênita, transmitida da mãe para o filho durante a gestação, é a mais grave porque pode provocar, por exemplo, surdez e problemas visuais no bebê. A transmissão acontece por meio de secreções expelidas ao tossir, respirar ou falar. Os principais sintomas são dor de cabeça e no corpo, ínguas, febre e manchas avermelhadas.
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Difteria
É uma doença transmissível causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae, que atinge as amígdalas, faringe, laringe, nariz e, ocasionalmente, outras partes do corpo, como pele e mucosas. A transmissão ocorre por meio da tosse, espirro ou por lesões na pele. Entre os principais sintomas estão: membrana grossa e acinzentada cobrindo as amígdalas, gânglios inchados e dificuldade para respirar.
Foto: picture-alliance/OKAPIA KG/G. Gaugler
Tétano
Ao contrário da maioria das doenças evitadas com vacina, o tétano não é contagioso. É causado por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium tetani, que, sob a forma de esporos, é encontrada em fezes, na terra, em plantas e em objetos e pode contaminar pessoas por meio de lesões na pele, como feridas, cortes ou mordidas de animais. Um dos sintomas é a rigidez muscular em todo o corpo.
Foto: Imago Images
Tuberculose
É uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também chamado bacilo de Koch. Afeta principalmente os pulmões, mas pode acometer outros órgãos e sistemas. Tem como principais sintomas tosse por mais de duas semanas, produção de catarro, febre, sudorese, cansaço e dor no peito. A transmissão ocorre pela respiração, por espirros e pela tosse.
Foto: picture-alliance/BSIP/NIAID
Febre Amarela
É uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores. Não há transmissão direta de pessoa para pessoa. Os principais sintomas são início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. No ciclo silvestre, os vetores são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes e, no ciclo urbano, é o Aedes aegypti.
Foto: R. Richter
Coqueluche
É uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis. Se não for tratada, pode levar à morte de bebês menores de seis meses. A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato direto com gotículas eliminadas por tosse, espirro ou fala. No começo, os sintomas são parecidos com os de um resfriado, mas podem evoluir para tosse severa e descontrolada, comprometendo a respiração.
Foto: Imago Images/blickwinkel/McPhoto
Poliomielite
Também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes. Nos casos graves, acontecem paralisias musculares irreversíveis. Devido à intensa vacinação, com a famosa "gotinha", no Brasil não há circulação do vírus desde 1990.