País não registra novos casos da doença há 42 dias, mas deve manter alerta até que epidemia chegue ao fim na Guiné e em Serra Leoa. Surto do vírus matou mais de 11 mil pessoas na África Ocidental.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a Libéria livre de ebola neste sábado (09/05). Há 42 dias o país africano não registra novos casos do vírus, cuja atual epidemia matou mais de 11 mil pessoas na África Ocidental.
"A Libéria está hoje livre de ebola. Comemoramos esta vitória", anunciou o ministro liberiano da Informação, Lewis Brown, na emissora de rádio estatal. A presidente Ellen Johnson Sirleaf disse que, para alguns sobreviventes da epidemia, "levará uma geração para curar a dor e o sofrimento".
No auge do surto do vírus, entre agosto e outubro do ano passado, a Libéria registrava centenas de novos casos por semana. Mais de 4,7 mil pessoas morreram da doença no país. O período de 42 dias sem novas ocorrências corresponde ao dobro do tempo máximo de incubação do vírus.
Os EUA enviaram centenas de soldados ao país africano para ajudar a construir centros de tratamento, o que foi visto como de suma importância na batalha contra a epidemia. Também foi fundamental uma campanha de conscientização lançada pelo governo da Libéria.
Entretanto, a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) pediu que o país continue em alerta até que o surto da doença também chegue ao fim nas vizinhas Guiné e Serra Leoa, onde novos casos ainda foram registrados na última semana.
Mariateresa Cacciapuoti, chefe da missão da MSF na Libéria, disse que o país deve reforçar o controle nas fronteiras. O enviado especial da ONU David Nabarro disse que as autoridades liberianas prometeram manter vigilância máxima por ao menos um ano.
A resposta internacional ao surto de ebola na África Ocidental, que teve início em dezembro de 2013, foi alvo de críticas, sendo considerada muito devagar e ineficiente. A presidente liberiana disse que a pior epidemia do vírus da história é "uma cicatriz na consciência do mundo".
LPF/rtr/ap/dpa
Ebola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção na África
Agora, médicos e enfermeiros da África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.