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OMS eleva alerta de risco do coronavírus para nível máximo

28 de fevereiro de 2020

Ameaça internacional do Sars-CoV-2 vai de "alta" para "muito alta", diante do aumento de infecções e de países afetados. Doença atinge cinco continentes e mais de 50 nações. Casos suspeitos no Brasil sobem para 182.

Pessoas de máscaras olham através de janela em hotel em Tenerife
Diante da propagação da doença pelo mundo, países começam a tomar medidas mais drásticasFoto: Reuters/B. Suarez

A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou nesta sexta-feira (28/02) o risco de propagação global do novo coronavírus de "alto" para "muito alto", o maior nível na escala de alarme da agência. A mudança ocorreu após a confirmação do primeiro caso na África subsaariana, a última região a registrar a infecção.

Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o risco foi elevado devido ao aumento contínuo do número de infecções e de países afetados nos últimos dias. Até o momento, foram detectados fora da China 4.351 casos de Covid-19 em mais de 50 países, com as primeiras infecções na Nigéria, Dinamarca, Estônia, Lituânia, Holanda e México nas últimas 24 horas.

Ghebreyesus disse que esses desenvolvimentos "são claramente preocupantes", mas destacou que "ainda há chances" de se conter o vírus, "se ações robustas forem tomadas para detectar precocemente os casos, isolar e cuidar de pacientes, além de rastrear os contatos".

O risco "muito alto" só havia sido declarado até agora na China, onde houve redução de novos diagnósticos nos últimos três dias. Ghebreyesus disse que, nas últimas 24 horas, a China registrou 329 novas infecções, o menor número em mais de um mês. Por outro lado, "o aumento contínuo de países afetados nos últimos dias é uma preocupação óbvia", o que levou a OMS a aumentar os níveis de risco.

Em particular, o órgão internacional está preocupado com a expansão do surto na Itália, que, segundo Ghebreyesus, exportou 24 casos para 14 países, e no Irã, com 97 casos exportados para 11 países.

"Muitos casos ainda podem estar relacionados a contatos com esses surtos epidêmicos e, por enquanto, não há evidências de que o vírus esteja se espalhando livremente nas comunidades", disse o diretor-geral, acrescentando que, enquanto a situação for esta, ainda há chances de conter a propagação do vírus.

Ghebreyesus lembrou que mais de 20 vacinas contra o vírus Sars-CoV-2 estão sendo desenvolvidas globalmente, e que os testes clínicos de terapias contra doenças e os primeiros resultados são esperados em "poucas semanas".

"Estamos no nível mais alto de alerta e em termos de propagação, mas isso não é para alarmar ou assustar", completou o diretor-executivo do programa de emergências da OMS, Mike Ryan. "As pessoas precisam realmente entender que uma abordagem que inclua todos os governos e todas as sociedades é necessária."

De acordo com a OMS, a epidemia de Covid-19, que teve origem na China, já infectou 83.694 pessoas em 53 países de cinco continentes (todos com exceção da Antártida), das quais morreram 2.861 pacientes. Nesta sexta-feira, o México foi o segundo país da América Latina a registrar casos da doença, e a Nigéria, o primeiro da África subsaariana. Os dois infectados no México, assim como o da Nigéria, estiveram na Itália recentemente.

O Brasil confirmou seu primeiro caso – também o primeiro na América Latina – na última quarta-feira. O paciente é um homem de 61 anos que mora em São Paulo e viajou a trabalho à Itália. Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde informou que o número de casos suspeitos no país aumentou de 132 para 182, a maioria em São Paulo (66), Rio Grande do Sul (27) e Minas Gerais (17).

Diante da propagação da doença pelo mundo, países europeus começam a tomar medidas mais drásticas. A Suíça anunciou a suspensão de todos os eventos com mais de mil participantes até 15 de março. A proibição inclui uma feira internacional do automóvel que ocorreria em Genebra, bailes de Carnaval e shows musicais.

Já a Alemanha cancelou a tradicional feira anual ITB, um importante encontro do setor de turismo internacional, que ocorreria entre 4 e 8 de março em Berlim. Para o evento, eram esperados mais de 10 mil expositores de todo o mundo e mais de 160 mil visitantes.

As primeiras infecções do vírus foram detectadas na cidade chinesa de Wuhan no final do ano passado e remontam a um mercado de animais selvagens e peixes. O surto da doença é causado por um novo tipo de coronavírus, semelhante ao da Sars entre os anos 2002 e 2003, e que também começou na China.

Os sintomas são febre e cansaço, acompanhados de tosse seca e, em muitos casos, dificuldades respiratórias. O vírus pode ter sido transmitido através do contato direto entre humanos e animais, ou simplesmente através do ar.

CN/efe/rtr/afp/ots

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