OMS espera aplicar vacina contra o ebola a partir de janeiro
22 de outubro de 2014
Organização planeja testar duas versões experimentais em 20 mil profissionais da saúde da África Ocidental. Ideia é usar anticorpos contidos no sangue de pacientes que sobreviveram ao vírus.
Voluntário recebe teste de vacina contra ebola no MaliFoto: picture-alliance/dpa/Alex Duval Smith
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) está pressionando por avanços na pesquisa de uma vacina contra o ebola e espera começar a testar duas versões experimentais na África Ocidental em janeiro de 2015.
Nesse primeiro mês, os testes em larga escala deverão ser realizados em mais de 20 mil profissionais da saúde e outros indivíduos dos países mais afetados pela epidemia. O número de vacinações deve se manter nos meses seguintes, disse a porta-voz da OMS, Fadela Chaib, nesta terça-feira (21/10).
O "teste real" na África Ocidental em janeiro será levado adiante somente se, durante os testes clínicos que estão em curso na Europa, África e Estados Unidos, as vacinas se mostrarem seguras e o sistema imunológico dos voluntários tiver uma resposta positiva.
A expectativa é que dados preliminares estejam disponíveis em dezembro. "Ainda há uma possibilidade de dar errado", reconheceu a diretora-geral assistente da OMS, Marie Paule Kieny, em Genebra, nesta terça-feira.
Nas próximas semanas, devem ter início, em países do oeste da África, os testes de medicamentos contra o vírus e a coleta de sangue de sobreviventes da doença para o tratamento de pacientes. A OMS e organizações parceiras estão selecionando centros de tratamento para conduzir os testes, afirmou Kieny.
Segundo a representante da OMS, o projeto que está em andamento na Libéria visa a instalar nas próximas semanas um centro de coleta de sangue de sobreviventes, que será transformado num soro para aplicação em pacientes infectados. Em Serra Leoa e Guiné, os dois outros países mais afetados pelo ebola, os parceiros da OMS estão desenvolvendo centros similares.
Segundo a diretora-geral assistente da OMS, Marie Paule Kieny, a vacina só será aplicada após confirmada sua segurançaFoto: Getty Images
Chamada de soro convalescente, a solução contém anticorpos que, teoricamente, podem ajudar um paciente a superar o vírus. "Esse é um processo que deve levar em conta a segurança do doador, bem como a segurança do receptor", destacou Kieny, citando riscos de infecção para outras doenças transmissíveis pelo sangue, como hepatite e HIV.
O surto na África Ocidental já matou mais de 4.500 pessoas desde que surgiu há dez meses. Especialistas disseram que poderia haver 10 mil novos casos por semana a partir de dezembro, caso as autoridades não tomem medidas adicionais.
NM/ap/dpa
Ebola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção na África
Agora, médicos e enfermeiros da África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.