Estudo eleva previsões de infecções e diz que número de doentes pode quase quadruplicar em Serra Leoa, Libéria e Guiné se medidas corretas não forem tomadas. Nigéria e Senegal conseguem controlar epidemia.
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O número de infectados por ebola no oeste africano, atualmente em 5.800, pode subir para 20 mil até novembro se as medidas adequadas para combater o vírus não forem tomadas, alertou nesta terça-feira (23/09) a Organização Mundial da Sáude (OMS).
A previsão aparece num estudo feito em conjunto pela OMS e a universidade britânica Imperial College London. Até agora, a maior epidemia de ebola da história já matou cerca de 2.800 pessoas, a maioria em Serra Leoa, Libéria e Guiné.
"Sem melhorias drásticas nas medidas de controle, espera-se que o número de casos e mortes por ebola continue a subir em milhares por semana nos próximos meses", diz o estudo.
A novidade trazida pelo estudo está em que, poucas semanas atrás, acreditava-se que os 20 mil casos seriam alcançados apenas entre fevereiro e março do próximo ano, e não em pouco mais de um mês.
O caráter excepcionalmente amplo da atual epidemia se deve, segundo o estudo, às características da população infectada, às condições dos sistemas de saúde e ao fato de os esforços para frear a transmissão terem sido insuficientes até agora.
Os pesquisadores destacam também o fato de os habitantes de Serra Leoa, Libéria e Guiné estarem altamente interconectados; o amplo trânsito além da fronteira no epicentro do surto; as conexões viárias relativamente fáceis entre as cidades; assim como a densidade demográfica nos três países.
Sob controle em dois países
Na segunda-feira, a OMS anunciou que dois dos cinco países afetados pela epidemia, Nigéria e Senegal, estão conseguindo conter o avanço da doença, embora o número total de mortos tenha subido.
"No geral, as epidemias no Senegal e na Nigéria estão praticamente contidas", diz um comunicado do escritório da OMS na África.
O estudo divulgado nesta segunda-feira cita também como fator determinante para que a doença tenha se espalhado os sistemas sanitários precários de Serra Leoa, Libéria e Guiné. E lembra o caso da Nigéria, que, com um melhor sistema de saúde, pôs rapidamente sob controle os casos de infecção.
Um surto separado de ebola, aparentemente não ligado à epidemia do oeste africano, já matou 41 pessoas na República Democrática do Congo. Até 18 de setembro, 68 casos haviam sido relatados no país.
Maior surto de ebola da história
A África enfrenta a pior epidemia de ebola. Não existem medicamentos ou vacina para conter a doença. Perante surto, a Organização Mundial da Saúde liberou o uso de substâncias experimentais em pacientes infectados.
Foto: Reuters
Conhecido desde 1976
O vírus do ebola foi descoberto em 1976 na República Democrática do Congo por uma equipe de pesquisadores da Bélgica. A doença foi batizada com o nome do rio que passa pelo vilarejo onde ela foi identificada pela primeira vez. Desde então, já houve 15 epidemias nos países africanos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Foto: Reuters
Chances mínimas
Há diversas variações do vírus, e apenas algumas causam a febre hemorrágica. Ainda não há vacina ou medicamentos aprovados para combater o ebola. A doença é fatal na maioria dos casos: a taxa de mortalidade é de 90%. O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais.
Foto: AFP/Getty Images
Sintomas
Os sintomas, que aparecem entre 2 e 21 dias após a infecção, são fraqueza, dores de cabeça e musculares, calafrios, falta de apetite, dor de estômago e de garganta, diarreia, vômitos e febre hemorrágica. As principais regiões do corpo afetadas são o aparelho digestivo, o baço e o pulmão.
Foto: picture alliance/AP Photo
Contágio
A transmissão do ebola ocorre apenas através de fluídos corporais, ou seja, deve haver contato direto entre as pessoas ou animais infectados, e também por meio do contato com ambientes contaminados. Ele se propaga, por exemplo, em hospitais, entre enfermeiros e médicos que tratam de pessoas infectadas. Além disso, pode ser transmitido ao se tocar no corpo de pessoas que morreram dessa doença.
Foto: Reuters/Unicef
De animais para humanos
Animais infectados também transmitem a doença. O ebola foi introduzido na população humana através de contato com sangue, secreções, órgãos e fluídos corporais de animais que carregavam o vírus. Morcegos, por exemplo, são hospedeiros do vírus, mas eles não adoecem e podem carregar o ebola consigo até o fim da vida.
Foto: picture-alliance/dpa
Informação é o melhor remédio
Campanhas de esclarecimentos sobre o ebola são fundamentais para conter o avanço da epidemia. A única maneira de evitar uma infecção são medidas preventivas, como melhores condições de higiene nos hospitais, uso de luvas e a quarentena.
Foto: Sia Kambou/AFP/Getty Images
Atual epidemia
Os primeiros casos do atual surto de ebola foram confirmados em março deste ano na Guiné. Desde então, a pior epidemia dessa doença da história já se alastrou por seis países africanos. Casos já foram registrados na Libéria, em Serra Leoa, na Guiné, na Nigéria, na República Democrática do Congo e no Senegal.
Foto: picture-alliance/dpa
Fronteiras fechadas
Os governos de Serra Leoa, Libéria e Nigéria decretaram estado de emergência devido à epidemia. O surto levou alguns países africanos a colocar em quarentena regiões fortemente atingidas pela doença. Além disso, para tentar evitar a propagação da epidemia, países como Guiné, Libéria e Costa do Marfim fecharam suas fronteiras.
Foto: Reuters
Mais de mil mortes
A OMS considerou o atual surto de ebola com o maior e pior da história. Desde março, mais de 3 mil casos da doença já foram confirmados e mais de 1.500 pessoas morrem de ebola. Entretanto, a agência teme que mais de 20 mil pessoas possam ser infectadas até que a epidemia seja controlada.
Foto: DPA
Vida em risco
No atual surto há uma elevada taxa de infecção entre profissionais de saúde que cuidam de pacientes com ebola. Mais de 240 médicos e enfermeiros já foram infectados e mais de 120 morreram. A falta de roupas de proteção e o cansaço após jornadas exaustivas de trabalho são as razões para essas infecções. Alguns deles estão recebendo o tratamento em países europeus e nos Estados Unidos.
Foto: Getty Images/Afp/Seyllou
Medicamentos experimentais
O médico americano Kent Brantly foi tratado nos Estados Unidos com o soro experimental ZMapp. Após três semanas de isolamento ele foi curado. Mas a eficácia desse medicamento é controversa. Um padre espanhol tratado com esse soro não sobreviveu. Perante a gravidade da crise, a OMS aprovou em meados de agosto a utilização de substâncias experimentais contra o ebola.