Temperaturas atípicas para a época do ano também vêm causando quedas de energia, incêndios em aterros sanitários e quebra da safra de trigo. No vizinho Paquistão, há risco de inundações devido ao degelo extremo.
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A forte onda de calor que atinge a Índia matou pelo menos 25 pessoas por insolação desde o fim de março em Maharashtra, estado mais rico do país, cuja capital é Mumbai, informaram autoridades locais.
O número é o mais alto dos últimos cinco anos e considera-se provável que haja mais vítimas de insolação em outras partes do país, à medida que as temperaturas têm ultrapassado os 40 ºC, numa época em que não costuma fazer tanto calor na Índia. Muitas das mortes em Maharashtra ocorreram em áreas rurais.
No estado oriental de Odisha, as autoridades informaram que um homem de 64 anos morreu de insolação em 25 de abril e centenas de outros residentes receberam atendimento médico. Em Subarnapur, o distrito mais quente de Odisha, a temperatura máxima foi de 43,2 ºC nesta terça-feira (03/05).
Os cientistas associaram o início precoce de um verão intenso às mudanças climáticas e dizem que mais de 1 bilhão de habitantes da Índia e do vizinho Paquistão estão, de uma forma ou outra, vulneráveis ao calor extremo.
"Antes do aumento das temperaturas globais, teríamos experimentado o calor que fez na Índia em abril cerca de uma vez a cada 50 anos", explica Mariam Zachariah, do Imperial College, em Londres. Agora, tal evento ocorre a cada quatro anos – e enquanto a emissão de gases de efeito estufa não for sustada, ele ocorrerá com ainda mais frequência, dizem os cientistas.
Quedas de energia
Com chuvas frias de monções previstas apenas para junho e quedas de energia cada vez mais frequentes em algumas partes da Índia, mesmo as famílias mais ricas, que podem comprar aparelhos de ar-condicionado, enfrentam o calor inclemente.
À medida que a demanda por energia aumenta, as empresas geradoras estão enfrentando escassez extrema de carvão, do qual o país é muito dependente. O governo pede que elas intensifiquem as importações.
Quebra na safra de trigo
A Índia é o segundo maior produtor de trigo do mundo, mas o calor intenso também deve diminuir a safra deste ano, após cinco anos consecutivos de recordes.
Nos estados de Punjab, Haryana e Uttar Pradesh, já houve uma queda de 10% a 35% na produção, devido à onda de calor precoce, conforme o jornal The Economic Times.
Março mais quente em 100 anos
A Índia registrou o mês de março mais quente em mais de um século, com a temperatura máxima em todo o país subindo para 33,1 ºC, quase 1,86 ºC acima do normal, de acordo com o Departamento Meteorológico da Índia. Muitas partes do norte, oeste e leste tiveram temperaturas acima de 40°C.
Alguns aterros sanitários pegaram fogo devido ao calor e ao acúmulo de gases, informou o corpo de bombeiros. Na capital, Nova Délhi, o aterro sanitário de Bhalswa – que cobre uma área de mais de 50 campos de futebol e tem uma pilha de detritos mais alta que um prédio de 17 andares – ficou em chamas por dias, cobrindo a área com fumaça tóxica. Algumas escolas tiveram que fechar. Crianças e idosos, em particular, apresentaram problemas respiratórios em razão dos gases, informou a emissora de TV India Today.
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Paquistão alerta para inundações
No Paquistão, país vizinho da Índia, as autoridades alertaram para inundações devido ao rápido derretimento da neve nas montanhas Hindu Kush.
O governo local colocou em alerta a autoridade de defesa civil. De acordo com a ministra de Mudanças Climáticas do Paquistão, Sherry Rehman, a quantidade de chuva em 2022 foi menos da metade da dos anos anteriores.
le (Reuters, ARD)
O poder de destruição da natureza
Água, vento, fogo ou gelo: grandes desastres naturais causam mortes por todo mundo, afetando a vida de milhões de pessoas. Confira algumas das catástrofes naturais registradas no último século.
Foto: Getty Images/AFP/J. Barret
Enchente na China em 1931 pode ter matado até 4 milhões de pessoas
Em 1931, a cheia dos rios Amarelo, Pérolas, Yangtzé e Huai devastou parte da China. A enchente, que durou de julho a novembro, inundou mais de 88 mil km² e deixou outros 21 mil km² parcialmente inundados. Não há registro exato do número de mortos, mas estima-se que de 1 milhão a 4 milhões de pessoas morreram em decorrência da tragédia e de seus efeitos secundários, como a fome.
Foto: picture-alliance/AP Images
Por falta de aviso à população, ciclone mata pelo menos 300 mil em Bangladesh
Em novembro de 1970, o Paquistão Oriental (atual Bangladesh) esteve no caminho do ciclone Bhola. Meteorologistas disseram ter previsto a tempestade, mas que não havia meios de comunicar o risco à população. Como resultado, ao menos 300 mil pessoas morreram – algumas estimativas chegam a meio milhão de mortes. Em 1991, Bangladesh foi atingido por outro ciclone, que deixou cerca de 138 mil mortos.
Foto: Getty Images
Terremoto acaba com cidade na China
A cidade industrial de Tangshan, na China, foi arrasada por um terremoto de magnitude 7,6 em 28 de julho de 1976. Em minutos, a cidade praticamente deixou de existir, com o colapso da maioria dos prédios. O abalo sísmico matou 242 mil pessoas, segundo o governo chinês – o recorde entre os terremotos ocorridos no século 20.
Foto: Imago/Xinhua
Erupção riscou cidade colombiana do mapa
O vulcão Nevado del Ruiz, na Cordilheira dos Andes, riscou do mapa a cidade de Armero, em 13 de novembro de 1985, na Colômbia. Uma erupção provocou um degelo, formando uma avalanche de lama e cinza vulcânica que atingiu um raio de 100 km, matando mais de 23 mil pessoas, entre elas, Omayra Sánchez, de 12 anos, que agonizou por 60 horas em frente às lentes do mundo todo sem possibilidade de resgate.
Foto: AP
Diretor de cinema e equipe soterrados por avalanche
Uma avalanche acima do povoado de Nizhny Karmadon, na Rússia, deixou 127 mortos em 20 de setembro de 2002 – entre eles o ator e diretor russo Serguei Bodrov Jr. e a equipe de 24 pessoas que filmavam no local no momento do desastre. Acredita-se que a tragédia tenha sido causada por um pedaço de uma geleira que se soltou das montanhas do Cáucaso e rolou em direção ao vilarejo.
Foto: AP
Mais de 230 mil mortes um dia depois do Natal
Em 26 de dezembro de 2004, um maremoto no Oceano Índico com intensidade 9.1 na escala Richter causou ondas de até 30 metros de altura, que devastaram regiões de 13 países, deixando quase dois milhões de desabrigados e ao menos 230 mil mortos. Somente na província indonésia de Acé morreram 170 mil pessoas.
Foto: Pornchai Kittiwongsakul/AFP/Getty Images
Furacão rompe barragens e deixa cidade debaixo da água nos EUA
Um dos furacões mais conhecidos da história dos Estados Unidos teve efeitos devastadores em Nova Orleans, na Luisiana. Ocorrido em 2005, o Katrina matou cerca de 1.800 pessoas, fez com que 250 mil perdessem suas casas e provocou danos estimados em cerca de 108 bilhões de dólares. Barragens se romperam, deixando 80% da cidade debaixo da água e arrancando até mesmo caixões das sepulturas.
Foto: AP
Ciclone devasta Myanmar e deixa pelo menos 140 mil mortos
O ciclone Nargis afetou, entre outros países, Índia, Sri Lanka, Laos, Bangladesh e, principalmente, Myanmar com sua fúria de categoria 4, em 2 de maio de 2008. Estatísticas apontam que 140 mil pessoas morreram, mas o número real pode ser próximo de um milhão de vítimas.
Foto: IFRC/dpa/picture alliance
Um terço da população afetada por terremoto no Haiti
Não bastasse ser o país mais pobre da América, em 12 de janeiro de 2010 um terremoto de magnitude 7 na escala Richter destruiu a capital do Haiti, Porto Príncipe, deixando cerca de 220 mil mortos e 1 milhão de desabrigados. Entre as vítimas estava a fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns. Estima-se que 3 milhões de pessoas, quase um terço da população, tenham sido afetadas.
Foto: C. Somodevilla/Getty Images
Enxurrada e deslizamentos matam mais de 900 no Rio de Janeiro
O Brasil não costuma ser assolado por desastres naturais como terremotos e tsunamis. Porém, entre 11 e 12 de janeiro de 2011, uma sequência de chuvas fortes atingiu a região serrana do Rio de Janeiro, causando uma grande enxurrada e vários deslizamentos de terra, com soterramento de casas. O desastre provocou mais de 900 mortes em sete cidades e afetou mais de 300 mil pessoas.
Foto: AP
Tsunami provoca derretimento de reatores e acidente nuclear no Japão
Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9 seguido de um tsunami causou danos devastadores no Japão. A catástrofe matou pelo menos 16 mil pessoas. Na usina nuclear de Fukushima, os núcleos de três dos seis reatores derreteram, causando o pior acidente atômico desde Chernobyl, em 1986. O tsunami fez com que quase 300 espécies marinhas viajassem através do Pacífico até o litoral dos EUA.
Foto: AP
Dezenas de mortos cercados pelo fogo em estrada de Portugal
Uma onda de calor causou vários incêndios em Portugal em junho de 2017. Ao menos 61 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em um deles, que atingiu a vila de Pedrógão Grande. Corpos de 30 pessoas foram encontrados dentro de veículos, em uma estrada que foi cercada pelo fogo. Mais de 800 bombeiros trabalharam para extinguir as chamas, com a ajuda de cinco aviões.
Foto: Reuters/R. Marchante
Onda de calor deixa 70 mil mortos na Europa
Embora os brasileiros estejam acostumas e preparados para temperaturas que frequentemente chegam a 40°C, a Europa não costumava, até alguns anos, enfrentar esse tipo de problema. Mas uma onda de calor atingiu o continente no verão de 2003, provocando a morte de cerca de 70 mil pessoas – na Alemanha foram 7 mil mortes. Na foto acima, o rio Reno em Düsseldorf.