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Onda de violência no mundo árabe preocupa governo alemão

Augusto Valente15 de setembro de 2012

Após ataque a embaixada alemã no Sudão, premiê Angela Merkel se disse preocupada com violência no mundo árabe. Nos estados Unidos, polícia interrogou suposto autor do vídeo que irritou muçulmanos.

Sudanese demonstrators stand in front of the burning German embassy in Khartoum after Friday prayers September 14, 2012. Sudanese demonstrators broke into the U.S. and German embassy compounds in Khartoum and raised Islamic flags on Friday in state-backed protests against a film that insults the Prophet Mohammad, witnesses said. REUTERS/Mohamed Nureldin Abdallah (SUDAN - Tags: POLITICS RELIGION CIVIL UNREST)
Proteste Anti Islam Video Film Mohammed Karthum SudanFoto: Reuters

Berlim condenou de forma severa o ataque à embaixada alemã em Cartum. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, expressou neste sábado (15/09) sua "profunda preocupação" com a "violência em curso no mundo árabe", acrescentando que "violência jamais deve ser aceita como um meio de debate político" e que "fanatismo religioso não deve prevalecer".

"Condeno com toda a severidade os ataques à embaixada da Alemanha em Cartum, assim como a várias embaixadas norte-americanas", disse Merkel. Ela exortou todas as partes a retornarem à calma e apelou aos governos dos estados árabes para que façam todo o possível para garantir a segurança das representações diplomáticas.

Ministro do Exterior alemão, Guido WesterwelleFoto: dapd

O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, condenou novamente o polêmico Innocence of Muslims, filme tido como o estopim para as manifestações. Em entrevista à televisão estatal alemã, classificou-o como "um insulto a milhões de pessoas", embora ponderando que nem mesmo um vídeo tolo e horrível assim justifica a violência.

Ataque programado

Ele também confirmou relatos de que a manifestação em frente à embaixada já vinha se delineando há dias, ressaltando que seu ministério já monitorava a situação há algum tempo e que estava preparado. A embaixada, localizada na capital do Sudão, Cartum, não estava ocupada no momento do ataque, de modo que nenhum dos funcionários foi ferido.

A maior autoridade religiosa no Sudão criticou o Tribunal Administrativo de Berlim ter considerado legítimas, manifestações de extremistas de direita com caricaturas do profeta Maomé em frente a mesquitas.

Westerwelle convocou o embaixador do Sudão para prestar esclarecimentos e falou por telefone com seu homólogo sudanês, Ali Kasti, que lhe garantiu que futuramente a segurança da embaixada seria garantida.

Nakoula protege o rosto no momento em que policiais o levavam para interrogatórioFoto: Reuters

Interrogado diretor de filme ofensivo

A polícia interrogou neste sábado, na Califórnia, o suposto autor do vídeo que provocou fortes protestos no mundo muçulmano. Nakoula Basseley Nakoula foi levado de sua casa, em Cerritos, na Califórnia, à delegacia em Los Angeles, mas não foi nem preso nem detido, segundo a polícia. A TV CNN noticiou que ele seria cristão copta de origem egípcia, e que acompanhou voluntariamente os policiais até a delegacia, onde permaneceu várias horas.

Nesta semana, um homem que se identificara como Sam Bacile deu entrevistas à mídia norte-americana afirmando ser cidadão americano e israelense e que havia feito o filme. Acredita-se tratar-se de um dos pseudônimos usados por Nakoula.

Nakoula, de 55 anos, tem antecedentes criminais, de acordo com a mídia norte-americana. Em 2010, foi condenado a 21 meses de prisão por fraude bancária, mas saiu da cadeia depois de cumprir um ano, e estava proibido de acessar a internet sem autorização policial, por um prazo de cinco anos. Será investigado se Nakoula infringiu essa condição de sua liberdade condicional.

Segundo o jornal The New York Times, o filme, que apresenta o profeta Maomé como um homem mulherengo, pedófilo, homossexual e violento, foi rodado no verão de 2011 perto de Los Angeles. Não está claro que papel Nakoula teve durante a produção do filme. Alguns meios de comunicação norte-americanos afirmam que ele foi o diretor, segundo outros, ele seria "o cérebro que orquestrou tudo".

MD/afp/dapd/dpa/rtr
Revisão: Augusto Valente

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