Eleição de Lula se soma a uma série de vitórias progressistas na região. Governos têm menos semelhanças entre si e enfrentam contexto global mais desfavorável do que na "onda rosa" da virada do século.
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A vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo (30/10) é a mais recente de uma série de eleições presidenciais com resultado positivo para a esquerda na América Latina, que traz à tona lembranças da onda rosa que atingiu a região há duas décadas – mas há diferenças cruciais entre esses dois momentos e o contexto atual é mais fragmentado e desafiador, segundo especialistas ouvidos pela DW.
No ano passado, Pedro Castillovenceu no Peru e Gabriel Boric, no Chile. Neste ano, Gustavo Petro também tornou-se o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia.
Somente Uruguai, Paraguai, Equador e Guatemala são comandados hoje por líderes de direita na região. Entre os países liderados pela esquerda, vale lembrar que há três governos autoritários ou ditatoriais: Nicarágua, Venezuela e Cuba.
A preocupação em aproveitar essa onda de esquerda para fortalecer pontes com os países da América Latina foi mencionada por Lula nos últimos dias da sua campanha. Em artigo publicado neste domingo no site Poder360, ele afirma que fortalecerá o Mercosul e "relançará" a integração regional. Em seu último ato de campanha, uma carreta na Avenida Paulista no sábado, ele estava acompanhado do ex-presidente uruguaio José Mujica, um símbolo para a esquerda na região.
Os desafios para os presidentes progressistas na América Latina conseguirem entregar resultados aos seus eleitores e coordenarem iniciativas conjuntamente, porém, são muito diversos dos da virada do século. Entenda algumas das diferenças:
Esquerda mais heterogênea
Os partidos que protagonizaram a "onda rosa" há vinte anos tinham uma identidade maior entre si do que os de hoje, afirma Pedro Brites, professor da Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas.
Aqueles presidentes haviam sido eleitos após governos de orientação neoliberal terem liderado os países da América Latina na década de 1990, e tinham como elemento propulsor de suas campanhas a crítica ao modelo de globalização orientado pelo chamado Consenso de Washington.
Agora, embora ainda haja algumas perspectivas similares entre os presidentes de perfil progressista, "os contextos domésticos me parecem mais definidores do que um processo regional", diz.
Ele cita o próprio Brasil como um exemplo, onde a vitória de Lula foi "muito mais uma resposta às dificuldades domésticas" e a um movimento amplo de defesa da democracia do que um reflexo do cenário regional latino-americano.
Na Colômbia, houve a particularidade da chegada inédita da esquerda ao poder após o sucesso do processo de paz, e no Peru um processo "muito característico" que teve como um dos elementos o fator identitário em função do eleito ter origem camponesa.
Brites pontua também que, na virada do século, as forças de esquerda tinham como identidade principal sua ligação com o movimento dos trabalhadores e a crítica à relação entre capital e trabalho, enquanto agora outras pautas se ressaltam, como a defesa do meio ambiente e os interesses dos povos originários.
Devido à heterogeneidade entre os processos de cada país, Brites prefere não chamar o processo atual de nova onda rosa. A mesma avaliação é feita por Alexandre Fuccile, professor de relações internacionais da Universidade Estadual de São Paulo. Para ele, trata-se de um fenômeno "substancialmente diferente" do ocorrido na virada do século.
Ele acrescenta que, como se tratam de países presidencialistas, a correlação de forças entre Executivo e Legislativo de cada país acaba influenciando a linha dos presidentes. "A negociação com o Congresso é fundamental para definir se esses governos serão mais vermelhos ou de tom mais rosáceo", diz.
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Refluxo da globalização
O cenário global também mudou bastante. Há vinte anos, o mundo vivia um otimismo com a globalização. A China havia sido admitida na Organização Mundial do Comércio (OMC) em dezembro de 2001, e sua forte demanda por matérias-primas e alimentos elevou o preço das commodities e beneficiou países da América Latina, com reflexos na qualidade de vida de seus cidadãos.
As instituições internacionais também viviam um bom momento, diz Brites, o que levou os países da América Latina a pensarem sua política externa a partir da premissa de que construir uma maior integração regional – como com a criação da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) em 2008 – daria a eles mais espaço e capacidade de atuação no plano internacional.
"Hoje esse contexto é muito mais adverso, porque o próprio multilateralismo está em crise", afirma Brites. Até os Estados Unidos, fiadores dessa ordem mundial, desvalorizaram a atuação da OMC, da Organização das Nações Unidas e da Organização Mundial de Saúde durante o governo de Donald Trump.
Para piorar, há um cenário mais conflituoso entre as grandes potências, como a guerra tecnológica entre Estados Unidos e China e a invasão da Ucrânia pela Rússia, que colocou Moscou em choque com o Ocidente. Há ainda um crescente questionamento em países importantes sobre os benefícios da integração global de suas cadeias de valor. "Para os países que não são grandes potências, diminuiu a capacidade de barganha e atuação no plano internacional", diz Brites.
"Talvez a própria região [da América Latina] seja uma resposta para isso, talvez construir laços regionais seja uma alternativa. Mas isso não se faz de uma hora para outra, e enfrenta desafios como a desconfiança da população", afirma.
Menor coesão social
Outro aspecto que diferencia esses dois momentos é uma maior polarização das sociedades no momento atual, com eleições vencidas por margens muito estreitas e alternâncias mais rápidas de poder.
"As clivagens sociais estão mais evidentes, não houve um processo de criação de consensos e um maior alinhamento em torno de um projeto de sociedade", diz Brites.
No Brasil, Lula venceu com 50,8% dos votos válidos. No Peru, Castillo teve 50,12% dos votos válidos, e na Colômbia, Petro recebeu 51,6% dos votos válidos. Boric teve uma margem um pouco maior no Chile, com 55,87% dos votos válidos, mas sofreu uma derrota significativa menos de um ano depois no referendo no qual 78,28% da população rejeitou a proposta de nova Constituição.
"[Na onda rosa], esses governos conseguiram se estabelecer por algum tempo. Atualmente tem sido mais difícil mediar e conseguir construir projetos ambiciosos, seja do ponto de vista doméstico como internacional", diz Brites.
Pandemia ampliou desigualdades
Fuccile também aponta que os governos progressistas eleitos recentemente herdaram uma situação de exclusão social ampliada pela pandemia de covid-19, que "atingiu desigualmente os desiguais".
Ele chama atenção para a perda educacional enfrentada pelos alunos de escolas públicas nos países latino-americanos, que em geral responderam de forma "muito tímida" ao fechamento das escolas e deixaram "muitas sequelas" no desenvolvimento futuro dessa geração.
Fuccile lembra ainda que o atual desafio de promover crescimento econômico com inclusão social não poderá contar tanto com o superciclo de commodities que beneficiou a América Latina há vinte anos. Apesar de o preço das matérias-primas e de alimentos terem subido no mercado mundial neste ano, especialistas apontam que esse ciclo será menos intenso e duradouro do que o da virada do século.
A trajetória política de Lula
Das greves no ABC à Presidência. Da condenação pela Lava Jato ao terceiro mandato. Os principais momentos políticos na vida de Luiz Inácio Lula da Silva.
Foto: Getty Images/AFP/C. Petroli
Lula e as greves do ABC
Em 1975, Lula foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e ganhou projeção nacional ao liderar uma série de greves no final da década. Em 1980, foi preso e processado com base na Lei de Segurança Nacional após comandar uma paralisação que durou 41 dias. Lula ficou 31 dias no cárcere do Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social).
Foto: Instituto Lula
Fundação do PT
Em 10 de fevereiro de 1980, pouco antes de ser preso, Lula ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) com apoio de intelectuais e sindicalistas. Em maio do mesmo ano, ao sair do cárcere, foi eleito o primeiro presidente do partido. O pernambucano, então, ingressaria de vez na política: em 1982, concorreu ao governo de São Paulo e, em 1986, foi eleito deputado constituinte.
Foto: Getty Images/AFP/C. Petroli
A campanha de 1989
O PT lançou a candidatura de Lula nas primeiras eleições presidenciais diretas após o fim do regime militar. Com uma imagem de operário e um discurso de esquerda, Lula provocou temor em vários setores da economia, que se alinharam ao candidato Fernando Collor. O petista foi derrotado no segundo turno, depois de uma campanha que envolveu acusações de manipulação da imprensa a favor de Collor.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Gostoli
A campanha de 1994
No embalo das primeiras denúncias de irregularidades no governo Collor, Lula lançou, em 1992, o movimento "Fora Collor" em apoio ao impeachment. Em 1994, concorreu novamente à Presidência, com Aloizio Mercadante como vice, mas foi derrotado no primeiro turno por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), lançado como "pai do Plano Real". O PT, por outro lado, elegia seus primeiros governadores (DF e ES).
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A campanha de 1998
Em 1998, Lula sofreu uma de suas piores derrotas eleitorais. À época, o petista teve como candidato a vice o ex-governador Leonel Brizola (PDT), um dos seus rivais na eleição de 1989 e com quem disputava a hegemonia na esquerda brasileira. A fórmula não deu certo. Lula obteve só 31% dos votos, e o então presidente Fernando Henrique Cardoso foi reeleito com 53% no primeiro turno.
Foto: picture alliance/AP Photo/R. Gostoli
A posse de Lula
O eterno candidato do PT finalmente assumiu a Presidência em janeiro de 2003, após oito anos de governo do PSDB. Lula foi eleito com 61% dos votos válidos no segundo turno. A vitória foi alcançada após uma campanha que vendeu uma imagem mais moderada do petista – simbolizada no slogan "Lulinha paz e amor" – com o objetivo de acalmar os mercados e ampliar o eleitorado do partido.
Foto: O. Kissner/AFP/Getty Images
Economia em alta
Após as turbulências no final do governo Fernando Henrique Cardoso, a economia brasileira voltou a crescer com Lula, embalada sobretudo pelo boom das commodities. Foi o período da descoberta do pré-sal e investimentos em grandes obras de infraestrutura. O crescimento médio do PIB no segundo mandato chegou a 4,6%. O bom momento catapultou a popularidade de Lula, que chegou a 87% no final de 2010.
Foto: AP
Queda na desigualdade
Os programas sociais lançados por Lula, como Minha Casa, Minha Vida e ProUni, também contribuíram para a popularidade do presidente. O Bolsa Família, criado em 2004 a partir da unificação de outros programas de transferência de renda, se tornaria o carro-chefe. Quase 28 milhões de brasileiros saíram da zona de pobreza nos oito anos do governo Lula, afirmou um balanço em 2010.
Foto: Vanderlei Almeida/AFP/Getty Images
O escândalo do mensalão
Em 2005, o governo Lula foi atingido em cheio pelo escândalo de compra de votos de deputados, o mensalão. Apesar do desgaste, Lula sobreviveu à crise. Outros, como o ministro José Dirceu, uma das figuras fortes do governo, caíram em desgraça. No início, Lula afirmou que assessores o haviam "apunhalado", mas depois mudou o discurso e disse que o caso era uma invenção da oposição e da imprensa.
Foto: picture alliance / dpa / picture-alliance
A eleição de Dilma
Em 2007, logo após ser reeleito com mais de 60% dos votos, Lula começou a preparar o terreno para a sua sucessão. Como sucessora, ele escolheu a sua então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, uma tecnocrata sem experiência nas urnas. Nos três anos seguintes, Lula promoveu a imagem de Dilma junto aos brasileiros. A estratégia funcionou, e ela foi eleita em 2010.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC
Prestígio mundial
Durante a Presidência, Lula gozou de prestígio mundial e se reuniu com os mais importantes chefes de Estado do planeta. Em abril de 2009, em um encontro do G20, o presidente dos EUA na época, Barack Obama, cumprimentou o colega e disse: "Adoro esse cara! O político mais popular da Terra". No mesmo ano, Lula apareceu em 33º lugar na lista das pessoas mais poderosas do mundo da revista Forbes.
Foto: AP
Luta contra o câncer
Em outubro de 2011, Lula foi diagnosticado com câncer na laringe, sendo submetido a um agressivo tratamento – pela primeira vez desde 1979, ele aparecia sem a barba. Exames apontaram a remissão completa do tumor cerca de cinco meses depois, e Lula voltou a se engajar nas campanhas do PT. Uma das grandes vitórias eleitorais de 2012 foi a de Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo.
Foto: AFP/Getty Images
Lula e a Lava Jato
Em março de 2016, Lula foi alvo de um mandado de condução coercitiva na Operação Lava Jato, que investigou escândalos de corrupção na Petrobras. O ex-presidente foi levado para depor sobre um sítio em Atibaia, um triplex no Guarujá e sua relação com empreiteiras investigadas na Lava Jato. No mesmo dia, a PF cumpriu mandados em residências do petista e de sua família, além do Instituto Lula.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Réu em diferentes processos
Nos meses seguintes, Lula foi denunciado por uma série de crimes, como corrupção passiva, lavagem de dinheiro, obstrução da Justiça e tráfico de influência, tornando-se réu em cinco processos diferentes. O petista sempre desmentiu as acusações, negou a prática de crimes e disse ser vítima de perseguição política. Ele também negou ser proprietário dos imóveis investigados.
Foto: picture-alliance/abaca
Morre Marisa Letícia
Em fevereiro de 2017, morreu a ex-primeira-dama Marisa Letícia. Lula e Marisa se conheceram em 1973, no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo. Ela esteve ao lado do marido durante a sua ascensão política, desde os tempos do sindicato, quando liderou passeata em apoio a sindicalistas presos, passando pela fundação do PT, costurando a primeira bandeira do partido, até a Presidência.
Foto: Reuters/N. Doce
Caravana pelo país
Visando uma nova candidatura à Presidência no ano seguinte, Lula começou em 2017 uma caravana pelo Brasil que reuniu milhares de pessoas. Em junho de 2018, o PT confirmou sua pré-candidatura, mesmo com ele já preso. Em agosto, o Tribunal Superior Eleitoral impediu que ele concorresse. Como sucessor, Lula escolheu Fernando Haddad, que chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Jair Bolsonaro.
Foto: Ricardo Stukert /Instituto Lula
Lula é condenado
Lula foi condenado pela primeira vez em 12 de julho de 2017. A sentença do juiz Sergio Moro determinou 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, ligados ao triplex no Guarujá. O TRF-4 confirmou a condenação em segunda instância, além de aumentar a pena para 12 anos e um mês de prisão. Foi a primeira condenação de um ex-presidente por corrupção no Brasil.
Foto: Abr
Derrota no STF
Por 6 votos a 5, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram, em 4 de abril de 2018, um pedido de habeas corpus preventivo apresentado pela defesa de Lula para evitar uma eventual prisão após o fim dos recursos na segunda instância da Justiça Federal. Manifestantes contrários e a favor de Lula foram às ruas por ocasião do julgamento.
Foto: picture alliance/AP Photo/S. Izquierdo
Lula se entrega à PF
Em 7 de abril de 2018, Lula se entregou à Polícia Federal, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, após ordem de prisão expedida por Sergio Moro. Antes de se entregar, Lula fez um discurso acalorado aos apoiadores. De Congonhas, Lula partiu de avião para Curitiba, onde começou a cumprir sua pena.
Foto: Paulo Pinto/Instituto Lula
Vigília em frente à PF em Curitiba
Depois da prisão de Lula, apoiadores do ex-presidente revezaram-se em um acampamento em frente à Polícia Federal de Curitiba, onde ele permaneceu preso. O local recebeu constantes visitas de políticos e de artistas, do Brasil e do exterior. Apoiadores também realizaram caravanas pelo país, com o slogan "Lula Livre". Em fevereiro de 2019, Lula também foi condenado no caso do sítio em Atibaia.
Foto: Ricardo Stuckert
Solto após 19 meses na prisão
Lula deixou a prisão em 8 de novembro de 2019, depois de passar um ano e sete meses na sede da Polícia Federal em Curitiba. A soltura ocorreu após o STF derrubar uma decisão que autorizava a prisão em segunda instância, beneficiando diretamente o petista, que passou a recorrer em liberdade. Após deixar a prisão, Lula fez um discurso para apoiadores repleto de críticas à Lava Jato.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Correa
Supremo anula condenações
Após o fim da prisão, a campanha "Lula Livre" focou na anulação de suas condenações. Os advogados do petista recorreram até o Supremo, alegando que ele era vítima de perseguição judicial. Em abril de 2021, o plenário do Supremo concluiu que Moro não era o juiz competente para atuar nos processos do petista, e dois meses depois decidiu que Moro era parcial. As condenações de Lula foram anuladas.
Foto: Alexandre Schneider/Getty Images
Uma aliança inesperada
A preparação da sexta campanha presidencial de Lula envolveu uma costura política inusitada. O petista e aliados articularam para ter como vice o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que foi filiado ao PSDB por 33 anos e era seu antigo adversário. A aproximação teve o objetivo de atrair o voto conservador e vingou: em abril de 2022, o PSB, novo partido de Alckmin, confirmou sua indicação.
Foto: Ricardo Stuckert/AFP
Em busca do voto anti-Bolsonaro
Lula lançou sua pré-candidatura em maio de 2022, defendendo a união de pessoas de orientações políticas variadas contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. No evento, Alckmin prometeu lealdade, disse que o futuro do Brasil "está em jogo" e foi aplaudido pelos petistas.
Foto: NELSON ALMEIDA/AFP
Triunfo na busca por terceiro mandato
Após uma das campanhas mais tensas da história brasileira, Lula conquistou novamente a Presidência. Com apoio de uma frente ampla que reuniu forças de centro e antigos adversários, o petista impôs uma derrota inconteste sobre o extremista de direita Jair Bolsonaro. Aos 77 anos, Lula se tornou o político mais velho a conquistar o Planalto.